Ambição

Afinal, como a Netflix faz dinheiro?

Estratégia da empresa tem sido contrair dívidas consideradas impagáveis para colher lá na frente

Sede da Netflix em Los Gatos, na Califórnia
Por Thiago Forato

Publicado em 16/03/2019 às 10:37:34

A Netflix é a líder indiscutível no streaming de vídeo. A empresa que começou como locadora de DVDs por correio criou uma plataforma moderna como conhecemos e construiu uma audiência sólida. Mais de 50% dos lares nos Estados Unidos têm o serviço.

Sem depender de anúncios para aumentar sua renda, ao contrário de concorrentes, como ela consegue ganhar dinheiro?

Somente em 2018, a Netflix fez US$ 16 bilhões em receita, um aumento de 35% em relação ao ano anterior. A plataforma também teve um lucro de US$ 1,2 bilhão em 2018, o dobro de 2017.

Ao todo, cerca de 140 milhões de usuários pagam entre US$ 8 e US$ 16 à Netflix. Dentre as razões, a principal delas é o conteúdo original e o catálogo vasto.

A empresa estima que cerca de 80 milhões de família assistiram a "Bird Box" (foto/abaixo), por exemplo, nas quatro primeiras semanas após seu lançamento.

O investimento é pesado: em 2018, foram US$ 12 bilhões injetados, acima dos US$ 9 bilhões em 2017. Neste ano, serão aproximadamente US$ 15 bilhões.

Embora a Netflix seja lucrativa com base no fluxo de caixa, esse gasto de conteúdo realmente torna a conta bancária dela negativa, já que em 2018 ela teve um fluxo negativo de US$ 3 bilhões.

A gigante vem assumindo dívidas para construir sua biblioteca de conteúdo original. O objetivo é escalonar o gasto ao longo do tempo, a medida que o catálogo se torne tão grande a ponto que até mesmo os ávidos observadores não consigam mais passar por tudo.

É uma estratégia ousada, mas que até agora está funcionando.

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De tal modo, em termos mais simplistas, a Netflix não está ganhando dinheiro, e sim perdendo, contraindo dívidas estratosféricas, bilionárias, pensando em um futuro a longo prazo.

O streaming, em relatórios, denomina seus altos gastos para "fins corporativos em geral", como pagamento de licenças, investimentos e transações estratégicas.

Na próxima década, a meta é ter 50% de conteúdo próprio. E a Netflix não se importará em contrair dívidas ainda mais robustas.

O que para muitos pode parecer impagável, para a Netflix ter uma dívida desse tamanho é justamente a receita para pagá-la: tendo produtos consumidos no catálogo.

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