Uma pena

Beth Goulart fala sobre afastamento das novelas e critica etarismo: "Uma pena"

Aos 63 anos, a atriz participou de uma novela pela última vez em 2021, na Record

Beth Goulart está afastada das novelas - Foto: Reprodução/Instagram
Por João Paulo Dell Santo

Publicado em 07/12/2024 às 19:25:00,
atualizado em 07/12/2024 às 19:38:27

Longe das novelas desde Gênesis (2021), na Record, Beth Goulart é sabidamente uma das maiores atrizes do país, mas os convites para os folhetins pararam de chegar - seu último papel na Globo, por exemplo, foi em Três Irmãs (2008).

"A televisão leva a gente para dentro da casa das pessoas. Acho que ainda é a grande paixão dos brasileiros. Espero que a gente não perca isso, é muito forte essa comunicação. Mas não depende de mim. Eu vou cumprindo com a maior alegria do mundo cada passo do meu caminho. Se acontecer um convite, se for uma coisa boa, estarei sempre aberta, será sempre um prazer voltar", declarou Beth Goulart em entrevista à coluna Play, do jornal O Globo.

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A atriz, que está com 63 anos, analisou a questão do etarismo. "A televisão está passando por uma transformação muito rápida, que também tem a ver com os streamings, as séries, um tipo de linguagem que talvez queira atingir um público mais jovem. Por conta desse objetivo, talvez tenham diminuído a idade dos personagens, o que é uma pena porque na verdade a população está envelhecendo. Seria uma oportunidade maravilhosa de incluir na dramaturgia personagens que pudessem, sim, falar um pouco mais sobre esse processo, seria uma atitude inclusiva", afirmou.

"É uma coisa que você não tem como controlar. O tempo irá passar, e as transformações acontecerão. Você vai ver cada vez mais ruguinhas aparecendo, o corpo vai ficando de uma forma diferente, mas o importante é manter a saúde, o bem-estar. Saber envelhecer bem é um processo. É importante cuidar da saúde física, mental, emocional e espiritual, e também da alimentação. Fazer exercícios físicos e para o cérebro, ler bastante, ir ao cinema, ouvir música... Dormir bem é fundamental. Se você tem isso, você tem saúde, se você tem saúde, você tem bem-estar, se você tem bem-estar, você consegue enfrentar as diferenças de cada fase de uma maneira positiva", aconselhou.

"Não adianta querer reter o tempo, você não vai conseguir. Você jamais terá o mesmo rosto e o mesmo corpo de quando tinha 20 anos, aceita que é mais fácil (risos). Antes, aos 60 anos, as pessoas já enxergavam como o fim da vida. Agora isso acontece aos 90. Nós temos 30 anos a mais. Eu vou ficar 30 anos esperando para morrer? Deus me livre! Eu vou ter 30 anos de atividade, de alegria, de troca com o mundo", disse Beth Goulart.

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No papo, Beth Goulart falou sobre o seu segundo livro, O que Transforma a Gente? Breves Reflexões para Mudanças Profundas, lançado este mês. "Este segundo livro surgiu, na verdade, na metade do primeiro, 'Viver é uma Arte: Transformando a Dor em Palavras'. Foi muito forte, porque aconteceu em cima de uma perda muito grande. No processo, eu também pensei um pouco na transformação que as mortes nos causam. Nós estamos vivendo um processo de transformação tão profundo no mundo, no planeta, na humanidade... Eu quis dividir com as pessoas um pouco sobre isso", revelou, citando a recente perda da mãe, Nicette Bruno (1993-2020).

"Eu falo dos processos individuais que nos marcam, como nascimentos e mortes, a perda de um trabalho, a perda da saúde e da juventude. A palavra-chave de todo o livro é consciência. Tudo vai mudar, você querendo ou não. A mudança acontece todos os dias, mas transformação exige de você uma escolha, uma consciência sobre o que quer fazer", explicou.

"Eu e mamãe fomos convidadas para escrever sobre o processo da morte do meu pai (o ator Paulo Goulart, em 2014). Quando nós começamos, ela pegou Covid-19 e partiu. Então, foi um susto e ao mesmo tempo um chamamento para que eu escrevesse o livro sozinha. Eu tive que escrever sobre as duas perdas, e foi muito intenso para mim. Mas me ajudou demais e ajudou bastante gente. A perda da mamãe foi coletiva, muita gente estava perdendo parentes naquele momento. Ela representava alguém amado. As pessoas tiveram a sensação de perder alguém querido com a morte dela, como se fosse alguém da família", lembrou Beth.

"A morte é o fim deste ciclo, mas um outro se iniciará em uma dimensão espiritual. Eu não enxergo meus pais como acabados, mas como transformados. É claro que a ausência deles é para sempre, e eu vou sentir essa falta para sempre. Mas a dor intensa da perda acontece mais no primeiro ano do luto. Depois você vai se desapegando, e vão ficando só as memórias boas, os aprendizados, as risadas, os momentos de intimidade. Eles vivem dentro de mim", refletiu.

"Eu converso com meus pais todos os dias. Eles não respondem, mas não precisa. Eu gosto de vê-los nas novelas, mato a saudade. Fico pensando: 'Ah que trabalho lindo'. Eu tenho na garagem uma foto dela enorme, eu passo e falo: 'Oi, mãe, bom dia'. Meus pais eram figuras alegres, positivas, acreditavam na espiritualidade, na força do amor. Então, não tem por que eu ficar no peso da dor. Foi necessário, senti, mas passou", concluiu a atriz.



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