Entrevista exclusiva

Isabel Teixeira comenta fim de Helena em Elas por Elas e define futuro na TV

"Vilã de novela é um patrimônio nacional", diz a atriz; ela revela inspirações para a personagem que se despede na sexta-feira (12)

"Vivi um mergulho em muitas novelas a que assisti", diz Isabel Teixeira sobre composição de vilã em Elas por Elas - Foto: Jorge Bispo/Divulgação
Por Walter Felix

Publicado em 10/04/2024 às 05:50:00

Isabel Teixeira abraçou de vez as novelas. É com afeto, entusiasmo e um sentimento de dever cumprido que ela comenta, nesta entrevista exclusiva ao NaTelinha, o fim de Helena, a vilã de Elas por Elas que se despede na sexta-feira (12). Com 40 anos de carreira no teatro, a atriz conta que a teledramaturgia é sua “nova paixão”, com quem pretende manter uma relação profícua e duradoura.

Para encarar sua primeira vilã na TV, as inspirações de Isabel Teixeira foram muitas: “Vivi um mergulho em muitas novelas a que assisti. Odete Roitman [Beatriz Segall em Vale Tudo, 1988] é um ícone. A Branca [Susana Vieira em Por Amor, 1997] era outra personagem que me prendia”. Ela cita ainda Filomena Ferreto (Aracy Balabanian), de A Próxima Vítima (1995), e Bia Falcão (Fernanda Montenegro), de Belíssima (2005).

“Eu estava muito ligada nas vilãs de novela, porque Elas por Elas bebe na fonte da novela raiz, tradicional. O jeito que a Amora [Mautner, diretora artística] fez, com boca de cena, é menos cinematográfico e mais teledramaturgia mesmo. Foi uma obra aberta, com gravação de muitas cenas por dia, o que eu estava muito a fim de fazer.”

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Outras referências vieram da literatura, do teatro e do cinema. Como a personagem vivida por Kathy Bates no filme Louca Obsessão (1990), que mantém em cativeiro a vítima de sua obsessão – assim como Helena fez com Jonas (Mateus Solano) por alguns capítulos. “O tempo inteiro, as minhas antenas estavam ligadas”, comenta Isabel.

“Sou uma atriz e uma criadora que trabalha muito com referências. A obra aberta faz com que a gente esteja sempre atento e vivo. É uma construção que não termina. E eu sou obcecada pela construção do personagem. No teatro, chega uma hora que você vai viver, no dia a dia, a repetição do personagem. Na novela, tem sempre alguma coisa para criar, para acontecer.”

As reações do público também contribuíram para a criação: “A partir de um determinado momento da novela, eu fui mais parada na rua do que com qualquer outro trabalho que eu tenha feito na televisão. E as perguntas eram sempre: ‘O que vai acontecer, hein?!’”.

Com o fim das gravações, Isabel deixou o Rio de Janeiro e voltou para São Paulo, sua terra natal. “De mudança, carregando caixas, cruzei com uma pessoa que me perguntou qual seria o fim da novela (risos)”, compartilha a atriz. A boa repercussão também é percebida nas redes sociais:

“Há o ódio e ao mesmo tempo a celebração da vilã. Estou sentindo que vilã de novela é um patrimônio nacional. Está sendo um aprendizado muito grande tentar dominar todos esses instrumentos para compor.”

Isabel Teixeira não revela o que acontecerá, mas diz ter amado desfecho de Helena

O desfecho de Elas por Elas é sigiloso, mas Isabel Teixeira antecipa: “Eu amei o final da Helena! A expectativa com o que vai acontecer também é um instrumento de composição. Foi muito legal estar aberta e porosa para receber os destinos da personagem. Nunca quero preparar para onde ela vai, porque a surpresa faz parte da brincadeira de fazer televisão”.

“É como se você estivesse no meio de uma grande tormenta, com muito movimento. Se você se enrijece todo e fica querendo ir para um determinado lugar, acaba se machucando. Você precisa se deixar levar e aceitar o que está acontecendo, não no sentido de se submeter, mas de saber compor com aquilo.”

Ela se emociona ao fazer um balanço da novela. “A última semana de gravação foi intensa para mim, e eu amei cada segundo! Sabe quando você está na plenitude do que escolheu fazer, e dá tudo certo?! Eu só pensava em me cuidar para estar com o corpo, a energia e a disposição lá em cima. E consegui cumprir o destino da Helena.”

Na imprensa, alguns desfechos são especulados. O mais provável é que, enlouquecida, Helena termine seus dias em um sanatório. A atriz mantém o segredo e cita Lulu Santos: “Não leve o personagem pra cama, pode acabar sendo fatal”. Isso porque já se despediu da megera – as gravações chegaram ao fim no último sábado (6):

“Terminou a novela, tirei a roupa e não olho mais para trás. Não levo nada da personagem, nem lembrancinha nem nada. Corto o fio e desapego rapidinho, porque adoro começar. Adoro fechar um ciclo porque sei que outro estará começando. Isso é o que me faz viva. Então, sem sofrimento!”

Sucesso como Maria Bruaca não assustou a atriz: "Não tive medo de ficar marcada"

A vilã de Elas por Elas é o extremo oposto da Maria Bruaca, papel anterior da atriz, que fez o maior sucesso em Pantanal (2022). “Acho que fiquei um pouco marcada para o público, mas sou uma atriz diversa, de composição. O público pode até ter se assustado ou se encantado com a diferença [entre Helena e a personagem anterior], mas sempre trabalhei assim. É que agora estou atingindo mais gente.”

A popularidade alcançada em Pantanal não assustou a intérprete. “Não tive medo de ficar marcada, não. Que bom se eu fiquei marcada pela Maria Bruaca para algumas pessoas, porque é uma personagem tão importante, principalmente pela conscientização do feminino dentro da nossa sociedade. Agradeço, porque foi realmente muito forte.”

O papel lhe trouxe seguidores apaixonados e vários fã-clubes. “Um ídolo faz com que você veja algo que existe em você próprio. Acho muito legal ser o canal disso. Gosto desse público que se corresponde comigo, que me acompanha pelo meu trabalho, que é o que eu posso dar de melhor para eles.”

Continuar na TV é um desejo da artista, que também tem projetos literários

Com o fim de Elas por Elas, Isabel Teixeira volta para um antigo projeto no ramo literário, à frente da editora Fora de Esquadro, criada por ela. “Faço teatro desde os meus 10 anos de idade, mas o meu lance sempre foi a palavra. Foi a palavra que me levou ao teatro. Esse é o meu projeto mais antigo, e é muito lento. A editora está em fase embrionária há anos, com vários projetos de livros.”

“Demorei anos para ter a formação [em Letras, em editoração e demais competências na área] e ir construindo o que ainda está em construção. É muito devagar, mas é também o que eu quero fazer até o meu último dia de permanência nesta terra: trabalhar com papel, caneta, tinta, prensa, impressoras e livros. Sou muito apaixonada por tudo isso.”

Além dos livros, ela pretende se dedicar ao que define como “nova paixão”. “Quero continuar fazendo televisão. Quero fazer novela. Estou gostando muito”, adianta. Após uma participação em Sete Vidas (2015), ela fez sua estreia definitiva no gênero com um papel fixo em Amor de Mãe (2019) e emendou com os dois desempenhos de grande destaque.

“A personagem que vem vai ser sempre um presente. Estou aberta, como sempre estive. Já disse que nunca neguei uma personagem, e é verdade. Posso ter negado condições de trabalho, por exemplo, mas personagens, nunca neguei. Para mim, todo humano é válido. Até aquela personagem que quase não tem fala, tem vida. Gosto demais do ser humano. Acho que todo mundo é muito interessante.”

Assista à abertura de Elas por Elas:

NaTelinha divulga todos os dias os resumos dos capítulos, detalhes dos personagens, entrevistas exclusivas com o elenco e spoilers da novela Elas por Elas. Confira!





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