Publicado em 30/08/2022 às 05:09:00
Estou Feliz Que Minha Mãe Morreu, livro de Jennette McCurdy, a Sam de iCarly, foi lançado este mês nos Estados Unidos, mas já tem data para chegar ao Brasil: 15 de novembro. Na autobiografia, a ex-atriz da Nickelodeon expõe dramas pelos quais passou ainda na adolescência, como vício em álcool, transtornos alimentares, desconforto em relação a um funcionário da emissora e, principalmente, os abusos cometidos por sua mãe.
O difícil relacionamento com Debra McCurdy, que morreu em 2013, vítima de um câncer de mama, inspirou o título da obra e envolve as revelações mais dolorosas do livro. A mulher queria ser atriz quando criança, mas foi desencorajada pelos pais e, por isso, tentou se realizar por meio da filha. Jennette revelou que começou a participar de audições aos seis anos de idade para satisfazer a vontade da mãe e odiava frequentar as aulas de teatro exigidas por sua primeira agente, Barbara Cameron.
De seu primeiro trabalho como figurante, a famosa lembra que Debra avisou que não iria aceitar nada de seu dinheiro, apenas o salário que merecia como representante da filha e o necessário para despesas "essenciais". "Este dia foi estressante e não foi divertido, e se tivesse a escolha, eu escolheria nunca mais fazer nada parecido", escreveu a loira, hoje com 30 anos.
Aos oito anos, já acumulando alguns papéis pequenos que ainda não satisfaziam a mãe, Jennette ouviu da genitora que pausar o trabalho para ir ao banheiro não era uma atitude profissional, mas um dia não conseguiu segurar a vontade e teve que pedir permissão à Debra pra usar o sanitário. O pequeno intervalo fez com que a menina chorasse ao se desculpar com a mãe, que ainda insistia em limpá-la por achar que ela não sabia fazer isso sozinha.
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No livro, a ex-estrela da Nickelodeon revelou que sua higiene pessoal também era extremamente controlada por Debra, que deu banho na filha até ela completar 16 anos. A mulher também lavava os cabelos da menina, depilava suas pernas e fazia exames íntimos, nas mamas e no bumbum, para se assegurar de que ela não tinha nenhum nódulo ou outro sinal que pudesse remeter ao câncer. "Era como quando você tem um melhor amigo e compartilha todos esses segredos. Você sente que é uma forma de intimidade. Foi o que minha mãe fez comigo. Não foi amizade. Foi abuso", reclamou Jennette, ao The Washington Post, em uma das muitas entrevistas que deu para divulgar sua autobiografia.
A alimentação da menina também era rigorosamente vigiada pela mãe, que controlava suas refeições para que ela se mantivesse magra. Em uma das páginas do livro, Jennette conta que seu médico ficou preocupado quando, aos 12 anos, ela estava pesando apenas 27 kg, e Debra afirmou ao especialista que faria com que a filha se alimentasse melhor. Segundo a ex-atriz, isso era uma mentira, pois a própria havia dito que ela podia retardar o desenvolvimento de seu corpo, incluindo o crescimento dos seios, restringindo seu consumo de calorias.
Com a pressão, Jennette desenvolveu transtornos, como TOC, anorexia e bulimia, e chegou a relatar que tinha medo de ter uma parada cardíaca como consequência de sua desnutrição. Aos 21 anos, enquanto a mãe estava em coma na UTI de um hospital, ela e os irmãos tiveram a ideia de contar boas novidades para que Debra acordasse e a notícia escolhida pela jovem foi que pesava apenas 40 kg e se sentia magra.
Porém, Debra acabou morrendo e uma das revelações mais chocantes que Jennette fez durante os compromissos de divulgação do livro é justamente desse período. Um dos irmãos dela fez uma piada enquanto os carregadores levavam o caixão da mãe para o local onde o corpo seria velado e a ex-atriz teve um ataque de risos. "Quanto você quer apostar que eles vão acabar caindo, que o corpo da nossa mãe vai rolar, se levantar e começar a gritar com a gente?", perguntou ele, de acordo com o que a famosa disse à Vanity Fair.
A capa da autobiografia traz Jennette com uma urna funerária cor de rosa nas mãos, em um tom que combina com o da roupa que ela aparece usando. Uma das páginas do livro ainda expõe um e-mail que ela recebeu da mãe depois que cresceu e se tornou um pouco mais independente. Na mensagem, Debra chama a filha de "vagabunda" e "monstro feio", além de pedir ajuda para comprar uma geladeira.
No auge de sua carreira como atriz na Nickelodeon, Jennette McCurdy teve que aguentar os abusos praticados por sua mãe somados ao tratamento dado a ela por um produtor da Nickelodeon que ela prefere não identificar e a quem se refere somente como The Creator. Segundo os relatos expostos em Estou Feliz Que Minha Mãe Morreu, a menina se sentia sexualizada no programa.
Um figurinista de iCarly, por exemplo, disse que o produtor do seriado queria que ela utilizasse biquíni em uma das gravações, apesar de ela se sentir mais confotável vestindo um maiô. Nas memórias, a loira ainda conta que o homem lhe fez uma massagem nas costas que ela considerou inapropriada e a incentivava a beber, alegando que atores de outras atrações ingeriam bebidas alcoólicas.
Jennette também revelou que, após o fim de Sam & Cat, série que estrelou depois de iCarly, a Nickelodeon ofereceu US$ 300 mil para que ela jamais falasse publicamente sobre os bastidores dos programas nos quais trabalhou enquanto funcionária do canal, mas ela não aceitou. Segundo ela, sua mãe sabia de tudo o que se passava nos sets, mas dizia que "era o preço do sucesso".
Atualmente, Jennette McCurdy não atua mais e trabalha como roteirista e diretora. O The Hollywood Reporter perguntou o que ela diria a si mesma mais jovem e ela respondeu: "Eu teria me dito: 'Você vai ficar bem, garota. Você será capaz de realizar seu sonho de escrever e dirigir. Continue trabalhando duro e você chegará lá.' Minha vida é melhor agora do que nunca", afirmou.
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