Publicado em 09/07/2020 às 07:13:50
Quem tem visto Ary Fontoura na reprise de Êta Mundo Bom no Vale a Pena Ver de Novo da Globo ou em A Favorita, pelo Globoplay não imagina que o consagrado ator tem uma vida pessoal bastante movimentada. Com 87 anos e ainda ativo no trabalho, tanto que estava no ar em Salve-se Quem Puder, quando a pandemia do coronavírus interrompeu as gravações da trama, o artista é muito vaidoso, além de ser muito bom de limpeza e ótimo na cozinha.
Se o ator já tinha uma vida pessoal discreta, a quarentena o tornou uma espécie de celebridade do mundo da internet e o elevou ao status de protagonista neste momento de terceira idade, com direito até a ultrapassar a barreira do um milhão de seguidores.
Em entrevista exclusiva para o NaTelinha, Fontoura comentou que aprendeu a cozinhar com a mãe. "Ela sempre me dizia: 'Ary, a gente nunca sabe o dia de amanhã. É bom que você aprenda pelo menos o essencial para em uma emergência poder sair da circunstância em que foi colocado", explicou o ator, que virou uma espécie de blogueirinho da quarentena e vem fazendo sucesso nas redes sociais.
Embora tenha aprendido cedo, Ary reconheceu que não cozinhou sempre sozinho e tinha uma ajudante até bem pouco tempo atrás. Mas por conta da quarentena, o artista decidiu dispensá-la para evitar qualquer risco. "Ela também tem que cuidar da família dela", explicou. E mesmo diante do momento de solidão, colocou a mão na massa e passou ele próprio a cozinhar, com direito até a ajuda de um livro de receitas.
Acontece que nem sempre obteve grande resultado com suas experiências, principalmente no começo quando errava mais que acertava. "Estou apanhando na cozinha, mas é apanhando que se aprende. De repente, eu acerto um bolo. Aí é uma festa! [risos]. Fico muito alegre, me julgo. Fico até meio besta. Me julgo um boleiro de marca maior", confidenciou sem constrangimento.
E no auge de seus 87 anos, o consagrado artista, que já ganhou diversos prêmios por seus papéis em Roque Santeiro (1986) e A Próxima Vítima (1995), também não foge da responsabilidade de manter a casa limpa. Sem reclamar da idade e com compreensão da necessidade de isolamento social, o Silveirinha, de A Favorita, deixa claro que ele próprio sabe manter a arrumação de onde mora.
"Para limpar a casa, lavar roupa, praticar atividade física e tudo, minha querida, isso vem da necessidade. A necessidade é como a ocasião, faz o ladrão", ensinou mostrando que não há tempo ruim e prosseguiu. "Minha casa tem que estar limpa. Não custa nada eu pegar uma vassoura e sair feito uma bruxa voando pela casa, limpando aqui, limpando ali".
E Ary ainda explicou que, se a comida não ficou boa nas primeiras experiências, a limpeza da casa foi um tanto quanto desastrosa quando começou a tentar. "Eu sujei um pouco mais a casa do que limpei, mas agora eu estou ficando um expert. Está tudo limpinho", comemorou.
E Ary Fontoura não se assusta com a idade, deixando claro que é um homem vaidoso. Há tempos era frequentador de uma academia, que teve as aulas suspensas por causa da pandemia do coronavírus. Agora, o ator está praticando suas atividades físicas em casa e se exercitando na medida do possível.
"Eu me restrinjo ao que dá para fazer dentro de casa. Um alongamento no chão, em pé, deitado, sentado, usando cadeiras... Enfim, tudo isso que eu faço, pegando um pesinho daqui, outro dali, a gente vai mantendo a forma", revelou o ator mostrando disposição de causar inveja. "Já dá para quebrar um galho. E o sol é importante, Vitamina D para o organismo, para o seu sistema imunológico", essa disposição vem da necessidade absoluta, porque se eu não fizer isso, quem vai fazer por mim?", revelou.
E por falar em vaidade, o ator avisou que, assim que terminar a quarentena vai cuidar de si. "Eu vou entrar em um salão de cabeleireiro e cortar o meu cabelo. [risos]. Cuidar um pouquinho de mim, porque a gente quando fica em casa se desarranja totalmente. Dá um 'tchanzinho' assim para ficar melhor, para as rugas não aparecerem tanto. Enfim, dá uma melhorada!", garantiu.
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Ary Fontoura sempre quis ser artista e se mudou para o Rio de Janeiro no dia do Golpe Militar e garante que sequer imaginava a importância da data. “Era o primeiro dia da revolução, mas, para mim, estava tudo bem. Eu não sabia de nada. Então, eu mudava a minha vida, e o país também estava mudando. O começo foi muito difícil, porque o dinheiro era reduzido”, revelou em entrevista à Memória Globo.
Após gravar algumas canções e tentar a carreira no teatro, acabou descoberto e migrou para a Globo no mesmo ano e começou uma trajetória de sucesso, como O Espigão (1974). “Considero O Espigão um dos melhores trabalhos meus na televisão. Baltazar era botânico e tinha uma tara: adorava os cabelos das mulheres. Ele era profundamente tímido. Estávamos no tempo da ditadura, a censura era brabíssima, mas era o horário das dez horas, um horário de experimentações”, contou.
Ao todo, o ator já esteve em 43 novelas ao longo da carreira, além de ter participado de mais de uma dezenas de outras produções na emissora, entre séries, minisséries e afins. Ao NaTelinha, ele confessou que ainda gostaria de voltar ao teatro. "Eu ando pensando em fazer teatro quando isso tudo amenizar, pensando nos meus colegas de trabalho sem emprego, tanto na televisão quanto no teatro, passando dificuldades", confidenciou.
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