Atuação da Semana: Sophie Charlotte dá o grito de liberdade para mulheres em Renascer

Desde que surgiu na TV, Sophie Charlotte se mostrou uma força da natureza e uma atriz muito preocupada com composição. Em todos os seus papéis, ela sempre preferiu pecar pelo exagero a passar despercebida em cena, o que é incomum no formato de novelas e cada vez mais importante. Com sua Eliana de Renascer, a artista mostra um desempenho peculiar ao humanizar sua vilã de modo a ser um reflexo do feminismo no Brasil.

Eliana surgiu na trama como uma mulher melodramática e que só aparecia chorando por conta da crise no casamento com José Venâncio (Rodrigo Simas). Já nesta fase, Sophie mostrou seu talento para composições estereotipadas e duramente reais, fazendo com que a personagem não parecesse irreal, mesmo diante de tamanho choro e lamento.

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Ao se mudar para a fazenda, a antagonista ganhou outro status. Passou a infernizar a vida de tudo e de todos que surgiram em sua frente e assumiu ares de vilã. Mesmo após a morte do ex-marido, ela continuou aprontando das suas e tinha tudo para ser odiada. Não é todos os dias que uma mulher revela o segredo de uma personagem amada pelo público, como ela fez com Buba (Gabriela Medeiros) e sai impunemente.

Imagine alguém, em plena novela das nove, virando amante de um homem casado, como Eliana fez com Damião (Xamã) e não ser massacrada pelo público. Mais do que isso, ela não dá um só dia de paz para José Inocêncio (Marcos Palmeira), buscando o que acredita ser seu direito pelas terras da família e para isso chega a se unir com o grande vilão da trama, Egídio (Vladimir Brichta).

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Na semana mais recente, a personagem se livrou de Damião, se uniu a Egídio e não perdeu a chance de provocar Inocêncio enquanto insistia que o filho de Teca (Lívia Silva) não é de Venâncio. No meio disso tudo, ela não é rejeitada e por uma única razão, pelo caminho da composição que a atriz tomou.

Sophie é experiente o suficiente para saber das coisas. Eliana tem cenas e textos muito carregados e poderia ir para o tom da vingança, do deboche, do despeito e até do ódio. A atriz optou pelo da liberdade e da justiça. Tudo o que sua antagonista faz, o faz por acreditar que é bom para ela e que ela não deve satisfação de sua vida para ninguém. 

Eliana é uma mulher que se guia pelos próprios princípios e cria seu próprio código de ética. Certa ou errada, a forma como Sophie Charlotte dá vida à personagem é uma espécie de grito libertador para as mulheres em um universo de machismo, seja na novela ou na vida real e a atriz mais uma vez prova que é uma das melhores de sua geração.