Coluna do Sandro

"Fiquei honrada, mas também apavorada", diz Paula Richard, autora da novela "Jesus"

Divulgação/ Record TV
Por Sandro Nascimento

Publicado em 15/07/2018 às 08:30:00

Não inventaremos nada que não está escrito na Bíblia.

Paula Richard


NT - Qual é a sua principal preocupação no momento que escreve diálogos para um personagem tão representativo na história da humanidade?

Paula Richard - A escolha foi fazê-lo dizer apenas o que está na Bíblia. Jesus tem uma mensagem poderosa e que continua atual até os dias de hoje. Como vamos começar a história antes dele nascer, vai demorar um pouco até o ouvirmos falar de verdade. É quando inicia seu ministério que seus ensinamentos são dados.

Como a abertura do Mar Vermelho em "Os Dez Mandamentos", o ápice de "Jesus" será sua crucificação?

Paula Richard - Há tantas passagens emocionantes... Mas certamente a Via crucis e crucificação são momentos impactantes. Tivemos que escrever essas passagens para as gravações no Marrocos e é realmente muito forte.
Tenho uma parceria muito boa com Edgard Miranda e daremos à novela um tom mais natural, fugindo da fantasia, para contar uma história real. O elenco está maravilhoso, cenários incríveis, figurinos, (várias sequências gravadas no Marrocos) e toda a equipe têm se emocionado com as cenas já gravadas!

Como você avalia esse projeto na sua carreira? A novela estreia com quantos capítulos escritos?

Paula Richard - É um projeto muito especial e mal acreditei quando entregaram em minhas mãos. Na verdade, nem acreditei (risos). Achei que havia entendido mal ao telefone e só tive certeza quando fui à primeira reunião com a direção para falar do projeto. Claro que fiquei honrada, mas também apavorada... Contar essa história é muita responsabilidade!

Nunca imaginei escrever novelas, menos ainda novelas bíblicas! Meu primeiro trabalho na Record foi na novela “Vidas Opostas”, de Marcílio Moraes. Devo a esse grande autor, que veio a se tornar um amigo, a oportunidade de entrar para o mundo da teledramaturgia.

Há muito preconceito com as novelas bíblicas no Brasil, o que é uma pena, porque os profissionais envolvidos são de alta qualidade e temos atuações dignas de prêmios. Histórias da Bíblia são usadas como referência em seriados modernos, como “The Handmaid's Tale”, a religiosidade ou crenças são abordadas em seriados com “The Vikings”, “Fauda”, Hollywood têm produzido filmes com histórias da Bíblia... É um grande livro, com histórias fantásticas, que tiveram enorme influência na formação de conceitos morais, éticos, de grande parte do mundo.

Tenho muito orgulho das histórias bíblicas que escrevi na Record e imensa gratidão pelo talento empregado por todos que estiveram envolvidos nesses projetos. Creio que estrearemos com quase 50 capítulos escritos.

VEJA TAMBÉM

Você acredita que o público vai descobrir detalhes da vida de Jesus que ainda desconheciam? Pode dar exemplos?

Paula Richard - Eu descobri que não sabia muita coisa da vida de Jesus na terra! Mas, como disse, não inventaremos nada que não está escrito na Bíblia. Ontem mesmo nossa continuísta, Eliete De la Volpe, comentou que já tinha ouvido falar de uma passagem, mas, ao ler o capítulo, achou muito mais emocionante e clara. Imagina quando for ao ar (risos).

Como foi o processo de pesquisas para a "Jesus"?

Paula Richard - Tive pouco tempo para me debruçar na pesquisa. A encomenda me veio antes que entregasse o último capítulo da novela “O Rico e Lázaro”. Iniciei os estudos, mas tive que parar para escrever a minissérie “Lia”, também baseada na Bíblia. Mas tive o apoio e ajuda da pesquisadora Irene Bosisio e dos consultores Mauricio Santos, José Lucio e Marcio Santana. A cada passagem bíblica (ou seja, praticamente todas as vezes em que Jesus aparece em cena) preciso voltar a ler e estudar.

Recentemente, houve uma discussão em torno de mais espaço para atores negros em novelas. Como você avalia esse movimento?

Paula Richard - Sempre tive essa preocupação e procuro buscar personagens que possam ser negros dentro do contexto histórico retratado. A grande maioria dos personagens bíblicos são judeus, romanos, babilônicos, egípcios... Mas procuro colocar alguém de origem Núbia para dar espaço para atores negros. A personagem Susana, que tem seu nome mencionado na crucificação, sem informação alguma de quem era, deu espaço para isso. Como não havia nada, criei uma história para ela. De origem núbia, passa de escrava a gladiadora – algo não comum, mas há relatos de mulheres lutadoras.

TAGS:
NOTÍCIAS RELACIONADAS
MAIS NOTÍCIAS