Aberto ao Público: Globo reúne Maurício Meirelles e talentos do humor em programa "vivo e imprevisível"
Projeto dirigido por Gui Cintra é nova aposta da emissora em gênero que sumiu da sua tela
Publicado em 06/07/2025 às 08:00
A Globo estreia neste domingo (6), logo após o Fantástico, a sua mais nova aposta na seara do humor. Em Aberto ao Público, Maurício Meirelles, Thiago Ventura, Bruna Louise e Murilo Couto apostam na espontaneidade para fazer rir com histórias reais, a partir da ajuda fundamental da plateia e de famosos convidados - Deborah Secco, Denílson de Oliveira, Gracyanne Barbosa e Marcos Pasquim participam da primeira temporada, que terá quatro episódios.
Em entrevista concedida ao NaTelinha, Maurício adiantou algumas novidades sobre o programa, que já é cercado de muita expectativa nos bastidores, e revelou com a ideia do projeto surgiu. No papo, o comediante também analisou o debate em torno dos limites do humor.
Afinal, há limites para o humor? Para Maurício Meirelles, não. "O humor não tem limite. As pessoas têm, o comediante tem, o ambiente tem. Toda piada é válida quando ela cumpre esses contextos", comenta.
Questionado se o brasileiro ficou mais chato, em razão da polarização política que tomou conta do país nos últimos anos, o artista afirma: "Os chatos também riem de algo que outros chatos condenam. No fim, todo mundo ama é dar risada".
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Mas falta humor na televisão? "Não acho que falte humor na TV aberta. Falta coragem de se arriscar. As redes sociais atrapalharam muito o gênero, pois qualquer reclamação gerava uma insegurança. Hoje em dia as pessoas perceberam que existia muita histeria desnecessária por públicos que não gostam de comédia. A boa notícia é que a comédia lota teatros por todo o país e gera números altíssimos de audiência na internet", analisa Meirelles.
No papo, ele conta como surgiu a ideia do Aberto ao Público. "Surgiu em novembro de 2024, quando a Patricia Pedrosa, diretora do Gênero Humor nos Estúdios Globo, me ligou encomendando um formato de comédia que se passasse em teatros. A partir daí, sentamos e desenvolvemos uma série de dinâmicas que utilizassem a plateia como protagonista. Fizemos um piloto ainda no ano passado, a Globo levou para pesquisa e o formato foi aprovado", revela.
Mauricio explica que o novo projeto nada tem a ver com o Foi Mau, atração que ele comandou na RedeTV! entre 2021 e 2023 e também bebia na fonte do stand-up. "O Foi Mau era diferente, pois não tinha uma plateia participante e se baseava em um talk show maluco, embora o descompromisso e a despretensão sejam as mesmas", diz. "[No programa], podem esperar um cara feliz, fazendo o que mais sabe fazer ao lado de grandes amigos", completa.
Por fim, o humorista não descartou a possibilidade de, a exemplo de alguns colegas, apostar nas novelas. "Já fiz alguns longas. Mas sempre com personagens cômicos. Se a ideia for legal e eu me sentir feliz, não tem por que não topar", avisa.
Gui Cintra conta como surgiu o Aberto ao Público
Profissional com projetos na Netflix, Disney, HBO, Paramount, Warner Bros., ESPN, Record e Spotify, Gui Cinta assina a direção-geral do Aberto ao Público. Para ele, que trabalhou com nomes como Jô Soares (1938-2022), Fábio Porchat, Leandro Hassum, Claudia Raia, Marcos Mion, Otaviano Costa, Adriane Galisteu, Fernanda Souza, Bianca Andrade, Miá Mello e Dani Calabresa, o novo humorístico é um programa "vivo e imprevisível".
"A gente não buscou simplesmente replicar o que funciona na internet ou no teatro na TV. Pelo menos para nós, neste momento, para o espaço que estamos mirando, não acredito que valha a pena fazer uma transposição literal e integral de conteúdos de internet ou espetáculos de stand-up para a televisão. Isso poderia ser uma armadilha. E nem era o que queríamos fazer", analisa.
"Nossa vontade era a de criar um formato original brasileiro de TV aberta para a TV aberta. O que fizemos foi explorar dentro de um programa de televisão elementos do humor da internet e do stand-up atual que também são naturais pra gente, a partir de habilidades que esses comediantes têm de sobra e já estão acostumados a aplicar em outros meios - como, por exemplo, a autenticidade, a despretensão, o desprendimento, a capacidade de improvisar comentários rápidos e, sobretudo, de interagir comicamente com a plateia", explica Gui.
"Além disso, também dialogamos esteticamente com esse universo da comédia ao assumir que o programa fosse gravado em um teatro. O Aberto ao Público, portanto, não é um programa de stand-up comedy, nem um programa para a 'mostrar a internet na TV', nem um programa de improviso. É um formato de auditório de televisão que é alimentado por diversos recursos do universo atual da produção de comédia. Mais do que uma transposição, promovemos um diálogo - que, para nós, é autêntico", comenta o diretor.
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A respeito da concorrência com o Programa Silvio Santos (SBT), motivo de dores de cabeça para a Globo, Cintra é bem sincero. "É sempre um grande desafio trazer um formato novo para a televisão. Ainda mais competindo com uma atração há tanto tempo consolidada. Porém, nos empenhamos bastante para criar e tirar do papel esse formato, com muito carinho e trabalho, e tive a liberdade de desenvolver, produzir e pós-produzir o projeto aqui na Farra [produtora da qual é sócio], em parceria com a Dromedário [produtora da qual Maurício Meirelles é sócio], com uma equipe formada por pessoas de confiança com grande expertise em comédia, que conhecem muito bem o nosso estilo e já trabalham com isso", diz.
"Após tanta dedicação nesse processo, investindo muito esforço em, principalmente, criação, fico empolgado em ver os programas saindo com um formato sólido, fresco e com a nossa cara, como idealizamos. Por isso, vamos pra estreia animados. Espero que conquiste o coração do brasileiro como conquistou o nosso", avisa.
"Sobre o formato, ele é totalmente baseado em interação com a plateia, que é o verdadeiro coração do nosso programa. Tanto que nem temos apresentador fixo. A cada episódio, uma celebridade convidada diferente apresenta a atração. Os comediantes do nosso elenco, muitas vezes, funcionam como escada, ajudando a conduzir as dinâmicas e garantindo reações e comentários improvisados engraçados. Os episódios são compostos por quadros variados, mas todos têm em comum a participação ativa da plateia. Um exemplo é o quadro 'Pergunta Pro Famoso', no qual convidamos as pessoas da plateia a perguntarem absolutamente o que quiserem para a celebridade na berlinda. Caso a pergunta seja tão 'boa' que o famoso não topar responder, a pessoa que fez a pergunta ganha 50 reais", conta Gui Cintra.
"Não temos textos roteirizados para os comediantes – como eles estão acostumados em seus shows de stand up –, muito menos cenas ensaiadas com as celebridades convidadas, que também participam dos quadros. No Aberto ao Público, trazemos as pessoas anônimas da plateia quebrando a nossa expectativa com ações, falas e histórias reais, autênticas e divertidíssimas, que já chegam esculpidas pela realidade e jamais poderíamos roteirizar. O Aberto ao Público é um programa vivo e imprevisível. E isso é muito legal", celebra o profissional.
"Os comediantes, afiados, reagem e fazem piadas em forma de comentários improvisados. A celebridade, muitas vezes 'vítima' dos quadros, é estimulada a se despir dos protocolos e se abrir de maneira autêntica, revelando novos lados e elementos da vida pessoal/íntima que talvez nunca tenha mostrado. No fim das contas, a proposta é acessar a celebridade de uma maneira inédita, mostrando que ela é muito mais próxima de nós do que imaginamos ou do que o Instagram costuma mostrar – afinal, é uma pessoa real e humana, como qualquer um sentado naquele auditório. Ao mesmo tempo em que valorizamos essas pessoas anônimas da plateia, dando voz e lançando luz, na maior emissora de televisão aberta do país. Aberto ao Público é uma grande celebração do brasileiro", detalha.
Aberto ao Público reúne humoristas afiados
Na entrevista, Gui Cintra revela que entrou para o projeto a partir de um convite de Maurício Meirelles. "A escolha do meu nome partiu do Maurício Meirelles. O programa nasceu de uma conversa entre o Maurício e a Patricia Pedrosa, diretora do Gênero Humor nos Estúdios Globo. Esse é o meu primeiro trabalho na Globo, sou um 'forasteiro' (rs). Maurício, então, me acionou, juntamente com o Daniel Nascimento, dos Barbixas, com a missão de desenvolvermos esse novo formato", compartilha.
"No processo, recebemos total liberdade e autonomia da Globo para criarmos e trabalharmos de acordo com o nosso estilo de comédia e de produção audiovisual. Tanto que desenvolvemos, produzimos e pós-produzimos o programa aqui nas nossas próprias produtoras: a Farra e a Dromedário. São produtoras especializadas em comédia e em formatos originais de não-ficção, com diversos projetos do gênero no currículo", fala ele, que não esconde a realização com o trabalho.
"Esse foi um discurso repetido e praticado pela Globo durante todo esse processo, que fluiu muito bem: 'Façam do jeito de vocês, do jeito que vocês já fazem e sabem fazer'. Com isso, utilizamos nossas equipes em toda a cadeia de produção, do roteiro à finalização. Pessoas acostumadas e com expertise na nossa proposta de comédia. Eu e toda a equipe somos muito gratos pela confiança depositada no nosso trabalho e no nosso humor. Sou apaixonado por comédia e por televisão e comandar um projeto nosso na maior emissora de TV do país era o meu maior sonho. É a oportunidade com que sonhei a vida toda", confidencia Cintra.
Por fim, Gui explica como se deu a escolha dos outros nomes do elenco, Thiago Ventura, Bruna Louise e Murilo Couto: "Na escolha do restante do elenco, não foi diferente. Os nomes partiram, sobretudo, do próprio Maurício Meirelles, em reuniões que fizemos com Patrícia Pedrosa e Renata Porto d'Ave, do núcleo de Humor da Globo. Nenhum nome foi vetado nesse processo e, após esse fórum ponderar junto possibilidades, pudemos concretizar o que julgamos ideal".
"Além da popularidade, Bruna, Thiago e Murilo possuem uma característica impressionante de interagir com a plateia com carisma e tiradas rápidas, o que faz deles perfeitos para o nosso formato. É um baita elenco", elogia o diretor.
