Por que No Limite e Power Couple não têm a grana e o Ibope do BBB?
No Limite e Power Couple estrearam em maio, mas interesse é menor que em relação ao BBB
Publicado em 12/05/2022 às 04:55,
atualizado em 12/05/2022 às 08:43
Campeão de audiência e faturamento na Globo, o BBB 22 terminou no final de abril para que outros realities pudessem enfim estrear. Uma nova temporada do No Limite deu as caras, desta vez com a apresentação de Fernando Fernandes, e o Power Couple é novamente a grande aposta da Record para alavancar a grade enquanto A Fazenda não estreia. Mas ambos estão longe de performar como o Big Brother, seja em audiência ou faturamento. Estima-se que o programa comandado por Tadeu Schmidt tenha faturado R$ 1 bilhão, volume histórico.
Se no ano passado o reality de sobrevivência teve sete cotas comerciais vendidas, agora conta com apenas uma. No Ibope, vem marcando médias de 17 pontos, abaixo dos 23 do BBB, ainda que esteja recebendo diretamente de Pantanal, maior sucesso da emissora há anos. Na Record, o programa de casais entrou no ar sem nenhuma cota de patrocínio vendida e vem pontuando em 5 na capital paulista, número 20% menor que o de 2021. Apenas nesta quarta-feira (11), a emissora anunciou a venda de espaços publicitários para Strepsils e Naldecon, marcas de propriedade da Reckitt Benckiser.
Na visão de Paulo Leal, Head da FluenceMedia, empresa especializada em redes sociais, marketing de influência e entretenimento, o sucesso do BBB está atrelado à alavancagem feita em outros programas. "Tem todo um plano com a grade da Globo, o que faz uma diferença enorme", pontua ele ao NaTelinha.
Na Record, programas como o Power Couple e a A Fazenda não tem a mesma alavancagem de programação como o reality de confinamento da emissora carioca. A Globo tem muito mais audiência que as demais emissoras, e existe um compromisso das agências de publicidade com a emissora carioca, que correm para colocar dinheiro lá em detrimento das demais, as famosas bonificações. Paulo Leal enxerga que a premiação oferecida não é tão atrativa quanto ao BBB 22: "Nos demais programas, não vejo essa atratividade de premiação, que torna o negócio bem diferente".
Outro fator que contribui - e muito -, na leitura de mercado do profissional, é a de que a Globo passou a incluir influenciadores digitais no reality desde 2020 o que ajuda na repercussão nas redes sociais, diferente de No Limite e Power Couple Brasil. Além disso, a emissora consegue com o BBB ser notícia em atrações fora da emissora, como o A Tarde é Sua, de Sônia Abrão, na RedeTV!, "Acaba repercutindo nas redes sociais [o grupo Camarote] e alavancando o programa. É uma estratégia bem-sucedida", aponta ele, que na sequência cita o poder que Sônia Abrão pode ter na construção de uma parte do sucesso da atração.
"A Sônia é a maior audiência da RedeTV!, está há 40 anos no ar. Ela fala sobre Big Brother, nas redes sociais. O último post dela sobre o BBB tem 1 milhão de curtidas, sem nenhum impulsionamento. Absolutamente orgânico. Acaba reverberando positivamente em audiência para o programa", assegura.
Jonathas Groscove, CEO da Agência Groscove, concorda e vai além. "O faturamento do BBB acaba sendo maior pela credibilidade que a Globo já tem. É um trabalho de anos, de mídia, layout, eles investem muito em audiovisual. O cuidado que eles têm com a entrega, é muito maior que nos outros programas. As pessoas independente de qualquer coisa, entendem a Globo tem mais credibilidade", observa.
Na sua leitura, o Power Couple e o No Limite possuem um visual legal, mas a estratégia de público não é clara.
"São dois programas que não trabalham forte com planejamento de inserção, tantas plataformas digitais quanto da TV. Tem comercial do Big Brother de manhã, de tarde, e de noite. Durante a programação do Big Brother, pra quem assiste a TV raiz, sabe que nos intermédios da TV eles mostram o que está acontecendo dentro da TV. Mexe com a programação inteira da rede televisiva, passando de forma aleatória e simultânea, no Globoplay, na TV e na internet. Eles não aproveitam os recursos de comunicação."
Jonathas Groscove, CEO da Agência Groscove
E por que o público não consome No Limite e Power Couple como o BBB?
Amanda Alcântara tem 27 anos e é radiologista. Ela assistiu ao No Limite em 2021, mas desistiu de acompanhar neste ano. "Não me seduziu como na edição passada, que tinha 'famosos'. Essa edição é composta por gente totalmente anônima, o que me faz perder um pouquinho a vontade", comenta.
O Power Couple, recorda que acompanhou todas as edições anteriores com sua mãe quando viviam juntas, mas não deu continuidade. "Acho as provas maçantes demais, hiper demoradas e até apelativas. Dia desses vi uma cena no Twitter onde um dos participantes chega a vomitar e a prova segue! Achei péssimo. Então, meio que perde a credibilidade, sabe?", indigna-se.
Já o motivo para não ligar a TV em qualquer um dos dois realities, para o escritor André Ramos, de 43 anos, é outro. "Não acho que relações entre pessoas comprometidas têm de ser expostas em rede nacional. É muito invasivo para os casais ter seu relacionamento julgado por pessoas que não se conhecem. Já quanto ao reality de sobrevivência, algo ali já se perdeu e não me chama a atenção ver as pessoas sofrendo com a dinâmica do jogo ainda ter de lidar com estratégias dos outros participantes. A vida já é muito difícil diariamente para sentar e assistir à esse sofrimento. Não consigo achar divertido", diz.
Na opinião de Amanda, por exemplo, o BBB tem dinâmicas interessantes, aliado a uma edição de maior qualidade. "Parece ser menos forçado que os outros realities. E em toda dinâmica ao vivo tem a presença do apresentador que coloca ordem, diferente do Power Couple, por exemplo, que no último jogo da discórdia aconteceram várias brigas, quase chegando a agressão física, e nenhum apresentador ou diretor estava presente para conter", relembra.
André, que não gosta de sofrimento na TV, também viu o último BBB, e pondera. "Se for analisar friamente, não existem muitas diferenças entre os realities, sempre com pessoas dispostas a qualquer coisa para atingir seus objetivos. O que pode ser diferente pra mim é uma maneira mais lúdica e que lembra brincadeiras de tratar as coisas que rolam durante o programa."