Úrsula Corona

Atriz de Floribella diz que novela salvou crianças da depressão: "Recebi histórias de abuso"

Artista, que mora em Portugal, comemora reestreia de trama infantojuvenil


Mariah Rocha, Úrsula Corona e Juliana Silveira nos bastidores de Floribella
Mariah Rocha, Úrsula Corona e Juliana Silveira nos bastidores de Floribella (Foto: Acervo pessoal/Úrsula Corona)

Em plena pandemia, a atriz Úrsula Corona emendou duas novelas na Band: a portuguesa Ouro Verde e a reprise de Floribella. Ela ainda aparece em Totalmente Demais, na Globo, mas a trama infantojuvenil, exibida originalmente em 2005, marcou a carreira da artista a ponto de considerá-la seu trabalho mais importante.

"Floribella acertou muito com uma geração. Acho que posso afirmar que é Tati é a personagem da minha vida, vai ser difícil ter outro, por mais que eu seja feliz em todos os trabalhos", afirma Úrsula, que vive em Portugal, em entrevista ao NaTelinha.

Tati foi uma das personagens mais queridas pelos fãs da novela, tanto quanto a protagonista, Maria Flor (Juliana Silveira). Uma petição do público manteve a molecona descolada da banda Floribella na segunda temporada da trama. Este carinho ainda é sentido por Úrsula.

"Também apresentei O Diário de Floribella. Somente no Brasil foi a Tati, nos outros países foi a Flor. As crianças fizeram esse abaixo-assinado e eu chorei muito de alegria. Se Floribella voltou, foi um pedido dos fãs, que pediam uma reprise havia 15 anos. Lembro que no primeiro ano já pediram para reexibir a primeira temporada. É mérito deles. Olha que lindo, as crianças cresceram, mas não esqueceram o que as tocaram há 15 anos", comemora.

Depressão infantil

Durante a primeira exibição da novela, Úrsula Corona recebia mensagens dos fãs mirins por cartas e pelo finado Orkut, primeira rede social de massa do Brasil, mas nem todas eram simples tietagens. A atriz descobriu que, com seu papel, ajudava crianças a saírem da depressão provocada por abusos ou por rejeição familiar.

"Depressão infantil é um tabu, ninguém fala disso. Guardo cartas até hoje. Recebi histórias sobre o familiar que abusava da menina, o menino que não tinha pai nem mãe, era criado pela tia e se sentia abandonado achando que ele era o problema. Pensei que a Tati tinha que passar alguma mensagem, nem que fosse em uma frase. Comecei a estudar filosofia e pensei em como, de uma forma leve, jogar um bordão", conta a artista.

A partir destas histórias, surgiram frases como "Abstrai!" e "A vida é um morango", que entraram para o vocabulário das crianças na época. Úrsula, que começou a carreira aos oito anos no especial A Nave Mágica (1992), da Globo, se mantém tão conectada à novela que contratou quatro fãs para trabalharem com ela nos setores júrídico, audiovisual e de contabilidade.

"Conseguimos formar um time com uma sintonia em que todo mundo queria alimentar o sonho das pessoas. Estamos vivendo um momento no mundo em que a gente precisa potencializar isso, porque está tudo tão estranho. Alimentar o lúdico, o lado positivo, a alegria de viver, trazer uma fantasia para a vida de cada um, até porque todo mundo já foi criança. É uma novela infantil sem ser infantilizada, que nos tira um pouco desse caos", analisa.

Floribella salvou crianças da depressão, diz Úrsula Corona

Úrsula Corona em cena de Na Corda Bamba, sua novela mais recente, exibida em Portugal pela TVI (Foto: Reprodução/TVI)

Úrsula na ONU

Na vida real, Úrsula Corona nutre o sonho das pessoas como ativista social. Desde 2018, é porta-voz do Programa Mundial de Alimentos (WFP), agência humanitária liderada pelas ONU (Organização das Nações Unidas). Atualmente, mobiliza doações que estão ajudando famílias brasileiras a terem acesso a alimentação diária durante a pandemia de coronavírus.

Uma das campanhas em andamento visa distribuir kits de higiene para evitar que estudantes do ensino público sejam contaminados pela Covid-19 ao receberem as refeições diárias fora das salas de aula. Pelo aplicativo gratuito Ribon, é possível doar moedas virtuais que são revertidas em dinheiro para a iniciativa.

"Um terço dos alimentos no mundo é desperdiçado. Só essa redistribuição resolveria o problema. A desigualdade sempre vai existir, mas a dignidade deve sempre ser uma urgência. Para mim, dignidade é educação e alimentação. São coisas básicas. Não estamos falando de escassez, mas de desperdício. Esta é uma ação mais assistencial, mas o que me motiva bastante são projetos de empreendedorismo, em que invisto nas pessoas. Estou fazendo um modelo na Espanha para depois expandir no Brasil, países da África", planeja.

 

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