Entidades ciganas criticam cena de Êta Mundo Melhor e denunciam racismo em novela da Globo
Em nota, o grupo ainda pede um posicionamento do Ministério da Igualdade Racial

Publicado em 04/07/2025 às 12:29
Lançada pela Globo na última segunda-feira (30), Êta Mundo Melhor já dispõe de sua primeira polêmica. Entidades que representam o povo cigano no Brasil emitiram uma nota conjunta na qual repudiam a forma estereotipada que o grupo tem sido retratado na novela de Walcyr Carrasco e Mauro Wilson.
No primeiro capítulo, a cigana Carmem, personagem da atriz Cristiane Amorim, convenceu um casal de matutos a entregar a ela o filho raptado de Candinho (Sérgio Guizé). Em seguida, a mulher procurou a vilã Zulma (Heloísa Périssé), que mantém um orfanato de fachada, para "vender" o menino. Com o dinheiro recebido, Carmem deixou a cidade em busca do seu povo.
+ Wanessa Camargo abre o jogo sobre reconciliação com Dado Dolabella: "Algumas coisas"
+ Sheila Mello rompe o silêncio sobre rivalidade com Scheila Carvalho: "Nunca fui"
Em uma carta de repúdio publicada no Instagram e no Facebook, o Instituto Cigano do Brasil (ICB), a Urban Nômades Brasil, o International Romani Union Brasil (IRU) e a Associação Mayle Sara Kali Brasil (AMSK) acusam a Globo de anticiganismo, que é o racismo ao povo cigano.
"Anticiganismo é racismo, e a Globo precisa responder. A novela Êta Mundo Melhor apresentou, logo em seu primeiro capítulo, uma personagem cigana que entrega um bebê a uma golpista exploradora de crianças. Essa representação não é apenas irresponsável, é racista", critica o texto.
"O que vimos não foi arte, foi reprodução de estereótipos cruéis e coloniais, como o mito da 'cigana que rouba ou vende crianças'. Isso não tem base na realidade, apenas reforça um imaginário que já causou dor, perseguição e exclusão aos povos ciganos ao longo dos séculos", completa.
Entidades ciganas pedem respeito à Globo
"A Rede Globo, como concessão pública, tem responsabilidade sobre o conteúdo que transmite. E o Estado brasileiro tem a obrigação de agir diante da propagação de imagens que marginalizam ainda mais um povo que já luta por reconhecimento, visibilidade e direitos básicos", destaca a carta.
"Nunca roubamos crianças. Somos um povo de cultura, saberes e dignidade. Não queremos ser vilões exóticos de novelas. Queremos respeito", acrescenta.
Por fim, as entidades pedem um posicionamento do Ministério da Igualdade Racial. "Está na hora de dizer: 'Não em nosso nome'. Chega de racismo travestido de ficção. Chega de silêncio institucional. Isso é anticiganismo. Isso é romafobia. E sim, isso é racismo étnico-cultural", conclui.
Confira: