Rodrigo Fagundes recorda criação rígida do pai: "Senta igual homem"
Casado com um dos roteiristas de Volta por Cima, ator já recusou papéis de gays estereotipados

Publicado em 22/01/2025 às 06:11,
atualizado em 22/01/2025 às 07:29
Rodrigo Fagundes está dando um show em Volta por Cima no papel de Gilberto Góis de Macedo, um playboy nascido em família quatrocentona, hoje falida, que está sendo obrigado a trabalhar pela primeira vez para sobreviver.
Em conversa com a imprensa nos Estúdios Globo, com a presença do NaTelinha, o ator de 52 anos, que é gay assim como o seu personagem, recordou a difícil relação com o pai, um sargento reformado do exército, falecido em 2015
"Lembro que uma vez, fui pegar a bonequinha da Emília, que gostava e minha prima tinha, e ele me deu uma coça de cinto. Não podia sentar largado que ele gritava 'Senta igual homem’, e me batia. Hoje, eu entendo porque ele vem dessa educação."
Rodrigo Fagundes
Assim como muitos atores, o teatro lhe fez perder o medo de ser quem ele é. "Nos meus 20, 21 anos, depois que entrei na CAL - Casa das Artes de Laranjeiras, no Rio de Janeiro, fui vendo que não tinha nada de errado comigo, sabe?”, desabafa.
Em 1995, Rodrigo Fagundes deixou sua cidade natal, Juiz de Fora, Minas Gerais, para estudar na PUC - Pontifícia Universidade Católica aqui, na cidade maravilhosa.
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O curso era Publicidade e Propaganda, no horário da manhã, e como sempre foi muito criativo, o ator tomou a iniciativa de se inscrever também nas aulas de teatro, no período da noite, sem que a sua família desconfiasse.
"É isso que quero, eu gosto de interpretar, de brincar. Fazia isso desde pequeno. Escrevia peças baseadas no Sítio [do Picapau Amarelo], colocava o meu irmão para fazer a Emília. Eu era o Visconde, mas queria ser a Emília, só que não podia", confessa às gargalhadas.
Rodrigo Fagundes
Decisão tão certa que mudou a vida do ator para sempre. “A arte mudou a minha vida! Hoje, eu vejo que esse meu lado criativo era muito aflorado, mas eu só fui dar vazão a isso com 20 e poucos anos. E como é legal ver essa minha evolução", comemora.
Rodrigo Fagundes é casado há 21 anos com roteirista
Lembrado até hoje na TV pelos bordões "Mexe Com Quem tá Quieto", "Olha a Faca" e "Se Não Sabe Brincar Não Desce Pro Play", Rodrigo Fagundes ganhou notoriedade como o Patrick, no Zorra Total.
Em 2014, ele deixou o humorístico. Um ano depois, ganhou seu primeiro papel fixo em uma novela, Babilônia, de Gilberto Braga. O ator confessa que houve um tempo em que ele só era chamado para papéis de gays estereotipados, até o dia em que decidiu dizer não.
"Com o tempo eu falei 'Não vou!'. Gay tem camadas, paletas. Tem gay pintosa, machão... Não tem problema, mas não posso fazer um personagem só por ser gay. Acho ignorância.”
Rodrigo Fagundes
Antes de receber o convite para o Gigi de Volta por Cima, Rodrigo Fagundes esteve em Pega-Pega, 2017. Depois, no elenco de Cara e Coragem, no ar em 2022, ambos folhetins assinados por Claudia Souto.
Mas ao contrário do personagem que atira para todos os lados, o playboy já deu em cima de Jô (Vitor Sampaio), Chico (Amaury Lorenzo), Jão (Fabrício Boliveira) e, agora, vem flertando com o Bernardo (Bruno Fagundes), o ator é casado há 21 anos com Wendell Bendelack, roteirista de 51 anos.
Rodrigo jura que o marido, um dos colaboradores da escritora na novela das sete da TV Globo, não antecipa nada sobre a trama quando eles estão em casa, sozinhos.
"A última coisa que ele quer falar quando chega é sobre a novela. Não é ele quem escreve as minhas cenas, é a equipe. A Claudia [Souto] tem esse bordado de costurar os personagens, ela quer todo mundo no mesmo passo", comenta.
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"A gente não passa texto junto, nada! Eu sei que é difícil de acreditar, é meu marido. Às vezes, eu sei mais pela Claudia do que por ele. [risos]"
Rodrigo Fagundes
O ator conclui o bate-papo pontuando outra diferença entre ele e o carismático personagem: "Ser gay foi um problema durante muito tempo na minha vida por questões de família, já o Gigi nunca passou por isso. O dinheiro cala a boca até de homofóbicos", opina.
"Ele sempre foi muito bem tratado, mimado, paparicado, protegido. Boto na minha cabeça que ele sofreu pouco homofobia. Ele sabe o que é, e sabe dos privilégios dele. Tem gente que finge que não é gay pra não morrer", finaliza.