Final de Clara e Helena em Vai na Fé será surpreendente, diz Priscila Sztejnman
Em entrevista, atriz revela que previsão era de que a personagem morresse após 3 meses na novela
Publicado em 11/08/2023 às 04:00,
atualizado em 11/08/2023 às 12:15
“Fazer novela é um excelente exercício de administrar expectativas, porque é como a vida real: você não sabe qual será o próximo movimento”, diz Priscila Sztejnman. Para a atriz de 35 anos, as expectativas foram amplamente superadas. Sua personagem Helena deveria ser pequena, mas acabou se tornando um dos destaques de Vai na Fé, que termina nesta sexta-feira (11).
Em entrevista exclusiva ao NaTelinha, Priscila Sztejnman conta que Helena duraria pouco na trama. “Quando fui convidada para o papel, ela só ia ficar três meses na novela e tinha até previsão de morrer na história”, revela. Só que o casal formado com Clara (Regiane Alves) conquistou o público e um fã-clube apaixonado, que garantiu vida longa à personagem.
As duas também se viram no centro da maior polêmica da novela: os primeiros beijos foram vetados pela direção da Globo. A censura causou revolta e a comoção nas redes sociais permitiu que o beijo saísse. “O casal Helena e Clara representa muitas meninas e mulheres que não querem e muito menos precisam mais viver dentro do armário”, avalia a atriz.
Quem “shippa” Clarena – apelido que o casal ganhou entre os fãs – aguarda ansiosamente o último capítulo, que vai ao ar hoje à noite. As duas devem se casar e aparecer morando juntas nos momentos derradeiros da história. “Posso adiantar que o final é surpreendente, lindo e emocionante”, antecipa Priscila, que também trabalhou como roteirista na Globo por 12 anos.
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Leia a entrevista com Priscila Sztejnman:
NT: Que balanço faz do trabalho como Helena em Vai na Fé?
Sinto que Helena é uma mulher necessária por questionar padrões que precisam ser desconstruídos. Os textos das cenas de Helena traziam sempre pautas urgentes como representatividade, feminismo e sororidade.
Eu sentia que o meu desafio enquanto atriz era defender temas fortes de maneira leve, questionar padrões sociais sem hostilizar ou me colocar como a dona da verdade, e sim de um jeito horizontal; criticar com um olhar construtivo, acolhedor e otimista. Busquei ir sempre para um caminho que pudesse transcender.
NT: Esperava que a personagem tomasse essa proporção?
“Helena foi uma surpresa ascendente maravilhosa. Quando fui convidada para o papel, ela só ia ficar três meses na novela e tinha até previsão de morrer na história. Com o tempo ela conquistou espaço e o público de uma maneira muito linda.”
Priscila Sztejnman
Eu só tenho a agradecer. Encerro esse ciclo com sentimentos maravilhosos de missão cumprida, realização, gratidão e principalmente gostinho de quero mais.
NT: O casal com Clara ganhou muitos fãs nas redes sociais. Na sua opinião, por que houve tanta identificação?
Por uma necessidade que temos de representatividade. A dramaturgia tem de certa forma a função de ser um espelho da sociedade, de criar esse diálogo entre o público e a obra. Todos nós queremos nos ver, nos identificar. E isso é um acerto nessa novela como um todo.
“O casal Helena e Clara representa muitas meninas e mulheres que não querem e muito menos precisam mais viver dentro do armário. São pessoas que querem amar, ser amadas livremente e respeitadas por suas escolhas. E eu tenho muito orgulho de fazer parte dessa história.”
Priscila Sztejnman
NT: Por algum tempo, houve toda a comoção em torno do beijo. Acha que a polêmica contribuiu de alguma forma no combate ao preconceito?
O público se manifestou e foi escutado. Por ser uma obra aberta, a novela é uma narrativa viva, permeável e tem a capacidade de ser construída de acordo com a resposta do público. Foi uma grande comemoração quando o beijo foi ao ar.
NT: Pode nos adiantar algum detalhe sobre o fim de Clarena?
“A história da relação delas foi uma bela montanha russa, como é todo relacionamento. Posso adiantar que o final é surpreendente, lindo e emocionante!”
Priscila Sztejnman
NT: E como você avalia a trajetória e o desfecho da personagem? Foi o que você esperava?
Fazer novela é um excelente exercício de administrar expectativas, porque é como a vida real: você não sabe qual será o próximo movimento. Acredito que trabalho do ator é defender seu personagem em cada desafio proposto pelo texto e direção. E isso acontece com estudo e em chegar para um dia de trabalho disponível e disposta para se jogar no abismo das emoções.
Gosto bastante de toda a trajetória da Helena na história. Eu mergulhei nela e foi uma alegria.
NT: Conte sobre os projetos em que você está envolvida atualmente, com o fim da novela.
Estou lendo alguns textos de peças de teatro, filmes… Estudando possibilidades para os próximos movimentos. Vem muita coisa boa por aí. Estou também me reconectando com meus projetos como autora. Preparei um cardápio de projetos que os produtores do audiovisual estão interessados.
Trabalho chama trabalho e vou seguir me multiplicando como artista e realizadora. Quero seguir conciliando minha carreira de atriz e de autora em todas as vertentes: novela, cinema, série, teatro. Gosto de estar em movimento, sempre plantando ideias para colher realizações.
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