Entrevista exclusiva

Autor de Malhação elege melhor temporada e opina sobre possível volta da novela

Malhação ID, "a do Fiuk", acaba de chegar ao Globoplay e está entre as mais lembradas, mas teve problemas, segundo Ricardo Hofstetter


Malhação ID
Fiuk encabeçou elenco de Malhação ID, que chegou na semana passada ao Globoplay - Foto: Divulgação/Globo
Por Walter Felix

Publicado em 13/01/2023 às 05:15,
atualizado em 13/01/2023 às 09:00

Ricardo Hofstetter foi, por anos, integrante do time de roteiristas da Malhação. Além das vezes em que atuou como colaborador, assinou três temporadas como autor titular: a de 2003, com Sérgio Marone; a de 2004, da Vagabanda; e que foi ao ar entre 2009 e 2010, intitulada Malhação ID. Esta, protagonizada por Fiuk em início de carreira, chegou na semana passada ao Globoplay.

Em publicação sobre a volta de Malhação ID, Ricardo Hofstetter foi sincero: não a considera a melhor temporada da novela sob sua autoria. “Houve um problema no início: a ideia não funcionou e tivemos que mudar. Isso atrapalhou um pouco os números. E, em novelas, quando uma audiência começa mal, é difícil recuperar”, comenta, nesta entrevista ao NaTelinha.

Ele elege sua temporada preferida – que também teve o maior Ibope e é a queridinha de muitos fãs nostálgicos da novela da Globo. Ele também lembra o susto que levou ao saber da decisão da emissora de colocar um fim à atração, em 2020, após 25 anos no ar. O roteirista também opina sobre uma possível volta do programa e dá detalhes sobre o atual momento da carreira, com foco no cinema e no streaming.

Leia a íntegra da entrevista com Ricardo Hofstetter

Autor de Malhação elege melhor temporada e opina sobre possível volta da novela

NaTelinha: Há 20 anos, você assinou pela primeira vez como titular de uma temporada de Malhação. O que isso significou para sua carreira?

Ricardo Hofstetter: Foi uma passagem natural. Comecei como colaborador, depois passei a escaletador até chegar a autor-principal. São duas as mudanças que mais se sente: a responsabilidade aumenta absurdamente; mas você passa a ser visto pela emissora como um potencial gerador de conteúdo e realizador. Sem dúvida, foi um up na carreira.

NT: Em uma publicação sobre a chegada de Malhação ID ao Globoplay, você comentou que esta não foi a melhor temporada que você escreveu. Por quê?

Ricardo Hofstetter: Houve um problema no início. A ideia de levada da novela, proposta pelo diretor geral, meu querido, saudoso e infelizmente já falecido Mário Márcio Bandarra (1955-2021), não funcionou e tivemos que mudar. Isso atrapalhou um pouco os números. E, em novelas, quando uma audiência começa mal, é difícil recuperar. Mas no final deu tudo certo e conseguimos uma audiência até acima da esperada pela emissora.

Pelo lado artístico, entretanto, foi maravilhoso. Tivemos um elenco incrível e lançamos o Fiuk como ator (antes era só cantor). Contamos também com as atuações preciosas da Cristiana Peres (hoje Ubach), Leandro Hassum, Caio Castro, Júlia Bernat e seu pai Isaac, Olívia Torres, Flávio Bauraqui, Johnny Massaro, Zé de Abreu, Virgínia Cavendish, Graziela Schmitt e muitos outros, todos fantásticos. É uma fase que vale a pena assistir.

NT: Como era esse projeto inicial e o que foi alterado?

Ricardo Hofstetter: Foi uma experiência somente na forma de gravar. Era uma câmera nervosa, na mão, que "entrava" no meio das cenas; e os atores podiam dizer o texto do seu jeito. Não funcionou e o ritmo das cenas desandou. Aí voltamos ao padrão TV aberta e tudo se resolveu.

NT: Mudaria algo na trama? O que faria de diferente?

Ricardo Hofstetter: Não mudaria nada na história. A trama possibilitou discutir assuntos importantes como desigualdade social, corrupção, desvio de verbas públicas e preconceito, assuntos, infelizmente, ainda atualíssimos. Fizemos uma apresentação dos personagens principais diferente, com cada um deles se apresentando diretamente para a câmera, o que deu muito certo. Brincamos com o stand-up comedy, que estava começando na época, e o quadrilátero amoroso com Bernardo, Cristiana, Bia e Tati funcionou muito bem. Foi uma fase muito divertida. Como disse antes, vale a pena assistir.

NT: Das que você escreveu, qual considera a melhor? Consegue escolher?

Ricardo Hofstetter: Foi a de 2004, a fase da Vagabanda, que também foi a de maior audiência histórica do programa, conseguindo média de 32 pontos e, em alguns dias, batendo a audiência da novela das oito. Foi a primeira fase em que os personagens principais eram músicos e acho que a entrada da música na trama agregou muito valor à história. Fizemos histórias memoráveis e cheguei a receber uma carta de agradecimento do TCU (Tribunal de Contas da União) por conta da trama de desvio de verba da merenda escolar em escolas públicas.

Lançamos nomes como Marjorie Estiano, Juliana Didone, Danielle Suzuki, Guilherme Berenguer, Humberto Carrão, Ícaro Silva, Laila Zaid, Bruno Ferrari, João Velho, Graziela Schmitt e Pedro Nercessian e tivemos as participações especialíssimas dos mais experientes André de Biase, Cissa Guimarães, Flavio Bauraqui, Íris Bustamante, Milton Gonçalves, Mônica Torres, Nuno Leal Maia, Raul Gazolla, Ricardo Petráglia, Stepan Nercessian e Tássia Camargo. Ficamos um ano no ar. Foi uma fase inesquecível. Até hoje as pessoas vêm me dar os parabéns. Isso é muito gratificante.

Malhação
Malhação 2004, com Juliana Didone, Guilherme Berenguer e Marjorie Estiano, é a preferida do autor - Foto: Divulgação/Globo

NT: Como você recebeu a notícia do fim da Malhação, em 2020? Como avaliou a decisão da Globo?

Ricardo Hofstetter: Por um lado foi um susto. Malhação já fazia parte da grade permanente da Globo, junto com as novelas das seis, sete e oito (ou nove, mais recentemente). Por outro lado, o mercado audiovisual mudou muito com a chegada dos streamings e o público mudou junto. Não conheço exatamente os motivos da Globo para acabar com a novela, mas é grande a chance de terem tomado a decisão correta. Mas fica a saudade...

NT: Você acredita que a Malhação pode voltar no futuro? Ou mesmo alguma novela nos mesmos moldes, para o público jovem, no fim de tarde?

Ricardo Hofstetter: Não sei se hoje daria certo na TV aberta. Como já disse, o público mudou muito. Mas em streaming com certeza funcionaria, especialmente com uma levada mais de série. Fica a sugestão para os streamings.

NT: Fale sobre seus trabalhos e projetos para 2023.

Ricardo Hofstetter: Estou montando uma produtora com mais três sócios para produzir, inicialmente, filmes para cinema e streaming. O objetivo é produzir três por ano. Já gravamos e estamos editando o primeiro, a comédia romântica Casos & Casais, roteiro meu, com a Julianne Trevisol, o Bruno Garcia e o Hamilton Dias. Alguns roteiros meus também estão com outras produtoras em vias de serem produzidos. Vamos rezar para que 2023 seja um bom ano para o audiovisual. Bom 2023 para todos!

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