Ex-Disney entra em "Bom Sucesso" e elogia novela: "Reflete a realidade sem preconceitos"
Daniel Warren apresentou o "Art Attack" no Disney Channel: "Uma geração assistiu"
Publicado em 06/09/2019 às 04:59
Quem aí não se lembra do apresentador do "Art Attack"? Ele é Daniel Warren, que também é ator e professor e esteve à frente do programa da Disney entre 2000 e 2012.
O programa de artes também era exibido no SBT (antes das 6h) quando o canal de Silvio Santos manteve parceria com o estúdio até 2004 e usufruía do conteúdo Disney.
Warren esteve na novela "Deus Salve o Rei" no ano passado interpretando Orlando, e agora se prepara para causar em "Bom Sucesso", novela que ganhou o público na faixa das 19h30.
Na história, ele será Jorginho, pai de Sofia (Valentina Vieira), mas gay e casado com um italiano que mora em Londres. Sua participação, contudo, será a partir do capítulo 50. Nesta sexta-feira (6), vai ao ar o de número de 35.
Em entrevista ao NaTelinha, ele fala sobre o sucesso que "Bom Sucesso" vem fazendo e se mostra encantado com os autores Rosane Svartman e Paulo Halm. "Estão colocando a trama num patamar contemporâneo de um jeito delicado e sensível", analisa.
O ator também não poderia deixar de relembrar seu tempo no "Art Attack", programa que fez tanto sucesso no Disney Channel. "É realmente uma geração toda que assistiu... Fico muito, muito honrado de encontrar gente que me conta que o programa e a maneira que eu apresentava fez com que o interessa pelas artes começasse e ficasse sempre em suas vidas", agradece.
Confira a entrevista na íntegra:
Você praticamente emendou um outro trabalho no outro. Engatou "Bom Sucesso" após "Deus Salve o Rei", mas seu personagem, Jorginho, ainda não entrou na história prometendo causar o que promete. O que o público pode esperar dele?
Daniel Warren - O Jorginho vai entrar na trama a partir do capítulo 50, então ainda tem um tempinho até aparecer... Ele é pai da Sofia (Valentina Vieira). Ele e Nana (Fabiula Nascimento) são amigos de longa data e resolveram ter uma filha juntos. Um dado importante é que Jorginho é gay, casado com um italiano, mora em Londres. Apesar de morar longe, tem uma relação muito boa com a filha e com Nana.
Como foi o convite pra participar de "Bom Sucesso"?
Daniel Warren - O Fábio Zambroni, produtor de casting na novela, me contatou e fez o convite! Fiquei muito, muito feliz! Principalmente por ser um papel totalmente diferente do que fiz em "Deus Salve o Rei", onde estava na chave da comédia. Conversando com o Luiz Henrique Rios, diretor geral da novela, fiquei sabendo que queriam um ator que tivesse um perfil mais delicado e sensível para o pai da Sofia.
A novela está agradando o público e alcançando índices superiores aos 30 pontos na Grande São Paulo. A que se deve?
Daniel Warren - Como ainda não entrei na novela, meu trabalho tem sido assistir tudo! (risos). Então tenho experiência de causa pra falar que está realmente muito boa! Estou verdadeiramente encantado com os autores Paulo Halm e Rosane Svartman. Em como estão colocando a trama num patamar contemporâneo de um jeito delicado e sensível.
Primeiro colocando a questão da leitura, dos livros, como protagonista. Depois a questão da aproximação entre as classes sociais de um jeito essencial e humano, através de uma questão de vida/morte. Acho que o que mais encanta o público é que as questões, os personagens estão sendo colocados com muita sensibilidade e ao mesmo tempo muita naturalidade. Já perdi a conta de aspectos que não são colocados de maneira didática e sim, de maneira humana. A última que me lembro foi o beijo entre os personagens Pablo (Rafael Infante) e Willian (Diego Montez): não houve preparação, não houve estardalhaço, apenas aconteceu, por que isso é uma coisa natural e faz parte da vida. Pra mim esse é o grande trunfo da novela, ela se propõe a refletir nossa realidade sem preconceitos, sem julgamentos.
Seu rosto é bastante conhecido entre os mais velhos por apresentar o "Art Attack", da Disney, que também foi exibido no SBT. Como é olhar para trás e ter deixado um legado desse tamanho e ter uma memória afetiva das pessoas?
Daniel Warren - Mais velho! (risos). Ai, ai, ai, eu que estou ficando velho (risos)... Mas é verdade! Estou encontrando agora pessoas que assistiram o "Art Attack" e que estão já casadas, com filhos, na faculdade. O "Art Attack" passou de 2000 a 2012 comigo então é realmente uma geração toda que assistiu...Fico muito, muito honrado de encontrar gente que me conta que o programa e a maneira que eu apresentava o programa fez com que o interesse pelas artes começasse e ficasse para sempre em suas vidas.
Fazendo todos aqueles trabalhos manuais no "Art Attack", parecia fácil. Você sempre teve talento pra esse tipo de arte manual?
Daniel Warren - Sempre fui pra área das artes, desde a escola, onde comecei a fazer teatro com 7 anos e nunca mais parei. Fui professor de teatro e artes durante 15 anos e nesse período, aprendi muito! Me aprofundei na didática mas também aprendi muita coisa que queria ensinar. Não sei se isso é talento. Acho que é mais curiosidade e interesse.
Teve algum episódio que algo não saiu como o planejado e deixou de ir para o ar ou teve que ser regravado?
Daniel Warren - Além do "Art Attack", também fiz entre 2012 e 2016 o "Click", que ainda está no ar no Gloob, da Globosat.
O "Click" é um programa idealizado por mim, e portanto, tinha mais autonomia sobre as manualidades que estavam sendo apresentadas e tudo que se relacionava ao programa. Fui apresentador e também estive em todas as fases da produção, desde o desenvolvimento do projeto, desenvolvimento dos roteiros, a criação das artes, e tudo o mais, com a Produtora Nalaje Filmes.
O processo de gravar um programa que ensina o passo a passo é bem complexo, pois antes de ir pro set a gente tem que testar todas as etapas e a apresentação do produto final... Então quando a gente vai pra gravação já está muito preparado. Não me lembro de alguma coisa que tivemos que regravar. Posso dizer que antes, na fase da preparação, sim, tivemos muitas ideias que não entraram pois se tornaram inviáveis, principalmente por serem complexas de serem mostradas.
Como era a rotina de gravações no "Art Attack"? Sente saudade desse tempo? Do que você não sente falta daquele tempo, aliás?
Daniel Warren - As primeiras temporadas do "Art Attack" foram gravadas na Inglaterra, onde o programa foi produzido originalmente. Foi muito, muito legal morar por lá esse tempo. Cada temporada eu ficava três meses e tive a oportunidade de conhecer o modo de produção dos ingleses, fora conhecer a Europa também.
Depois o programa começou a ser gravado na Argentina e foi outra fase muito legal! A produção de audiovisual sempre é muito intensa e a gente convive de um jeito muito próximo durante o período de gravação. Não tem como não se tornar uma espécie de família. E é claro que sempre surgem brincadeiras e piadas internas.
Durante as gravações do "Art Attack" em Buenos Aires, eu tinha uma mesinha perto do set onde eu costumava passar o texto antes de cada take. E eu sempre levava coisinhas pra comer que deixava ali: uma barra de cereal, uma fruta, um café, etc... Em Buenos Aires existem os quioscos, que são pequenas vendinhas, balcões, onde se vende esse tipo de coisa, chocolates, doces, chicletes... Então eu falava que ali era o Quiosco do Daniel e vendia meus produtos pra equipe... Enfim, o pessoal achava a maior graça a ponto de um dia o pessoal da arte fazer uma placa pra eu colocar no meu "Quiosco"...
Hoje em dia não há mais tanto espaço na TV aberta para crianças como na sua época. Como enxerga essa mudança?
Daniel Warren - A programação infantil migrou da TV aberta para fechada muito por causa das regras da publicidade direcionada às crianças. Isso inviabilizou comercialmente programas na TV aberta. E abriu um mercado imenso para os canais fechados, onde hoje a maior audiência (primeiro e segundo lugares) vem sendo disputados por canais infantis.
Essa questão é complexa e tem muitos aspectos a serem analisados, mas pra mim o mais importante deles é conseguir equilibrar qualidade e conteúdo relevante com os aspectos comerciais. Existem muitas experiências que conseguiram equalizar essa questão e são bem sucedidas tanto no conteúdo quanto no aspecto comercial. Porém, vejo que nos últimos anos esses projetos tem diminuído. Não sei se pela crise econômica e falta de investimento... Mas é crucial lutarmos e defendermos toda iniciativa que incentive e cultive a qualidade do conteúdo infantil perante interesses econômicos.