Agressão a cadeirante e racismo: Volta de “Por Amor” desafia o politicamente correto
Reprise estreia hoje no "Vale a Pena Ver de Novo"
Publicado em 29/04/2019 às 12:45
A volta de "Por Amor" nesta segunda-feira (29) na faixa de reprises da Globo, o "Vale a Pena Ver de Novo", deve desafiar o politicamente correto instalado no Brasil nos últimos anos, principalmente por conta de várias polêmicas que a novela tratou ao longo de sua exibição.
O folhetim foi escolhido como substituto de "Cordel Encantado" e poderá sofrer represálias por conta de seu estilo típico dos anos 90.
O NaTelinha preparou um especial relembrando os cinco temas tratados em "Por Amor" e que poderão sofrer nas mãos da patrulha do politicamente correto logo que a novela estrear nas telas.
Confira:
A troca de bebês
A maior lembrança de "Por Amor" já pode ser considerado controverso para os tempos atuais. A troca de bebês promovida por Helena (Regina Duarte), que substitui o bebê morto de sua filha Maria Eduarda (Gabriela Duarte) pelo seu próprio filho recém-nascido, pode promover uma série de polêmicas.
Vale lembrar que, para confirmar a troca, a protagonista contou com a ajuda do médico César (Marcelo Serrado). Atualmente, há o risco do CRM (Conselho Regional de Medicina) emitir nota de repúdio afirmando que médicos jamais participariam desse tipo de emboscada que fere a ética profissional e que a novela poderia estar prestando um desserviço para o grupo.
Por Amor foi uma novela polêmica, mesmo em 1997. A trama central, de César e Helena, também foi alvo de nota da classe médica, porém, sem acusar a novela de desserviço. “Trata-se de um médico ilícito e antiético, um mau exemplo para os profissionais”, dizia o texto na época sem fazer qualquer juízo de valor da novela.
Agressão a cadeirante
Certamente o público lembra de uma das cenas icônicas da produção. Trata-se de Maria Eduarda (Gabriela Duarte) jogando Laura (Viviane Pasmanter) na piscina. Na ocasião, Laura estava em cadeira de rodas.
Atualmente, a reprise pode correr o risco de receber a patrulha de diversos grupos que defendem os cadeirantes e quem sofre algum tipo de deficiência, afinal, uma agressão a quem sofre algum problema de ordem física é impensável nos tempos de hoje.
Racismo
Tema recorrente no atual momento da sociedade brasileira, o racismo também pode sofrer patrulha no folhetim de Manoel Carlos. Isso porque, o personagem Wilson (Paulo César Grande) se relacionava com Márcia (Maria Ceiça) ao longo da novela, mas se recusava a ter um filho com ela. Ele era louro e ela, negra, por isso ele temia que a criança nascesse negra.
A notícia pode parecer exagerada, mas não é. "Segundo Sol", de João Emanuel Carneiro, sofreu nas mãos da trupe do politicamente correto. O folhetim foi acusado de “embranquecimento” da Bahia ao não escolher praticamente nenhum ator negro para o elenco protagonista.
Agressão a mulheres
Outro ponto que novelas dos Anos 90 exibia aos montes, mas que tem sido deixado de lado por conta do politicamente correto é a agressão às Mulheres. Em dado momento, Marcelo (Fábio Assunção) agride violentamente Maria Eduarda (Gabriela Duarte). Mesmo assim, o casal termina juntos na novela.
Um plot parecido foi utilizado em "O Outro Lado do Paraíso", em que a protagonista Clara (Bianca Bin) perdoou e chegou a ficar balançada por Gael (Sérgio Guizé). O perdão e a possível volta do casal foram muito criticados nas redes sociais e até por grupos feministas.
Frases de Branca Letícia
A vilã de Susana Vieira foi responsável por várias frases icônicas, mas que atualmente podem ser mal interpretadas pelo público militante. “Qualquer defeito em uma pessoa é perdoável, menos a pobreza”, diz a vilã em determinado momento. Isso pode provocar a ira dos defensores das classes menos favorecidas.
Por falar em briga de classes, Branca Letícia parecia ter certo prazer em perseguir um grupo profissional. "Que foi filhinha? Quer um autógrafo? Tô bonita? Essas empregadinhas suburbanas me adoram, né? Tão sempre me olhando como se eu fosse uma artista de televisão" é apenas um dos momentos em que a personagem persegue as empregadas domésticas.
Em outro ponto, calmamente, a personagem de Susana Vieira senta-se e pede para a empregada: "Zilá, conte um pouco de sua vida para eu me distrair". Certamente esse tipo de atitude, mesmo vindo de uma vilã pode atrair a ira de associações de domésticas.
A trama de Manoel Carlos terá pela frente um grupo de internautas que costuma reclamar bastante. Mas vale lembrar que, com a queda da vinculação etária para a classificação indicativa, o folhetim não deverá ter problemas com o Ministério da Justiça.