Futuro da TV

Globoplay aposta em app nativo para revolucionar a TV aberta no Brasil

Televisão aberta na internet parece ser um caminho sem volta


Logotipo do Globoplay
Globoplay pode mudar o jeito de se ver TV aberta no Brasil - Foto: Divulgação

O Globoplay anunciou nesta semana um acordo inédito com fabricantes de televisores para que o aplicativo passe a fazer parte dos novos modelos de aparelhos, ao invés de entrar na lista de apps da SmarTV. A mudança é planejada pelo Grupo Globo desde que houve a decisão de investir no serviço de streaming e pode ser o caminho do futuro para a TV aberta, fugindo da concessão e garantindo espaço na TV da internet.

O movimento vai muito além que garantir comodidade aos assinantes para acessar a plataforma, mas é uma tentativa de deixar empresas de comunicação capazes de ter sua própria TV sem a necessidade da dependência de uma concessão governamental. Como não existe regulamentação da internet, qualquer empresa pode lançar uma TV na internet e a Globo tenta sair na frente para alcançar a maior parte da população brasileira.

“A grande inovação dessa parceria é a construção de uma nova experiência de assistir TV. É o que chamamos de TV híbrida. Criamos uma ponte entre a transmissão de TV aberta da Globo, recebida pela antena, com o Globoplay, que está conectado na internet. Com isso começamos a derrubar a barreira existente entre o consumo linear de TV aberta e on demand do Globoplay, colocando de vez a Globo na mãos dos consumidores”, contou Raymundo Barros, diretor de Tecnologia da Globo, ao anunciar a parceria com empresas que fabricam televisores.

Essa mudança, segundo explicação de técnicos da Globo, irá revolucionar a forma como o público assiste TV no Brasil. No futuro, nas novas TVs 4K e 8K, por exemplo, será possível ter esses conteúdos ao vivo em HD pelo ar e, utilizando o recurso da TV hibrida no Globoplay, esse mesmo conteúdo estaria disponível em live streaming sincronizado em 4K ou 8K pela internet.

TV aberta na internet

Globoplay aposta em app nativo para revolucionar a TV aberta no Brasil

O Globoplay já oferece a programação ao vivo da Globo pela internet e em tempo real, mas ainda trata-se de um aplicativo. Agora, a grande sacada é que chegando a televisores de pelo menos quatro marcas diferentes já pré-instalada, a plataforma garante um avanço importante porque haverá um botão no controle remoto dos eletrodomésticos que garantirá ao telespectador acessar a programação ao vivo da emissora carioca com um único clique.

Embora seja considerado um grande avanço, ainda é cedo para cravar que esta seja o novo modelo da televisão aberta no Brasil. Isso porque existem alguns problemas a serem contornados e que vão muito além da capacidade das emissoras. Um deles é o fato de que o alcance da internet para a população brasileira está muito longe da TV aberta via concessão. Estudos mostram que, em 2018, quase 50 milhões de brasileiros ainda não tinham acesso à internet. Isso representa mais de 20% da população, o que a coloca ainda bem abaixo do alcance da TV aberta, em que mais de 95% da população acessa diariamente, segundo levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Outra situação a ser resolvida é a qualidade da internet brasileira. Embora tenha avançado nos últimos anos, ainda há muitos lugares, principalmente no interior do Brasil, em que a velocidade de conexão é considerada muito abaixo do necessário para entregar produções com a qualidade de imagem. Se já é difícil para o Globoplay com suas séries e novelas gravadas, ao vivo tudo se torna ainda mais complexo.

Globo e Bolsonaro

Globoplay aposta em app nativo para revolucionar a TV aberta no Brasil

A Globo está em pé de guerra com o presidente Jair Bolsonaro, que já ameaçou mais de uma vez não renovar a concessão da emissora em 2022. Mas o movimento do Globoplay não chega a ser um plano B para o caso da ameaça se cumprir. Nenhum diretor da cúpula do Grupo Globo acredita que o presidente teria condições de fato de tirar o sinal da emissora.

Até porque, embora faça parte das decisões de um presidente a manutenção ou não da concessão de TV, a legislação não dá este poder isolado a ele. Caso Bolsonaro tente o movimento, ele terá de viabilizar a aprovação do Congresso Nacional para acabar com o sinal da Globo. E é nisso que a empresa aposta, já que tem bom relacionamento com a classe política e dificilmente haveria aprovação de uma decisão assim.

O Globoplay como TV aberta na internet é um movimento que a Globo busca desde o início da década, seguindo uma tendência mundial. A expectativa é de que a forma como a imagem televisiva chegue na casa das pessoas mude sensivelmente nos próximos 20 anos e o Globoplay pode ser a nova Globo.

Mais Notícias

Enviar notícia por e-mail


Compartilhe com um amigo


Reportar erro


Descreva o problema encontrado