Karina Barum

De volta à TV, atriz de Torre de Babel e Esmeralda explica sumiço: "Não foi racional"

"Queria cuidar da minha filha e estar mais próxima da natureza", conta Karina Barum


Karina Barum sentada no set de A3
Karina Barum nos bastidores da série A3 - Divulgação

Atriz que ganhou notoriedade nos anos 1990 por seu papel como Shirley em Torre de Babel (1998) e depois se destacou em Esmeralda (2005), Karina Barum volta à TV na série A3, com roteiro e direção de Beto Ribeiro e produção da Medialand, que tem estreia prevista para 2020 no canal por assinatura Prime Box Brazil.

A obra ficcional gira em torno dos principais tabus femininos da classe média paulista e se passa em dois momentos: de 1927 a 1958. Casamento, desquite, e machismo são alguns dos pudores que Dona Adalgisa (Barum) enfrentará.

Em entrevista ao NaTelinha, a atriz conta como passar essa década fora da TV (ela esteve dois episódios no Tribunal na TV, em 2010, na Band): "Resolvi me afastar um pouco, mas nunca foi muito racional de parar totalmente. Eu queria cuidar da minha filha e estar mais próxima da natureza. Por isso, eu escolhi Florianópolis. Hoje, eu vivo mais no sul da ilha, que tem muitas montanhas. Vivo com meus cachorros e fico entre aqui e lá [São Paulo]. Não queria parar totalmente. O trabalho sempre foi vital para mim e me deu energia e prazer. Mas era um momento em que eu queria me dedicar a outras coisas. Mesmo reclusa, eu me envolvi com algumas produções que eu acreditava".

Segundo ela, a decisão de voltar foi natural e passou pelo incômodo de um sentimento de reclusão e também incentivada por seu agente. E ficou fascinada pelo projeto da série A3: "É o tipo de trabalho que dá aquela coceirinha para fazer e que te instiga muito. Era disso que eu estava presenciando para me atirar logo de cara. Os personagens, a história, que mostra uma tensão natural implícita na época em que a série se passa – 1950 - e percorre mais o início do século passado, em 1927. Os costumes ditavam as regras, mas junto com essa tensão, muitos personagens da história têm ironia, leveza e humor mesmo com dramas pessoais densos. Aceitei com muita gratidão e já estamos na reta final das filmagens. Aquilo que estava no papel está se transformando numa trama riquíssima".

Outra realidade dos anos 90

De volta à TV, atriz de Torre de Babel e Esmeralda explica sumiço: \"Não foi racional\"
Cena marcante em Esmeralda, em meados de 2005 - Reprodução/SBT

Quando Karina despontou na TV, o mercado audiovisual era restrito às redes abertas, o que mudou bastante com a quantidade de mídias e plataformas que produzem conteúdo.

Para a atriz, a mudança é maravilhosa: "O brasileiro é muito criativo e rico. Eu lembro que no início de carreira não tinha nem célula. Olha que louco! A gente via os testes pelo jornal e as filas de teste viravam quarteirões. A gente ficava um ou dois dias sob chuva ou sol. Lembro do teste de O Monge e A Filha do Carrasco, que eu fiquei um dia inteiro na fila, que dava voltas para fazer o filme do Walter Lima Jr. Era muito diferente. Mas dizer que era mais difícil é complicado, pois hoje em dia os atores também concorrem com um número de profissionais. Acho que cada época sofre certas dificuldades, mas ter mais de um meio faz com que o mercado cresça e temas diferentes surjam. O inconsciente coletivo trabalha muito com novas coisas. Eu vejo produções brasileiras diferentes e isso é um orgulho".

"É um mercado maravilhoso e a gente tem de honrar. Um trabalho bonito em que levamos alegria, sentimentos, pensamentos e reflexões. Acredito que a arte sempre vai crescer, mas a parte técnica realmente cresceu muito. Hoje em dia, todos nós podemos fazer nosso filminho com um celular, mas para fazer um filme é preciso ser muito bem feito com qualidades exigidas. Visualizo apenas o lado positivo", acrescenta.

Desquite

Um dos temas da série será o desquite. "A separação de corpos era permitida, mas o matrimônio permanecia. A mulher desquitada sofria mais preconceito ainda. A religiosidade se fazia muito presente e isso muda todo uma conduta de comportamento, conduta, pensamento e liberdade de expressão. Tudo isso é retratado na obra", destaca.

Um de seus papéis de destaque foi como a vilã Graziela de Esmeralda, e uma das cenas que mais marcaram foi a morte dela nos braços de Adrian. "Eu falei com algumas pessoas por esses dias, que ainda assistem novela ou já não fazem mais, e uma delas comentou que gostava de obras em que dá vontade chorar no final. Eu achei tão bonito isso. É uma coisa de panfleto mesmo. A novela tem essa carga mais dramática e acho isso muito bacana", recorda.

Em Esmeralda, Graziela teve seus ápices para Barum. "Ela começa Esmeralda sendo vilazinha, seguindo os passos da mãe e concordando com tudo o que ela fala. O estereótipo de querer casar para fazer a vida com um homem rico. A personagem embarcava nessa ideia e havia conflitos com a mãe, depois com a grande paixão de sua vida, que era o peão da fazenda. Como Graziela podia se apaixonar por alguém que não podia dar nem metade do que ela tinha? Graziela não aceitava isso, pois foi o que ele aprendeu. Esse conflito foi a novela inteira pra ela ir se transformando e no final de arrepender. A personagem chegou a esse ápice e isso é panfleto, folhetim e dramalhão. Vejo esse trabalho com muito carinho. Pra mim foi gratificante trabalha com toda a turma na época e ter conquistado carinho do fãs. Isso me marca muito", comemora.

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