Tentando ser épica, "Belaventura" exagera no conto de fadas
Novela medieval estreou na faixa das 19h30 da RecordTV
Publicado em 25/07/2017 às 21:37
A notícia de que a RecordTV pretendia lançar uma produção inspirada no fenômeno “Game of Thrones” corria internet afora há pelo menos um ano, e a estreia nesta terça-feira (25) da novela “Belaventura” deu aos telespectadores a chance de confirmar a ambição da emissora de Edir Macedo ao retomar a sua teledramaturgia das 19h após um hiato desde “Escrava Mãe”, em 2016.
Pelo menos em seu primeiro capítulo, “Belaventura” não economizou nas pretensões épicas, mas claro, sem a ousadia da sua inspiradora norte-americana, que vem reinventando o gênero cavalaria medieval através de muito sexo e cabeças decapitadas.
Escrita por Gustavo Reiz, jovem autor em ascensão na RecordTV, responsável por “Sansão e Dalila” e “Escrava Mãe”, além de ter adaptado para o teatro os best-sellers da escritora juvenil Thalita Rebouças, “Belaventura”, ao longo do seu capítulo de estreia, desperta o comichão: a novela realmente se inspirou em “Game of Thrones” ou foi apenas jogada de marketing? Caso a inspiração seja confirmada, vêm outras perguntas de lambuja: por que e para quê uma trama na TV brasileira ambientada na Idade Média?
Imediatamente o telespectador é apresentado ao reino que dá nome à novela, cujo novo rei será escolhido por meio de um torneio. O maléfico duque Severo (Floriano Peixoto) e o benevolente duque Otoniel (Kadu Moliterno) se enfrentam, sendo Otoniel o vencedor. Neste ínterim, a camponesa Pietra (Rayanne Morais) encontra o príncipe Enrico (Bernardo Velasco).
Ambos juram amor eterno, e em meio a um desfile de nobres, mestres, lacaios, plebeus, menestréis e bobos da corte (este interpretado por Eri Johnson), além das intrigas palacianas produzidas pela família de Severo, a trama se desenrola com notáveis esforços por parte do diretor Ivan Zettel, que tenta, com algum cuidado, conduzir a direção de arte, a cenografia, o figurino e a edição, muitas vezes cambaleantes.
Até o telespectador mais desatento pôde perceber a reunião de todos os clichês medievais possíveis em “Belaventura”, unidos ao tratamento teatral que a RecordTV confere às suas tramas de época. O texto empolado grita na boca até dos atores mais experientes, como Paulo Gorgulho e Giuseppe Oristânio.
O trabalho de Gustavo Reiz à frente de produções adolescentes pode explicar a artificialidade do texto e o gosto exagerado pelo conto de fadas. Mas a coluna se permite lançar uma última reflexão. Talvez será através desses excessos que “Belaventura” encontrará o seu público, assim como as novelas bíblicas da emissora encontraram o seu.
Ariane Fabreti é colunista do NaTelinha. Formada em Publicidade e em Letras, adora TV desde que se conhece por gente. Escreve sobre o assunto há oito anos.



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