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Divertida e bem feita, "Novo Mundo" traz a aventura de volta ao horário nobre
Por Redação NT
Publicado em 23/03/2017 às 09:40
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Novela-nostalgia de toda uma geração, “Que Rei Sou Eu?”, de Cassiano Gabus Mendes, exibida na Globo em 1989, introduziu o estilo capa-e-espada na teledramaturgia com humor e crítica social, diferente do romantismo exacerbado das novelas de mesmo gênero produzidas pela TV Tupi décadas antes. Apesar do sucesso, o realismo veio com força nos anos 90, fazendo a emissora carioca investir nas histórias contemporâneas.
De uns anos para cá, com Hollywood voltando o olhar para as narrativas de aventuras como as séries “Game of Thrones”, “Once Upon a Time”, “Outlander” e a franquia “Piratas do Caribe” (em sua quinta continuação este ano), a Globo decidiu se arriscar novamente com o lançamento de “Novo Mundo”, novela das 18h cujo primeiro capítulo foi ao ar nesta quarta-feira (22).
Escrita por Alessandro Marson e Thereza Falcão, antes colaboradores de algumas tramas na Globo e na concorrência, “Novo Mundo” traz na bagagem as produções citadas no início, além de ecos de “Cordel Encantado” e “Joia Rara” (ambas de Duca Rachid e Thelma Guedes), mas com as inovações tecnológicas atuais, que conferem à trama um visual sujo, menos certinho, porém, sem exageros.
História ambientada no começo do século 19, quando a princesa austríaca Leopoldina (Letícia Colin) embarca rumo ao Brasil colonial para se casar com Dom Pedro (Caio Castro, aqui carismático como o príncipe mulherengo), o primeiro capítulo de “Novo Mundo” é conduzido pelo olhar de Anna Millman (Isabelle Drummond), amiga da princesa, enquanto o casal de atores mambembes Joaquim (Chay Suede) e Elvira (Ingrid Guimarães) embarca por engano no navio real. Joaquim e Anna se apaixonam (com direito a olhares trocados em câmera lenta, artifício que pareceria excessiva em outra produção). O romance promete iniciar uma série de confusões, fugas, duelos, enfim, cenas rocambolescas que fazem jus ao gênero.
O diretor Vinícius Coimbra, conhecido por “Ligações Perigosas” e “Liberdade, Liberdade”, também tramas de época, coloca a sua experiência em produções deste tipo a favor das cenas de ação bem coreografadas, dos cenários hiper detalhados, sem falar da câmera que se arrisca em ângulos novos para acompanhar os personagens, cuja movimentação não deixa a dever aos filmes de aventura.
A estreia divertida e bem produzida, que remonta às narrativas de Alexandre Dumas (criador de “Os Três Mosqueteiros”) e de alguns contos medievais (a plebe tentando se dar bem, como os personagens vividos por Suede e Guimarães) precisa, por enquanto, tomar alguns cuidados: a irregularidade dos sotaques confunde o telespectador (Guimarães está excelente como a atriz portuguesa atrapalhada, mas Drummond atua tensa, sem decidir para qual lado vai a sua nacionalidade. Inglesa? Brasileira?), e a lista de núcleos é, pelo o que mostra o site do GShow, extensa.
Por enquanto no comando, “Novo Mundo” precisa não deixar o leme perder o rumo, como vemos acontecer nas novelas atuais que conservam um pretenso realismo.
Ariane Fabreti é colunista do NaTelinha. Formada em Publicidade e em Letras, adora TV desde que se conhece por gente. Escreve sobre o assunto há oito anos.
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