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O que ainda esperar de um reality de confinamento?

A coluna "Enfoque NT" questiona o que o "BBB" e realities do gênero podem surpreender


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"BBB" e "A Fazenda" são os principais realities de confinamento em exibição
Mais um verão, mais um “Big Brother Brasil”. Desde 2002 no ar, o reality mais assistido do país é motivo de guerra na internet. Há a ala dos que odeiam, amam e aqueles que amam odiar ou odeiam amar o programa.
 
Tido como fútil e vazio pelos 'pseudo-intelectuais', o formato de reality de confinamento foi uma verdadeira febre no início dos anos 2000, criando genéricos, sátiras e sendo alvo de estudos por psicólogos e sociólogos no que tange ao aspecto comportamental. 
 
 
Lá se vão 15 anos desde o primeiro do gênero, a “Casa dos Artistas”, comandado por Silvio Santos no SBT. E fica a pergunta: por qual razão eles ainda perduram? O “BBB” caminha para a décima sexta edição, enquanto “A Fazenda” chegará ao total de nove temporadas em 2016.
 
De reality, só o texto
 
É muito comum dizer que nesse tipo de programa, as pessoas “tem que ser elas mesmas”, ou usar e abusar desse argumento ao longo do jogo. Afinal, na teoria é um reality show e nada mais natural que esse show de realidade conte com personagens reais.
 
Mas devemos reiterar que, de “reality” mesmo num “BBB”, por exemplo, é só o texto, como o próprio Boni já classificou. Quem aí você conhece que se trancou com mais de uma dúzia de participantes dentro de uma casa para realização de provas, de onde apenas um se consagraria vencedor? 
 
 
O que empolga o telespectador nesse universo, são as reações adversas que os participantes podem vir a ter. O teste é consigo mesmo. Psicológico. Até o limite, em situações criadas pela produção na garantia de despertar em alguém ali, alguma coisa que gere interesse por parte de quem assiste. E quase sempre consegue. 
 
Mecanizado 
 
Ao longo dos anos, a pessoa que se propõe a entrar nesse tipo de programa já sabe muito bem o que fazer, e como fazer. O formato perdeu a espontaneidade dos primeiros anos, onde as pessoas (ou a maioria delas) entrava sem saber como seria a reação aqui fora em relação ao que faziam lá dentro.
 
Depois de 15 “BBBs”, três “Casa dos Artistas” e oito “A Fazenda”, além de outros com menor expressão, ficou cada vez mais previsível o que causa rejeição e o que pode agregar na trajetória de um participante. As atitudes e estratégias surgem cada vez mais óbvias e uniformes, sem grandes atrativos.
 
 
Do ponto de vista comportamental, o “BBB” e “A Fazenda” sempre serão uma caixinha de surpresas porque os protagonistas são seres humanos. Mas cada vez menos surpresas e reações espontâneas verdadeiramente aparecem. Virou um jogo de xadrez.
 
Afinal, o que esperar?
 
O esgotamento da fórmula é iminente. Entretanto, a Globo, mesmo diante das adversidades, consegue vender esse formato de uma maneira que ninguém mais consegue. Se o “BBB” tivesse sido comprado por Silvio Santos em 2000, como lhe foi oferecido, certamente já estaria fora do ar há muito tempo. “A Fazenda” sobrevive por conta de rostos conhecidos do público (alguns, nem tanto, é verdade), prova disso é que “A Fazenda de Verão” (com anônimos), apresentado por Rodrigo Faro entre 2012 e 2013, foi um verdadeiro fiasco.
 
O mistério que a Globo realiza acerca dos que vão participar ainda atiça o telespectador da emissora. A maneira como ela conduz todo o jogo, também. O que as pessoas esperam? Certamente, apenas um programa de entretenimento, como qualquer outro.
 
Férias
 
Aproveito para informar que completo mais uma primavera (ou verão) na data de hoje e que este que vos fala tirará pequenas férias, prometendo retornar em fevereiro com novos artigos. O próximo, uma análise dos primeiros capítulos de “Êta Mundo Bom”. Até lá!
 
Thiago Forato é jornalista, escreve sobre televisão há dez anos e assina a coluna Enfoque NT há quatro, além de matérias e reportagens especiais no NaTelinha. Converse com ele: thiagoforato@natelinha.com.br  |  Twitter: @tforatto

 

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