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Antenado: Rachel Sheherazade sem opinião é censura ou bom senso?


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Divulgação/SBT

No fim de tarde desta segunda-feira (14), o SBT surpreendeu a todos da imprensa com um comunicado que dizia que as opiniões que eram emitidas no jornal "SBT Brasil" pelos âncoras Joseval Peixoto e Rachel Sheherazade seriam tiradas por tempo indeterminado.

O fato foi surpreendente, pela postura que o SBT tomou desde que os protestos contra a opinião de Rachel começaram, defendendo a jornalista e lembrando sempre que aquela era a opinião dela, não do jornal.

E, aqui entre nós: a opinião da âncora pode ser a pior do mundo, mas é a opinião dela. O SBT sempre deixou isso claro. E todos sabem que quem lançou o jornalismo opinativo neste país foi Bóris Casoy, no "TJ Brasil", criticando quem quer que fosse, até o dono da emissora, Silvio Santos, e ele nunca foi criticado severamente por isso.

Sobre Rachel, há quem diga que ela fez apologia à Justiça com as próprias mãos. O que eu entendi, vendo o vídeo várias vezes, foi que ela disse que era compreensível que a população fizesse Justiça, não que deveriam fazer. Na minha opinião, devido às proporções enormes que isso teve, foi bom o SBT ter tirado as opiniões, por ora. Elas provocaram um rebu enorme e já estava trazendo problemas para Sheherazade na internet.

Ela virou a jornalista mais execrada e odiada por uns e mais amada por outros, por "falar a verdade". Mas não é esse o propósito do texto.

No meu ver, o problema foi como as opiniões foram tiradas: com pressão de partidos como PC do B e PSOL, ameaçando cortar a verba pública em publicidade, em ano de eleição.

Chega a ser bizarro. Não é ditadura, não é censura dos anos 70, mas é a censura da opinião na televisão, por pior ou melhor que ela seja. É como Ricardo Boechat disse outro dia: a opinião dela pode ser uma porcaria, mas é a opinião dela e exclusivamente dela. Ninguém tem o direito de cala-lá, ainda mais ameaçando tirar verba governamental da emissora. É usar o sistema para colocar medo em jornalistas e fazer com que eles virem robôs, falando apenas o que lhe for previamente escrito.

É triste que tenha deputados que se utilizem disso para calar opiniões. E, ontem, em sua volta ao "SBT Brasil", Rachel estava visivelmente abalada, deu pra notar em seu rosto. Ela foi proibida de fazer o que foi contratada para fazer: emitir opiniões.

A opinião dela pode ser controversa ou reacionária? Pode, mas é a opinião dela. E opinião sempre é bem-vinda. Eu deixaria a Sheherazade falar. E você?


Gabriel Vaquer escreve sobre mídia e televisão há vários anos. Além do “Antenado”, é responsável pelo “Documento NaTelinha”. Converse com ele. E-mail: gabriel@natelinha.com.br / Twitter: @bielvaquer

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