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Direto da Telinha: "Dercy de Verdade", será de verdade mesmo?


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Divulgação

A Globo estreou nesta terça-feira (10) a minissérie "Dercy de Verdade". Em quatro capítulos e de roteiro assinado por Maria Adelaide Amaral, a trama sintetiza os mais de cem anos de idade de Dercy, que nasceu em 1907 e que faleceu em 2008.

"Dercy de Verdade" tem uma produção bastante caprichada. A repetição da parceria entre Maria Adelaide e o diretor Jorge Fernando, que haviam trabalhado juntos em "Ti Ti Ti", foi essencial para uma trama de alta qualidade tanto em texto como em técnica. Entretanto, pode-se dizer que "Dercy de Verdade" é realmente de verdade?

Particulamente questiono o fato de a Globo ter levado o projeto da minissérie sobre a vida de Dercy Gonçalves a diante. Não digo isso pelo fato do merecimento, afinal Dercy merecia isso e muito mais. Quatro capítulos é uma quantidade irrisória para se retratar um século de vida. O questionamento em si está na maneira que a Rede Globo tratou Dercy em seus últimos anos de vida.

Na época em que a Globo ainda estava ensaiando um projeto mais ousado, nos anos 60 e início dos anos 70, Dercy Gonçalves teve grande importância na emissora. Ela apresentou o "Dercy Espetacular" e o "Dercy de Verdade".

Anos depois, após passagens pela Record e Band, ela retornou ao canal carioca e emplacou novelas e séries como "Deus nos Acuda", um de seus papéis mais marcantes inclusive. A última participação notável de Dercy na Globo se deu em 1996, com o "Sai de Baixo".

Entre 1996 e 2008, ano em que sua morte ocorreu, Dercy deixou de ter importância para a Rede Globo. Foi simplesmente esquecida. Aquele nome, que foi um dos muitos que auxiliou a Globo a ser o que é hoje, passou 12 anos sem o mínimo de reconhecimento.
 


Cena de "Dercy de Verdade": Dercy Gonçalves (Heloísa Perissé) na fase jovem
ao lado de um de seus amores, Augusto (Tuca Andrada)
Foto: TV GLOBO / João Miguel Júnior


Dercy até chegou a ser contratada pelo SBT, onde teve uma ou outra participação e depois acabou indo para a "geladeira". A imprensa na época, sabe-se lá se de forma maldosa ou verídica, dizia que Silvio pagava para que Dercy não passasse perto do SBT.

O que todos sabemos é que Dercy Gonçalves, de fato, era um nome polêmico e que nem todos estavam dispostos a tê-la em seu casting. Mas os seus últimos anos de vida foram de muita injustiça por parte da mídia.

Por muitos Dercy tinha a imagem de "louca" e irreverente quando ela era muito mais do que isso. De nada adianta agora, depois de morta, querer homenageá-la. Homenagens se fazem em vida, por meio de atitudes e de respeito.

Não critico em momento algum o trabalho de Maria Adelaide Amaral, Jorge Fernando ou dos atores e técnicos envolvidos na produção, afinal esse "esquecimento" não partiu deles. A crítica é à alta cúpula das duas emissoras,  principalmente à da Globo, que agora busca fazer o que teve 12 anos para ser feito e não foi.

 

O que você achou da homenagem que a Globo está fazendo para Dercy Gonçalves? Envie um e-mail para diretodatelinha@natelinha.com.br e converse com o colunista.

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