Publicado em 07/06/2024 às 13:53:00,
atualizado em 11/06/2024 às 14:13:44
Premiado autor de novelas, Aguinaldo Silva chega aos 81 anos nesta sexta-feira (7) às voltas com o lançamento de seu novo livro, Meu Passado me Perdoa, que chega às livrarias pela editora Todavia em 10 de julho. Na obra, o roteirista fala com riqueza de detalhes sobre a sua saída da Globo, após 41 anos de contrato.
No livro, o autor de Tieta (1989) e Senhora do Destino (2004) revela que recebeu uma ligação de um funcionário qualquer da Globo às oito horas da manhã do dia 1º de janeiro de 2020. No momento, o escritor estava dormindo em um hotel de luxo em Lisboa, Portugal, logo após o Réveillon. No telefonema, Aguinaldo Silva foi informado que o contrato que venceria em 29 de fevereiro não seria renovado.
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Silva tomou a forma como a abordagem foi feita como uma tentativa de humilhá-lo ou de arrancar "uma reação de choque ou escândalo". Ele, então, pediu para que entrassem em contato no dia seguinte, às 11h, o que foi feito. Tão logo a segunda ligação foi realizada, um documento foi enviado à casa de Aguinaldo a fim de que ele aceitasse o fim do contrato.
Com a sua já característica ironia, o novelista ainda citou como reagiu ao descobrir que Fina Estampa e Império seriam reprisadas no horário nobre em razão da pandemia de Covid-19 que obrigou a Globo a fechar seus estúdios.
"Ao saber dessa notícia, mesmo de máscara e com o vidrinho de álcool em gel a postos, confesso que saí pelos corredores da minha casa a dançar o mambo. Três meses tinham se passado desde que o tal sujeito me ligara às oito horas de um dia 1º de janeiro para dizer que a emissora não estava mais interessada no meu trabalho, ou seja, me mandando à merda. E lá estava eu de novo no horário nobre!", disparou Aguinaldo Silva, classificando o episódio como "justiça divina".
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Autor de clássicos como Roque Santeiro (1985), em parceria com Dias Gomes, Vale Tudo (1988), em coautoria com Gilberto Braga e Leonor Bassères, Pedra Sobre Pedra (1992), Fera Ferida (1993) e A Indomada (1997), Aguinaldo Silva promete um mergulho em sua vasta obra.
Em Meu Passado me Perdoa, o novelista aborda a passagem como repórter de polícia do jornal O Globo, a convivência com gente como José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, Daniel Filho e Paulo Ubiratan, a prisão na ditatura militar e a influência de Jorge Amado em sua trajetória.
No livro, Aguinaldo também fala de um bastidor envolvendo Senhora do Destino, quando foi convencido pelo diretor Wolf Maya a trocar Susana Vieira por Renata Sorrah para viver a vilã Nazaré Tedesco, um marco das telenovelas brasileiras.
Além disso, o autor toca em uma ferida ainda aberta, o fracasso de O Sétimo Guardião, em 2019, que levou à sua saída da Globo meses depois. Em um capítulo de Meu Passado me Perdoa destinado ao folhetim, o escritor considera a trama como a mais problemática de sua carreira e aponta uma série de problemas internos, entre os quais as divergências com a direção da produção e da própria emissora. O aborrecimento foi tanto que Aguinaldo sequer fez questão de assistir os últimos capítulos da novela.
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