Publicado em 24/08/2022 às 04:41:00
Investidor mais antigo do Shark Tank Brasil, que estreia sua sétima temporada nesta quinta-feira (25), às 21h30, no Sony Channel, João Appolinário acumula 22 negócios ativos e que participa atualmente vindos do programa. Quem pensa que o acordo vale automaticamente quando todos dão o "ok" no ar, ledo engano. "Temos todo um trabalho de averiguação e validação das informações que foram apresentadas", diz ele em entrevista ao NaTelinha.
O "tubarão" ainda se surpreende com o que recebe no reality, mesmo depois de seis anos. "Os empreendedores chegam cada vez mais preparados, eles já escutaram, já viram o programa. Então, já chegam com as respostas das perguntas que de fato são importantes, sabendo que precisam conhecer sues negócios", elogia.
Appolinário não titubeia sobre quando questionado qual é o maior erro que os investidores cometem no Shark Tank Brasil. "Acredito que o principal erro é o 'valuation'. No programa, como regra, eu não posso abaixar a pedida, eu posso aumentar o percentual de participação. E o maior erro é quando o empreendedor chega no Shark Tank Brasil com a pedida muito alta e acaba não conseguindo um investidor", lamenta.
O presidente, proprietário e fundador da Polishop também fala sobre seu início no programa, em 2016, se assistia à versão dos Estados Unidos e que o motiva a trabalhar diariamente, mesmo não precisando mais. "Acredito que se o conhecimento não for transmitido e passado para outras pessoas, é o mesmo de ser inexistente", defende.
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Você é o Shark mais antigo. Como aconteceu o convite para integrar o time do Shark Tank Brasil e por que você aceitou na época, lá em 2016?
João Appolinário - O convite veio logo que o formato foi trazido para o Brasil. Acredito que pelo programa ter muito a ver com meu estilo, com o meu dia a dia, e com o modelo da Polishop, que combina muito com a história de startups, empresas novas, produtos inovadores, e isso tudo que envolve o empreendedorismo e que faz parte da minha história também.
Os motivos de eu ter aceitado foram três, não necessariamente nessa ordem. O primeiro é porque eu como empreendedor tenho como propósito poder passar um pouco da oportunidade que tive de ter um mentor, que foi meu pai. Eu quero dar um pouco disso para as pessoas porque acredito que é uma ajuda importante. Em segundo lugar, para mudar um pouquinho a imagem que foi criada no Brasil sobre o empresário. O empreendedor é gerador de riqueza, fazendo a economia girar, gerando emprego, correndo risco, essa é a mensagem que a gente leva estando ali no programa. E o terceiro motivo é ver empresas e startups, que já tem relação, que tenham sinergia com o que eu faço hoje, e que vão trazer bons negócios.
Esses são os principais motivos pelos quais resolvi participar, dar as caras aí na frente da televisão. Hoje eu posso levar uma mensagem diferente, ajudar pessoas a se prepararem para empreender, levar uma mentoria não só para quem participa de Shark Tank Brasil, mas também à quem estiver assistindo. E, claro, era a Sony que estava trazendo o formato para o Brasil, então não era nenhuma aventura, não era nada no qual não tivesse realmente seriedade e um modelo já testado em outros países.
Você já assistia à versão dos Estados Unidos? Ou passou a assistir depois? Ou não assiste?
João Appolinário - Sim, eu gostava de assistir o programa no Sony Channel. Gosto muito dos canais a cabo e vejo muitos programas interessantes lá de fora, entre eles Shark Tank, além de outros conteúdos de empreendedorismo que assisto sempre e trazem muitos ensinamentos.
Caso assista, ou já tenha assistido, que diferenças e semelhanças você traçaria com a versão brasileira?
João Appolinário - O formato é o mesmo, a principal diferença está no empreendedor brasileiro, que é diferente do empreendedor americano. Também acredito que os Sharks são diferentes, enquanto o americano é mais duro e direto, nós somos mais políticos e mais amigos, temos um outro comportamento.
Lá o espectador entende essa dinâmica de forma diferente do que a nossa audiência no Brasil entende, porque nós temos uma maneira diferente de nos tratar, na forma em que fazemos a mentoria e falamos com os empreendedores. A minha percepção é de que nos Estados Unidos eles são muito mais frios, enquanto nós somos muito mais latinos, muito mais emoção.
Como você acredita que o nível foi subindo? Como foi acompanhar isso ano a ano?
João Appolinário - Os empreendedores chegam muito mais preparados. Inclusive pessoas que não vão ao Shark Tank Brasil me mandam mensagens nas redes sociais falando que estão aprendendo muito com o programa. O que é comum para nós empresários do Shark Tank Brasil e para os que estão assistindo ou participando, pode ser uma novidade para quem está acompanhando e não é um empreendedor. Esse espectador começa a absorver o conhecimento e entender sobre temas que ele não tinha escutado antes.
Que nível você encontrou nesta temporada? Ainda te surpreende?
João Appolinário - Ainda me surpreendo, sem dúvida nenhuma. Os empreendedores chegam cada vez mais preparados, eles já escutaram, já viram o programa. Então já chegam com as respostas das perguntas que de fato são importantes, sabendo que precisam conhecer seus negócios, aquilo que vieram oferecer, saber seus números e trazer um “valuation” que realmente faça sentido.
Qual critério você utiliza para investir nos negócios apresentados? O que a "sardinha" tem que fazer para te seduzir?
João Appolinário - A primeira coisa é entender o empreendedor realmente conhece daquilo que ele está fazendo, eu não acredito em nenhum negócio de sucesso que não tenha um líder à frente. Até existia, há tempos atrás, negócios que não tinham essa liderança mas hoje está cada vez mais claro que é muito importante conhecer a pessoa que está à frente daquele negócio que está sendo apresentado e saber que tipo de conhecimento ela tem.
Não existe líder sem conhecimento e não existe conhecimento sem dedicação, ou seja, se você tem dedicação, você ganha conhecimento e passa a ser um líder naquilo que está fazendo. Juntamente vejo se aquele negócio tem de fato um mercado possível de escalar, porque eu penso muito na escalabilidade. Se eu não puder fazer com que aquilo realmente se multiplique por vezes e muitas vezes, realmente não me encanta.
Quais erros você elenca que a pessoa comete ao procurar vocês? E qual o principal deles?
João Appolinário - Acredito que o principal erro é o “valuation”. No programa, como regra, eu não posso abaixar a pedida, eu posso aumentar o percentual de participação. E o maior erro é quando o empreendedor chega no Shark Tank Brasil com a pedida muito alta e acaba não conseguindo um investidor. Na verdade, acredito que o dinheiro é a menor entrega que um dos Sharks pode fazer, porque o dinheiro conseguimos no mercado, mas ali existe por trás daquele Shark, uma experiência, uma expertise, um “network”, que vai mudar completamente a mentalidade do participante.
Você sabe quantos novos sócios tem desde que o Shark Tank Brasil começou? E consegue acompanhar todos eles?
João Appolinário - Sim, temos hoje, ativos e nos quais eu participo, 22. Tem também outros 12 negócios que acompanho mas que ainda não entramos devido ao momento em que aquele empreendedor está. Depois que o negócio é fechado no programa, temos todo um trabalho de averiguação e validação das informações que foram apresentadas, e às vezes precisamos esperar que aquele negócio possa receber um investimento, pois não é toda empresa que está preparada para isso. Algumas vezes a empresa tem problemas que nós, como Sharks, não podemos intervir, como instabilidades fiscais e trabalhistas. Então, a empresa tem um prazo para se adequar, ficar em ordem, para que possamos entrar e tocar o negócio da forma correta.
Já desfez alguma sociedade nesse tempo? Qual a porcentagem de negócios que dá certo? Você consegue fazer essa estimativa?
João Appolinário - Eu sei os que deram errado, dois já fecharam absolutamente e um terceiro foi vendido. Eu já vendi um negócio pelo mesmo valor que eu investi. São casos e casos, vários outros para mim deram certo ou estão em fases de maturação.
Qual caso você pode contar, positivo e negativo, depois que uma sociedade foi feita e não era bem aquilo que você pensava? E o contrário também. Qual caso mais te surpreendeu depois?
João Appolinário - Não é bem sobre se surpreender, existem inúmeros investimentos que estão alinhados com o que exercemos e com as nossas expectativas. Vários “cases” foram investimentos grandes e quanto maior o investimento e dependendo do momento que esse negócio está, ele tem o seu lado atrativo. Por exemplo, quando falamos da Decor Colors, que foi o meu último investimento na sexta temporada, de 10 milhões, é um negócio no qual colocamos mais energia e está correspondendo positivamente às expectativas. Também temos outros exemplos de grandes investimentos, como a Sagrado Boulangerie e o Mega.
Você não é um cara que trabalha mais pelo dinheiro. Qual o grande combustível que te move para continuar no programa e tocar seus negócios?
João Appolinário - O dinheiro é consequência de um trabalho bem feito, de algo que você entregou. O reconhecimento do empreendedor é o lucro, é o resultado positivo gerado para você e para seus colaboradores. Então, o que sempre me manteve são os desafios de criar coisas novas, gerar empregos e oportunidades para outras pessoas estarem empreendendo comigo. Eu não contrato funcionários apenas para trabalharem comigo, eu contrato empreendedores, eu quero pessoas que empreendam comigo, que tenham atitude de empreendedores, que tenham um propósito.
E eu trabalho por um propósito, eu quero gerar oportunidades e entendo que o empreendedorismo transforma vidas. Só com o empreendedorismo teremos pessoas vivendo melhor, em situações econômicas melhores, um país com mais progresso, mais educação, mais possibilidades e oportunidades. Os países desenvolvidos são países com número gigantesco de empreendedores, são países onde as pessoas têm uma educação de negócios e financeira.
Isso tudo é um propósito que eu carrego. O que me faz acordar cedo e dormir tarde é o propósito, que é impulsionador de tudo aquilo que eu faço como empreendedor, que é isso realmente que eu gosto. Acredito que se o conhecimento não for transmitido e passado para outras pessoas é o mesmo de ser inexistente.
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