Publicado em 07/02/2020 às 09:22:00
Rodrigo Bocardi se tornou um dos principais assuntos da internet nesta sexta-feira (7) por causa de uma pergunta que fez no Bom Dia São Paulo, sendo acusado de racista. O repórter Tiago Scheuer parou um jovem negro no metrô para entrevistá-lo e soube que ele estava indo para um clube em um bairro nobre da capital paulista.
A reportagem mostrava as dificuldades que os moradores da Zona Leste de São Paulo encontram ao andar na linha vermelha do metrô no período da manhã. Na plataforma da estação Pedro II, Tiago parou para conversar com Lionel, que aguardava o transporte para ir ao seu destino.
Ele relatou que estava indo para o clube em que Bocardi frequenta e o apresentador quis saber o que o rapaz fazia lá. “Ele vai pegar bolinha lá no Pinheiros?”, indagou o jornalista. “Não, não, não, não! Eu sou atleta lá do Pinheiros, jogo pólo-aquático”, respondeu o garoto.
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Após a resposta de Lionel, Rodrigo vibrou com a informação, assim como Gloria Vanique. Aí, sim. Tá pensando o quê? Eu tava achando que era um dos meus parceiros que me ajudam nas partidas. É jogador de pólo-aquático. Olha que fera. Manda os parabéns pra ele e agradece o sorrisão que ele te recebeu você aí”, falou o âncora.
Mas a pergunta de Bocardi não pegou bem nas redes sociais e ele foi acusado de ter praticado racismo. “Bocardi, que decepção. Achou que o menino era gandula só por ele ser negro”, escreveu um seguidor. “O Bocardi faz parte do racismo estrutural do brasileiro. Ele não tem raiva do negro, mas tira conclusões pela cor da pele”, falou outro.
Porém, teve quem defendeu o jornalista e disse que o apresentador seguiu um raciocínio lógico. “Mano, o menino tá pegando o metrô na Linha Vermelha lotada, fala que vai pro clube, você acha que é trabalhador. Ele quis ser simpático e, se o moleque fosse funcionário, com certeza seria chamado pra almoçar com o Bocardi”, opinou uma usuária.
O jornalista acompanhou a agitação na internet e se posicionou sobre o assunto, deixando claro que não teve uma atitude racista.
"Muito triste a acusação de preconceito. Eu pratico tênis no Clube Pinheiros. Os jogadores de tênis não usam uniformes, mas os pegadores/rebatedores, sim: uma camiseta igual a do Leonel, com quem tive o prazer de conversar hoje. Ao vê-lo com a camiseta que vejo sempre, todos os dias, pegadores/rebatedores de todas as cores de pele, pensei que fosse um deles. Não frequento outras áreas do clube onde outros esportes são praticados. E não sabia que a camiseta era parecida. Se soubesse, teria perguntado em qual área ou esporte trabalhava ou treinava. Nunca escondi minha origem humilde. Comecei a vida como garoto pobre, contínuo, andando mais de duas horas de ônibus todos os dias para ir e voltar do trabalho e escola", se defendeu Rodrigo Borcardi.
E completou: "Alguém como eu não pode ter preconceito. Eu não tenho, nunca tive, nunca terei. E condeno atitude assim todos os dias. Mas se ofendi pessoas que não conhecem esses meus argumentos e a minha história, peço desculpas. Não o chamei de pegador pela cor da pele ou pela presença num trem. Chamei-o por ver que vestia o uniforme que eu sempre vejo os pegadores usarem. Peço desculpas a todos e em especial ao Lionel. Apenas complementando... a foto do meu perfil neste Twitter está aí desde a criação da conta, nunca foi trocada, e foi tirada em 2003 - período que morei em Angola! Obrigado".
Procurada, a Globo ainda não se pronunciou sobre o caso. Assim que o fizer, a reportagem será atualizada.
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