Publicado em 24/10/2019 às 05:03:59
Documentos inéditos de 1970, obtidos nos arquivos do SNI (Serviço Nacional de Informações) e publicados no novo livro do professor Fernando Morgado, Comunicadores S.A., devem mudar a forma como é contada a história de Silvio Santos sobre seu relacionamento com militares.
A publicação revela que na época, enquanto o dono do SBT ainda atuava na Globo e dispunha de oito horas na grade de domingo da emissora, ele era visto por parte das Forças Armadas como um apoiador da ação do comunismo no país. Essa fama quase fez Silvio Santos sofrer sanções que mexeriam diretamente com o formato do seu programa.
"O livro traz várias histórias inéditas e surpreendentes, mas, sem dúvida, a que mais me impressionou tem a ver com o Silvio Santos. Muitos adotam um discurso simplista quando falam da relação dele com o regime militar. Eu mostro no livro, com documentos que encontrei nos arquivos do SNI, que essa relação nem sempre foi tranquila. Por mais incrível que possa parecer, tinha gente de alta patente dentro das Forças Armadas que via Silvio como parte de um esquema que visava apoiar a ação comunista no Brasil", contou Fernando Morgado, que também escreveu o livro Silvio Santos: A Trajetória do Mito em 2017, com exclusividade ao NaTelinha,
E completou: "Militares queriam que o Programa Silvio Santos tivesse sua duração reduzida, deixasse de ser ao vivo e perdesse a plateia. O apresentador teve que mandar uma carta ao ministro das Comunicações (Hygino Corsetti, 1919 - 2007) apelando para que essas mudanças não fossem feitas. A íntegra dessa carta também está inserida no livro. A descoberta desses fatos certamente mudará a forma como a história do Silvio Santos é contada".
O documento revelado por Comunicadores S.A é um inquérito policial militar nº 60, assinado pelo general Tasso Villar de Aquino em 29 de janeiro de 1970, durante o governo Médici (1969 - 1974). Esse inquérito, que trata do caso do sequestro do embaixador americano Charles Burke Elbric (1908-1983), classifica os programas de Silvio Santos, Chacrinha (1917-1988) e Dercy Gonçalves (1907-2008) como "altamente perniciosos", ou seja, que causavam danos.
"Esse programas são fortes pontos de apoio da ação comunista no processo de mediocrização e excitamento coletivo do povo", diz um trecho do documento, só agora tornado público por Fernando Morgado em seu livro editado pela Matrix.
Lançado na última quinta-feira (17), Comunicadores S.A. mostra como Ana Maria Braga, Faustão, Gugu Liberato, Luciano do Valle (1947 - 2014), Luciano Huck, Ratinho, Raul Gil e Silvio Santos se tornaram personalidades bem-sucedidas, tanto artisticamente quanto comercialmente. A publicação narra sucessos e fracassos e a visão empreendedora de cada um desses comunicadores.
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Como surgiu a ideia de escrever um livro destacando o lado empreendedor dos apresentadores de TV?
Fernando Morgado - Tudo começou com o livro "Silvio Santos: a trajetória do mito", que lancei em 2017. Ele foi um marco na minha carreira. Teve cinco edições vendidas, entrou em diversas listas de mais vendidos, ganhou seis meses de divulgação gratuita no SBT e abriu caminho para que outras editoras lançassem livros semelhantes ao meu. Durante esse processo, reparei que o público tinha muito interesse em conhecer o lado empreendedor dos artistas. Como eles construíram e aproveitaram as oportunidades profissionais? Como negociaram seus contratos? Quais são as técnicas de vendas que utilizam? Como enfrentaram os insucessos que tiveram? Resolvi então escrever sobre tudo isso.
De todas as histórias contadas na publicação, qual lhe deixou mais impressionado? Por quê?
Fernando Morgado - O livro traz várias histórias inéditas e surpreendentes, mas, sem dúvida, a que mais me impressionou tem a ver com o Silvio Santos. Muitos adotam um discurso simplista quando falam da relação dele com o regime militar. Eu mostro no livro, com documentos que encontrei nos arquivos do SNI ( Serviço Nacional de Infomarções), que essa relação nem sempre foi tranquila. Por mais incrível que possa parecer, tinha gente de alta patente dentro das Forças Armadas que via Silvio como parte de um esquema que visava apoiar a ação comunista no Brasil. Militares queriam que o "Programa Silvio Santos" tivesse sua duração reduzida, deixasse de ser ao vivo e perdesse a plateia. O apresentador teve que mandar uma carta ao ministro das Comunicações apelando para que essas mudanças não fossem feitas. A íntegra dessa carta também está inserida no livro. A descoberta desses fatos certamente mudará a forma como a história do Silvio Santos é contada.
Como foi a pesquisa? Tentou conversar com algum dos artistas que foram retratados?
Fernando Morgado - Assim como o livro "Silvio Santos: a trajetória do mito", o "Comunicadores S.A." também é resultado direto dos meus mais de 15 anos de estudos sobre o mercado de comunicação. O trabalho se baseou, principalmente, em pesquisas documentais e bibliográficas, além de entrevistas que eu já tinha feito com personalidades como o Raul Gil, por exemplo.
Profissionalmente, qual foi seu maior desafio em "Comunicadores S.A."?
Fernando Morgado - Foram vários os desafios. O primeiro deles foi coletar e organizar um imenso volume de dados. Para escrever o "Comunicadores S/A", eu levantei mais de 1,3 mil documentos, áudios, vídeos e reportagens de jornais e revistas. Depois, tive que cruzar todo esse material, eliminando qualquer imprecisão. Também foi desafiador escrever o livro e, ao mesmo tempo, manter as minhas atividades de palestrante, consultor de empresas e professor universitário.
Por que a Xuxa não teve um capítulo dedicado a ela? Recentemente, a apresentadora foi apontada por uma publicação americana como uma das artistas mais ricas do país.
Fernando Morgado - A Xuxa é, sem dúvida, um exemplo de sucesso na comunicação. Fiz questão de mencioná-la logo no prólogo, junto com outros nomes importantes que não tiveram capítulos exclusivos no livro. Para deixar a obra mais leve, tive que por trabalhar com um número limitado de biografados. Escolhi oito. Não foi tarefa fácil fazer essa seleção e figuras importantes acabaram de fora. Mas nada impede que eu aborde a trajetória da Xuxa em uma futura publicação.
Qual é o investimento que todos os artistas procuram no momento que passam a ter um alto salário na TV?
Fernando Morgado - Cada artista tem um tipo de investimento favorito. Raul Gil, por exemplo, é dono de mais de 40 imóveis. Ana Maria Braga e Ratinho compraram fazendas não só por razões econômicas, mas também sentimentais. Eles gostam do contato com a terra. Faustão e Luciano Huck possuem equipes dedicadas a buscar as melhores oportunidades de investimento. Uma coisa em comum entre todos esses milionários é a diversificação. Nunca colocam todo o dinheiro em um só lugar.
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