Eu digo que eu deixo a vida não me levar, mas ela me atropelar, porque eu gosto da surpresa
FaustãoPublicado em 19/08/2018 às 11:50:08
Na madrugada deste sábado (18) para domingo, o apresentador Fausto Silva fez uma participação especial no programa “Altas Horas”. Serginho Groisman recebeu o amigo no quadro "Linha do Tempo" e eles conversaram, em dois longos blocos, sobre temas variados: o início de carreira no rádio e na TV, além da estreia na Globo, timidez e como é fazer programas ao vivo.
Um dos pontos que chamaram a atenção durante o quadro foi quando Serginho Groisman indagou Faustão sobre a sua relação com a política. “Eu sempre disse 'não' porque eu não tenho nada a ver com política. Mas política você faz a todo momento, até no banheiro você faz política também. Eu acho que eu posso, através do meu trabalho, influenciar, ajudar, criticar, me posicionar, não ficar em cima do muro, mas eu não tenho saco, falando o português claro, eu não tenho saco pra esse tipo de política, de militância política. Não tem a mínima chance. Não subo em palanque nem com a minha mãe se ela pedir, não é a minha praia”, disse.
E ele ainda continuou: “Gente, eu trabalhei 30 anos no futebol. Salvador da pátria não serve nem pra time de futebol, quanto mais um país com 200 milhões de habitantes, um salvador da pátria? Tá brincando! Precisamos de projeto, um programa, de uma equipe, um partido, uma sociedade que vá fiscalizar. Aí sim a gente vai mudar. Mas, depender de uma pessoa só, tá louco”, disse Faustão.
Voltando ao passado
Eu digo que eu deixo a vida não me levar, mas ela me atropelar, porque eu gosto da surpresa
Faustão
Faustão recordou a sua amizade com Sócrates e disse que eles tiveram uma boa sintonia: “Eu já era velho em rádio, né. Fui muito amigo do Sócrates, a gente dividia um Fiat 147 verde, a gente ia pra baixo e pra cima em São Paulo. O conhecia de Ribeirão Preto. E durante muitos anos a gente conviveu de manhã, tarde e de noite”.
Nessa época, ele cobria esportes para o rádio e recordou a importância: “É uma bela escola o rádio. A agilidade e a rapidez do rádio são imbatíveis!”.
A boa memória do apresentador também foi destaque na entrevista e Faustão aproveitou para lembrar da época em que estava no colégio. “Eu não estudava muito, mas prestava atenção um pouco na aula. Nunca fiquei de segunda época, pô! Fui um aluno bastante razoável. Uma vez, redação sobre Deus, eu coloquei: Deus, ó Deus, adeus!'. Tomei um zero do tamanho de Deus, professor não entendeu. E essa história de brincar na classe, até porque, eu sou tímido. Eu era tímido! Com o microfone na mão, você vira maioria. Mas no fundo eu sou tímido”, disse ele.
Num determinado momento da entrevista, Groisman afirmou ainda que Faustão também poderia ter sido humorista pela interpretação que dá às histórias que conta. “Não pelo filme que eu fiz, eu e o Sérgio Mallandro, o 'Inspetor Faustão', o único filme brasileiro que vinha com legenda porque ninguém entendia porr* nenhuma, bicho, nem nós. Vendeu mais de 100 mil cópias. Não dá pra esconder o que fez no passado”, disse Faustão.
“Deixo a vida me atropelar”
Outro ponto que chamou atenção na entrevista foi quando Serginho perguntou se Fausto Silva sonhava em fazer o que faz hoje. “De jeito nenhum! Eu digo que eu deixo a vida não me levar, mas ela me atropelar, porque eu gosto da surpresa. A vídeo cassetada que eu apresento eu não gosto de ver antes, eu gosto de ver junto com o telespectador. Se é boa eu dou risada, se é ruim, eu meto o pau na vídeo cassetada”, comentou. Citando como exemplo a cobertura do caso edifício Joelma, o apresentador lembrou ainda que toda a sua experiência com o jornalismo fez com que ele aprendesse a trabalhar sem depender de ficha e ponto eletrônico. “Eu nunca perco oportunidades. Toda essa experiência me fez não depender de ficha, de trabalhar com leitura, com o tal do TP [teleprompter]. Eu não sei o que é TP nem TPM. Não sei o que é ponto eletrônico, esses troços. Aqui [no meu ouvido] não entra nada, só cera. O que eu falo eu falo por mim”, disse. E continuou: “Quando eu fui apresentar o 'Bom dia São Paulo' na TV Globo eu acordava as 3 horas da manhã e eu vinha pra cá, de bom humor ainda. Pra conciliar com meu trabalho no rádio, comecei a fazer o 'Balancê'. O Goulart de Andrade, figura extraordinária, viu: 'você tava fazendo um programa de televisão no rádio, vamo fazer na televisão'. E aí começou a era 'Perdidos na Noite'”, recordou Faustão. O apresentador do "Altas Horas" aproveitou para elogiar o improviso de Faustão, ao dizer que ele conversa com a câmera de um modo que não vê outros fazerem igual.
“Eu olhava para a câmera de vergonha, não tinha ninguém no auditório, eram duas fileiras e o diretor disse pra ficar à vontade. O Paulo Autran me disse: 'você, para disfarçar a sua timidez, tem que se preparar. Você vai entrar na casa das pessoas e vai haver tanta identificação que eles [telespectadores] vão tratar como se fosse de casa, então, se prepare'. E eu lembro que encontrava sempre o Lima Duarte. Ele me falou: 'você vai fazer um programa na Globo, não vai fazer como o 'Perdidos'. Vai ser um outro programa, outro horário, outro público'”. O primeiro "Domingão" No ano que vem, o “Domingão do Faustão” completará 30 anos de exibição na Globo. Fausto Silva foi contratado para o espaço após a desistência de Gugu Liberato, que tinha deixado o SBT e assinado com a emissora carioca, mas voltou à emissora de Silvio Santos após importante negociação direta do homem do Baú com Roberto Marinho. No então novo programa, Fausto recordou que puseram uma escada no cenário. “Pra passar, eu com 150 quilos, eu disse: essa merda vai cair”, bradou ele, entre risos de Serginho Groisman. E complementou: “Disseram que eu ia ter problema com palavrão. E eu nunca tive problema aqui. Eu falo de qualquer coisa! A única coisa que o Boni me disse foi: 'você vai fazer um programa aqui que é diferente do outro horário, sábado, onze da noite. Vai ser um programa no domingo, pra criança, pra adulto, velho'”. “Quem trabalha em televisão tem que ver televisão” VEJA TAMBÉM
Indagado sobre gostar ou não de assistir televisão, Fausto Silva deixou claro: “Eu gosto! Eu vejo jornalismo, vejo esporte, vejo o seu programa [Altas Horas], vejo o do Luciano [Huck] e algumas novelas também. Quem trabalha em televisão tem que ver televisão. Eu não sou daqueles caras que não vejo e quando estava passando não sei aonde e vi. Isso é uma put* cascata”;
Ele disse que o ato de ver televisão é importante até para aprender como fazer e o que não fazer: “E tem que ver mesmo, tem que olhar. E até por que você aprende. Quando você viaja, você aprende muita coisa. Seja na televisão alemã, italiana, inglesa, americana, você aprende como não fazer televisão e até como não fazer”.
Fausto também comentou sobre a importância da leitura e que isso ajudou a lhe dar rapidez de raciocínio. “A leitura é muito importante. Não só quando você tem obras de Machado de Assis, Guimarães Rosa, Jorge Amado – que aliás, me prestou uma homenagem escrevendo no 'Navegação de Cabotagem', um capítulo a meu respeito – tudo você aprende e, ao longo do tempo, você vai tendo a rapidez de raciocínio”, contou.
Pegando esse gancho, ele disse que isso também destacou a importância dos programas ao vivo. “Saber disfarçar numa situação mais ou menos incomoda. Aliás, nem sempre. Especialmente no ao vivo. A vantagem do ao vivo é que você tem que estar ligado o tempo todo. Esse negócio de vamo gravar, põe outra câmera, não sei o que lá, isso aí não funciona nem em filme de sacanagem”, brincou.
“Tenho orgulho de ter você como amigo”, diz Faustão para Serginho
No final da entrevista, Faustão não poupou elogios a Serginho Groisman. “Você é um genial comunicador, um genial gerenciador, uma genial pessoa. E eu estou muito orgulhoso e sou muito feliz de ser teu amigo, Fausto Silva”, disse, emocionando o apresentador. “Nesse tipo de trabalho nosso são poucas as pessoas que tem uma sensibilidade, mais do que isso, sensatez e lucidez quanto você. Você é um cara culto, que sabe levar seu trabalho com muita categoria. Nesse meio nosso, onde tem tanta vaidade e um passando a rasteira no outro, você é um exemplo e eu tenho muita admiração por você. Eu tenho orgulho de ter você como amigo, nós nos identificamos porque trabalhamos, pelo nosso trabalho e pelo respeito que a gente tem, pelo respeito que a gente tem a quem nos assiste e quem nos acompanha por tanto tempo”, disse. Groisman agradeceu e Faustão continuou sua fala, destacando a importância do público e de não ser mal-educado ou deselegante com os telespectadores. “Alguma vez ou outra eu posso ter sido mal-educado, mas eu procuro, em todas as situações, entender que esse público que me assiste, que tá há 30 anos especialmente no 'Domingão', fora as viúvas do 'Perdidas na Noite', fora a galera do esporte, tem pela gente uma lealdade, uma cumplicidade que nenhum mau-humor você pode alegar pra ser deselegante ou mal-educado. E você tem tudo isso e é por isso que a gente se identifica. Aqui a gente trabalha para o nosso tipo de trabalho. Fazendo isso, a gente tem respeito para quem assiste a gente”, finalizou.
“Ele tem um olhar para o outro”, diz Cláudia Raia Uma das convidadas do “Altas Horas”, ao lado de Nicolas Prattes, a atriz Cláudia Raia também falou sobre Faustão na volta ao palco. “Ele é meu amigo querido, meu irmão, somos amigos de vida, de tudo! Talvez ele seja uma das melhores pessoas que eu conheço na vida. Ele tem um olhar para o outro, isso é da essência dele”, disse ela. Raia elogiou o quadro e a postura do apresentador e amigo. “E é muito raro ele dar entrevista, ele é muito discreto. Quem o conhece sabe que ele não faria isso para qualquer um, a não ser para quem ele amasse tanto”, disse, recebendo aplausos da plateia e agradecimentos de Serginho Groisman. Vilã não morreu Mulheres de Areia: Isaura tem reencontro emocionante com Raquel Estreou na TV aos 7 Lembra dele? Ex-ator mirim, Matheus Costa virou galã e bomba na web Manutenção Quem era? Chateada? Tensão no ar Críticas Nasce uma estrela? Números em tempo real Eita! No Lady Night Diego Lozano Eita! Gata Espelhada Exclusivo Filha de peixe G20 Sinceridade é tudo Luto Exclusivo Leveza Vem aí