Entrevista exclusiva

Roteirista de Cidade de Deus - A Luta Não Para confirma segunda temporada: "Humanizar estereótipos"

Rodrigo Felha conta como foi o processo de criação da série e a participação de moradores da comunidade

Rodrigo Felha assina roteiro da série Cidade de Deus - foto: João Felix - Divulgação
Por Taty Bruzzi

Publicado em 26/09/2024 às 08:23:00

Lançada no dia 25 de agosto na plataforma de streaming Max, Cidade de Deus - A Luta Não Para é uma espécie de spin-off de Cidade de Deus (2002), de Fernando Meirelles.

Produzida pela HBO Brasil em parceria com a Max e a O2 Filmes, a série se passa 20 anos depois dos acontecimentos que retratados no filme, no início dos anos 2000, e mais uma vez sua história e narrada pelo personagem Buscapé, vivido por Alexandre Rodrigues.

Além do ator e de Marcos Palmeira (Curió), o elenco conta com as participações de Thiago Martins (Braddock) e Roberta Rodrigues (Berenice), que também estavam no elenco do longa-metragem.

Morador da CDD e fundados do Instituto Arteiros, Rodrigo Felha assina como roteirista da série. Aos 45 anos, o cineasta foi premiado pelo filme 5 X Favela (2010) e pelo documentário Favela Gay (2014). Hoje, é editor-chefe do Bom Dia Favela, da Band.

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Em conversa exclusiva com o NaTelinha, o profissional falou com orgulho sobre o processo de criação e adiantou que a segunda temporada de Cidade de Deus - A Luta Não Para já está garantida.

"Eles [O2 Filmes] sabiam que o olhar de quem vive, sangra e sua na favela e pela favela iria engrandecer o projeto. A sala de roteiro foi um lugar de muitas trocas e aprendizado".

Rodrigo Felha

Como foi o processo de construção para a série Cidade de Deus - A Luta Não Para?

Rodrigo Felha - O processo foi resgatar tudo que o filme poderia nos proporcionar para depois ir para a criação de personagens e caminhos. Esse resgate fez trazer com mais força personagens que sequer tinham nomes e, na série, vieram potentes como mereciam.

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Apesar de ser uma série ficcional, você já disse que o roteiro tem muito da sua vivência na comunidade. Pode citar alguma situação ou situações?

Rodrigo Felha - Eu me identifico com o personagem Barbantinho [Edson Oliveira], de realmente viver, acreditar e lutar por dias melhores. Logo, vivo no olho do furacão! As situações de guerra, infelizmente, são normais no nosso cotidiano. Em consequência, já participei de muitas manifestações por mortes de inocentes, movimentos que entraram na série.

A trama se passa na Cidade de Deus, mas aborda também a Gardênia Azul, comunidade vizinha. Como a série se passa 20 anos depois do filme a ideia é discutir o surgimento e domínio da milícia naquela região?

Rodrigo Felha - A intenção é discutir o surgimento e o impacto que a milícia causa em toda cidade e que estão em esferas não territoriais, mas na política interferindo diretamente no caos da cidade.

Além de você, outros moradores da CDD trabalharam na série?

Rodrigo Felha: Tivemos um grande elenco que faz parte da série, atores do Instituto Arteiros e que são moradores da Cidade de Deus. Assim, contribuíram muito com seus talentos para veracidade das cenas.

E como foi que você se tornou roteirista?

Rodrigo Felha: Minha área mais forte é a direção. Contudo, nos meus projetos sempre precisei trabalhar intensamente a escrita. O convite veio após produtores sondarem os diversos talentos existentes na Cidade de Deus, são muitos. Tive a honra de ser escolhido para essa missão tão importante e significativa.

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Vai ter a segunda-temporada? O que você pode adiantar pra gente?

Rodrigo Felha: Sim, vai ter segunda temporada. Com o sucesso da primeira temporada, confirmamos que nossas intenções de visibilizar e humanizar estereótipos deram certo. Assim, seguiremos para a segunda temporada dando importância para quem aperta o gatilho e para quem sofre as consequências.



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