Publicado em 25/10/2024 às 05:27:00,
atualizado em 25/10/2024 às 12:40:58
Adanilo interpreta Sidney, personagem da novela Volta por Cima que colocará os homens que assistem à novela para pensar. O funcionário da Viação Formosa, que logo vai se apaixonar por Cida (Juliana Alves), suscita um debate sobre machismo e privilégios masculinos na trama que a Globo mostra às 19h.
“O Sidney, como a maioria dos homens, é fruto do meio, nasce e se cria num contexto equivocado de hegemonia masculina, aprende errado e passa a reproduzir comportamentos”, avalia Adanilo, em entrevista exclusiva ao NaTelinha.
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A origem não é desculpa, diz o ator, mas um dado fundamental para entender nossos comportamentos e buscar mudanças. Por meio da amizade entre Sidney e Jão (Fabrício Boliveira), haverá também um recorte racial sobre masculinidades negras e indígenas.
“Me sinto muito honrado de, como pessoa indígena e da Amazônia, poder suscitar parte destes assuntos. Teremos algumas cenas do Sidney e do Jão em que eles debatem seus comportamentos machistas”, crava o ator.
Nascido em Manaus e com 33 anos, fez vários filmes e séries até despontar em novelas. A estreia, bastante elogiada, foi em janeiro, como Deocleciano na primeira fase de Renascer – papel que ficou com Jackson Antunes no restante da trama.
Em sua segunda novela seguida na Globo, Adanilo celebra a oportunidade: “Milhões de homens brasileiros convidados a se repensar junto com a gente. É uma grande oportunidade para sermos pessoas melhores. Esse é um dos poderes da arte”.
NaTelinha: Sidney terá um comportamento machista em alguns momentos. Você, como homem, como encara esse assunto na sua vida pessoal?
Adanilo: O Sidney, como a maioria dos homens, é fruto do meio, nasce e se cria num contexto equivocado de hegemonia masculina, aprende errado e passa a reproduzir comportamentos. Isso não é desculpa, é óbvio, mas é importante entendermos nossas trajetórias de vida, revisitá-las, repensá-las e a partir disso propor mudanças. A gente precisa ouvir, buscar se informar e estar disposto a abrir mão de nossos privilégios masculinos. Mas principalmente, agir, tomar atitudes em relação a esta problemática de nossa sociedade.
NaTelinha: O que acha dessa abordagem proposta pela novela? Acredita que pode contribuir para um debate do público sobre o tema?
Adanilo: Volta por Cima acerta muito em abordar tantas questões preciosas para debatermos na atualidade. Me sinto muito honrado de, como pessoa indígena e da Amazônia, poder suscitar parte destes assuntos. Teremos algumas cenas do Sidney e do Jão em que eles debatem seus comportamentos machistas. Acho muito interessante esse recorte racial, inevitavelmente vamos falar de masculinidades negras e indígenas.
Acredito ser importante esse espelhamento da população que fazemos numa novela, um produto artístico tão consumido em nosso país. Milhões de homens brasileiros convidados a se repensar junto com a gente. É uma grande oportunidade para sermos pessoas melhores. Esse é um dos poderes da arte.
NaTelinha: De que maneira esse comportamento do personagem acontecerá na história? O que você já sabe sobre o destino dele no decorrer da novela?
Adanilo: Do mais óbvio, quando Sidney dá em cima de todas as mulheres que encontra, até nos comentários machistas que ele faz sobre elas.
NaTelinha: Sei que haverá um envolvimento com Cida (Juliana Alves). O que o público pode esperar dessa interação entre eles?
Adanilo: O Sidney e a Cida são companheiros de trabalho, trabalham na Viação Formosa, que é a empresa retratada na novela. O Sidney é atirado e sem noção com as mulheres, mas quando começa a se interessar por Cida, ele inicia uma busca por melhorar seus comportamentos.
NaTelinha: Você teve algum contato com o subúrbio do Rio e os bate-bolas [grupo de foliões tradicional no Carnaval carioca] para fazer o personagem? O que sabe sobre essa realidade?
Adanilo: Em 2018, eu gravei a primeira temporada da série Um Dia Qualquer, aqui no Rio de Janeiro. Em uma das tramas dessa série, fala-se dos bate-bolas. Nesse momento eu tive contato, convivi um pouco. Mas também agora, na nossa novela Volta por Cima, nos encontramos com quem mantém a tradição dos bate-bolas nos subúrbios cariocas.
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