Publicado em 20/09/2019 às 06:17:00
Nicolas Prattes se prepara para entrar no ar como o Alfredo de “Éramos Seis”, próxima novela da Globo que estreia no dia 30 de setembro na faixa das 18h. O ator havia sido escalado para fazer Carlos, papel que foi de Caio Blat na versão exibida pelo SBT em 1994 e agora será de Danilo Mesquita. No entanto, ao estudar sobre a história baseada em livro homônimo se encantou pelo Alfredo, outro filho da protagonista Lola (Gloria Pires), porque se difere de tudo o que ele já havia feito até hoje.
“O Carlos é aquele ‘caxias’... Segue o que tem que ser feito. O bom filho... Eu acabei de fazer o bom filho. Eu estava querendo fazer uma coisa diferente em novelas”, declara. E o Alfredo é diferente!”, defende. O último papel do ator na TV foi como o mocinho Samuel, de “O Tempo Não Para” (2018). “Eu quero mudar! Sempre que acaba alguma coisa eu quero tirar esse cara de mim e vamos embora, partir para outra”, afirma.
Para cada trabalho Nicolas vê um papel em branco. No caso do Alfredo, ele quer fazer com que o público perceba essa diferença, principalmente àqueles que assistiram aos outros remakes exibidos pela Record, Tupi e SBT.
“O desafio é fazer com que me reconheçam nesse personagem que algumas pessoas já conhecem a história, mas não me conhece nele. Porque tem que ser um papel em branco sempre. E o meu desafio nesse é pintar e colorir com as melhores cores possíveis”, ressalta.
Para compor o personagem, Nicolas buscou referências no livro que deu origem à história e nas demais versões da trama, em especial a exibida pelo SBT que foi a mais recente, segundo ele até para não fazer igual. Na trama produzida pelo canal de Silvio Santos, Alfredo foi interpretado pelo ator Tarcísio Filho.
O mais curioso é que como, inicialmente, ele seria o Carlos, estudou como o personagem, ele e o próprio Alfredo, por quem se simpatizou de cara. “Eu estava com ele na cabeça, estudando como o Carlos, mas dormindo com o Alfredo”, brinca.
Apesar de a trama ser uma novela de época, para Nicolas a história é atemporal. O ator aponta essa característica como sendo uma das responsáveis pelo sucesso do passado e já prevendo o do futuro.
“Novos tempos e novos espectadores. Eles estão muito mais inteligentes, mais acostumado com a realidade e querendo um pouco se desvencilhar no momento em que estão assistindo a uma telenovela”, opina. “Eles não querem ser enrolados, querem que aconteça o que acontece na vida real. E a nossa maneira de contar, com poesia, com cores, com tudo, para distanciar da realidade é o nosso maior desafio nessa novela”, dá o recado.
De acordo com o jovem ator, seu personagem é um rapaz que vai dar trabalho. Ele quer ser o bom filho, suprir as expectativas dos pais, mas não consegue e isso vai além das suas possibilidades.
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“Ele tem uma visão de mundo que não é compreendida por nenhum dos personagens daquela história Eu costumo dizer que ele tem o batimento cardíaco diferente dos outros, porque todo mundo parece viver uma determinada vida e o Alfredo está paralelo a isso. Ele está em outro lugar, mas na mesma casa, no mesmo ambiente”, sinaliza.
Por outro lado, Nicolas não considera o Alfredo um cara mau, um vilão. E sim alguém que quer dar orgulho para sua família, mas não consegue e quando vê já está fazendo besteira. Já sobre os conflitos familiares, para o ator eles não mudam independente da década em que estamos. “Família, os conflitos, as relações, o jeito que ama, o jeito que briga, porque briga é igual em 1922, 1932, 1940 e 2019”, pondera.
Indagado se a trama irá abordar assuntos políticos, Nicolas aponta a própria política como um dos personagens de “Éramos Seis” e já adianta que o seu personagem será acusado de comunista.
“A política está totalmente inserida nessa história sim. Principalmente, porque tem a revolução de 32, em São Paulo. Que marca bastante essa história. Então, a política é um personagem nessa história”, entrega.
“Bom, o Alfredo luta pelas causas trabalhistas. Vai ser acusado de comunista, vai contra toda aquela idealização de Getúlio, aquele governo provisório”, sinaliza. “Ele é um dos que vai, inclusive, para as trincheiras, para guerrilhar com getulistas”, dá o spoiler.
Questionado sobre se posicionar politicamente, para Nicolas o ator é que aquele que se posiciona sobre tudo. Sobre o atual cenário político brasileiro, o jovem acha que está na hora de deixar as desavenças de lado e brigar por interesses em comum. “Não tem porque você de direita brigar com quem é de esquerda. A gente está morando no mesmo país e quer que melhore, porque ninguém deseja sair daqui. Para mim, todo mundo tem que se juntar, fazer coisas que sejam passiveis de mudança, que sejam agregadoras”, sugere.
Dos campos para o palco
Se o Alfredo tem essa preocupação de querer agradar aos pais, Nicolas nunca passou por esse tipo de pressão. Antes de se tornar ator, ele queria ser jogador de futebol e jogou bola até os 13 anos.
“O futebol começou a atrapalhar o colégio, eu teria que estudar em um colégio a noite para poder treinar de manhã, e a família disse não, você vai continuar no colégio onde estava, beleza”, comenta.
Como era muito hiperativo, sua mãe, que é atriz, perguntou se ele queria fazer teatro e o menino concordou. Acabou se destacando na turma e já na primeira audição foi escalado para uma peça profissional. “Tudo foi acontecendo, mas eu nunca tive de corresponder às expectativas”, defende.
Segundo o ator, a prova disso é que quando foi escolhido para viver o Pedrinho do “Sítio do Pica-Pau Amarelo” abriu mão para continuar viajando com a família e a mãe respeito sua decisão. “Não, mãe! Eu quero conhecer o Mickey [risos]. Vamos embora!”, disse ao se recordar da sua primeira viagem para fora do Brasil. “Minha mãe falou ok. Então, ela nunca botou pressão”, relata.
Bem antes disso, sua estreia na televisão foi em participação especial nos três últimos capítulos de “Terra Nostra” (1990), quando tinha apenas 3 anos de idade, como o filho da Ana Paula Arósio e do Thiago Lacerda. O ator lembra, emocionado, que era sua avó materna, a dona Maria Prattes, quem o acompanhava nas gravações. “Até hoje ela me chama de ‘meu Francesquinho’, conta com um brilho no olhar.
“Antes que eu decidisse ser ator, porque nessa época eu não tinha poder de escolha, ela falava que eu tinha que fazer uma novela de época. Ela queria que eu fosse ator para fazer uma novela de época”, diz. Para o rapaz, estar hoje dando vida ao Alfredo em “Éramos Seis”, uma novela de época baseada em um livro que sua avó leu, é uma forma de homenageá-la. “Quando eu botei o figurino pela primeira vez, mandei foto e ela falou que ficou emocionada. Eu fiquei emocionado também. Com certeza, é uma homenagem”, vibra.
Para finalizar, ao falar sobre o futuro tudo o que Nicolas deseja é não parar de atuar. E “Para não ter tempo de pensar no que eu quero fazer”, aponta. E quando o assunto é trabalho, para ele tanto faz ser o protagonista ou alguém que nem contracena com o protagonista.
“Pode ser o protagonista, pode ser o irmão do protagonista, pode ser o que não contracena com o protagonista... Não existe papel pequeno, existe ator pequeno, mas o ator faz o tamanho do papel também”, conclui.
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