Publicado em 19/07/2019 às 06:15:00
Antônio Fagundes se prepara para estrear em “Bom Sucesso”, a próxima novela das sete da Globo. Na trama escrita por Rosane Svartman e Paulo Halm o ator será Alberto, um empresário com apenas seis meses de vida.
De acordo com o protagonista, a notícia fará com que o personagem se abra mais para a vida e passe a curtir intensamente cada momento, assim como seu intérprete. “Ao invés de nos preocuparmos com a morte, devíamos nos preocupar com a vida até o momento da morte”, filosofa.
Questionado sobre o tema central do folhetim, ele não acredita que novelas tenham a obrigação de trazer reflexão. “Eu acho isso um pouco perigoso, porque novela não é para fazer ninguém refletir, novela é entretenimento”, dá o recado.
Fagundes adianta que a proposta de “Bom Sucesso” é trazer divertimento e um momento de descontração ao telespectador. “O entretenimento está garantido. Lá embaixo vem uma reflexão que se alguém quiser seguir, se basear nela para pensar na sua vida, pode. É lucro!”, ressalta.
Aos 70 anos de idade, o ator confessa que sempre se sentiu mais velho do que realmente aparenta e, por isso, valoriza as pequenas coisas da vida. “Eu costumava brincar que eu tinha a nostalgia da velhice, eu queria ser velho quando eu era moço”, confessa.
Na nova novela, Alberto é um daqueles homens que subiu na vida trabalhando duro, vendendo enciclopédias de porta em porta, até conseguir abrir sua própria editora. Agora, passa por problemas financeiros porque se nega a mudar a linha editorial da empresa.
Ele aproveita para apontar falta de interesse e as novas tecnologias como alguns dos motivos para o fechamento de tantas editoras no Brasil. “Vocês passam três horas por dia limpando o WhatsApp. Se usassem esse tempo para ler um livro, em uma semana teriam sido dois bons livros e as livrarias não estariam fechadas”, afirma.
Avesso a esse tipo de modernidade, Fagundes diz que esses novos aparelhinhos [smartphone] ocupam nosso tempo e tiram a concentração e para o ator o tempo está relacionado ao interesse pessoal.
“Eu tenho amigos que antes desses aparelhinhos surgirem diziam não ter tempo para a leitura. Agora, descobriram três horas por dia para limpar o Whatsapp”, aponta. “Que gozado, né? O tempo começou a aparecer”, ironiza.
“Se você tem interesse esse tempo vai aparecer. Eu garanto que se você conseguir se voltar para a leitura e se concentrar, porque esse aparelhinho também desconcentra a gente, e ler um bom livro por semana a sua vida vai mudar”, profetiza.
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Seguindo esta linha, o veterano artista aproveitou para opinar sobre a situação da cultura brasileira. Ele acredita que os artistas estão fazendo sua parte, cabe à população fazer a dela também.
“As pessoas é que têm que pensar se a cultura é ou não importante”, alfineta. “Eu sei que é importante. A cultura é o que define a cidadania, define os problemas de uma sociedade. É através da cultura que você cria a consciência de uma nação e reforça sua história. A educação é a propagação da cultura”, analisa.
“Eu sei da importância da cultura, mas o público sabe? O dia que o público souber governo nenhum vai conseguir acabar com a cultura”, dá o recado. “Quando a gente fala de cultura a impressão que dá é a de que estamos falando somente de teatro e cinema, não. Teatro, cinema, sinfônicas, dança, circo, pinacotecas, museus, patrimônio histórico, tudo isso é cultura”, sinaliza.
Voltado ao trabalho, para o ator o que importa na hora de aceitar um papel é a história. Ele tem que curtir a proposta da novela. “Se eu gosto, eu sei que posso fazer o público querer gostar também”, se entrega.
“O personagem é a última coisa que eu vejo, até porque ele muda. Pode morrer mais cedo ou mais tarde, virar uma ponta no final da novela, isso vai depender de uma série de outros fatores, mas a história onde você está inserido é a coisa mais importante, é o que me move”, revela.
Em “Bom Sucesso”, seu personagem vai criar uma forte amizade com Paloma (Grazi Massafera), depois que seu exame for trocado pelo da moça por causa de um erro no laboratório, e essa relação irá torná-lo uma pessoa mais leve.
Para Fagundes, todos que passam pela nossa vida a influência de alguma forma, basta estarmos abertos para o novo. “O que acontece com o Alberto é que ele se abre de repente, primeiro com a Paloma e depois com os demais”, adianta.
O ator acredita que todas as pessoas têm algo para passar umas às outras, mas isso não tem ocorrido com frequência. “Estamos vivendo uma época em que as pessoas se fecham e não querem ouvir opiniões contrárias. Não respeitam o outro e isso é a morte em vida”, lamenta. “Enquanto as pessoas não perceberem isso elas não serão felizes”, pondera.
Já sobre a relação com Grazi [Massafera], ele é só elogios. “A Grazi está em um momento perfeito como atriz, com conhecimento ótimo da profissão e aproveitando tudo o que tem como ser humano”, analisa.
“Ela é uma gracinha de pessoa e a nossa relação é muito gostosa em cena. É muito bom poder trocar com ela. Ela tem um olhar muito generoso sobre o personagem dela e os demais personagens. É muito rico tudo o que ela está fazendo. É muito bom!”, conclui.
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