Adendos: A atriz cita Waldete como “participação especial”, mas a personagem, apesar de secundária, permaneceu em Três Irmãs do início ao fim. Já Ester chegou em Sete Vidas no segundo mês da novela e também seguiu até o desfecho da trama.
Publicado em 13/10/2024 às 08:00:00,
atualizado em 13/10/2024 às 12:54:55
Regina Duarte já foi um dos principais nomes do elenco da Globo. Protagonista de algumas das novelas de maior sucesso da emissora – como Selva de Pedra (1972), Roque Santeiro (1985), Vale Tudo (1988), Rainha da Sucata (1990) e Por Amor (1997) –, a atriz viu sua relação com a empresa estremecer nas últimas décadas, até chegar ao fim, em 2020. Hoje, ela raramente aparece na TV e não é chamada para nenhum projeto.
Na análise de Regina Duarte, seu “cancelamento” veio bem antes desse termo surgir, no contexto das redes sociais. Não começou no apoio e aliança a Jair Bolsonaro, nos últimos anos, mas em 2002, quando Lula foi eleito Presidente da República pela primeira vez. Na ocasião, ela fez campanha contra o petista com o lema "Eu tenho medo".
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Essa é uma das percepções que a atriz expressa nesta entrevista exclusiva ao NaTelinha. “Mesmo ganhando salário generoso de protagonista”, como ela ressalta, os convites para fazer novelas diminuíram desde então. Após 2002, o único papel principal foi em Páginas da Vida (2006).
Há quatro anos, Regina rompeu de vez o contrato com a Globo para assumir a Secretaria Especial da Cultura no governo Bolsonaro. Alegando sentir falta da família, ficou somente dois meses no posto. Deixou a função anunciando que assumiria a Cinemateca de São Paulo, o que não aconteceu.
A aproximação de Bolsonaro lhe rendeu uma indisposição com boa parte da classe artística, em sua maioria crítica ao ex-presidente. “Os laços [com amigos e colegas] já existentes antes de 2018 permaneceram, com raríssimas exceções”, garante a atriz, que continua dizendo o que pensa a 3,2 milhões de seguidores no Instagram – e, por vezes, gerando controvérsias.
Antes de a atriz expressar sua opinião política de forma tão contundente, as protagonistas na TV eram recorrentes. Uma delas voltará ao ar em breve – ao que tudo indica, interpretada por Taís Araujo: a incorruptível Raquel de Vale Tudo. Clássico exibido originalmente entre 1988 e 1989, a novela ganhará um remake em 2025, em comemoração aos 60 anos da Globo.
Regina opina sobre a escalação da colega para o papel e também diz o que pensa sobre os remakes: ela é a favor de novas versões de tramas que não fizeram tanto sucesso no passado. Aos 77 anos e longe da TV desde Tempo de Amar (2017), a veterana se dedica à carreira de artista plástica, profissão que descobriu por acaso, como conta a seguir.
NaTelinha: Como e quando as artes plásticas entraram na sua vida? Conte um pouco de sua história com essa forma de expressão.
Regina Duarte: Em janeiro de 2023, em férias no Rio de Janeiro, eu atravessava todos os dias um parque super arborizado. As folhas secas caídas chamavam minha atenção, e comecei a recolhê-las para guardá-las em livros como fazia quando era garota.
Semanas depois, interessada na coloração e textura que elas adquiriam, passei a coletar papelões no bairro para guardar minhas “preciosidades”. Ver as folhas coladas na forma de quadros me absorveu de um jeito novo, encantador e tão compulsivo que eu criava, às vezes, mais de dez pequenos quadros.
NaTelinha: Há alguma previsão para o retorno à atuação, na TV, no teatro ou no cinema? Convites têm chegado?
Regina Duarte: Não. Estou envolvida em novas atividades artísticas, pintura, colagem botânica, canto, dança, literatura... A arte nos liberta, somos donos do nosso tempo e da nossa criação.
NaTelinha: Um de seus principais trabalhos na televisão, Vale Tudo, vai ganhar um remake em 2025. Qual a sua opinião sobre a ideia de fazer uma releitura dessa novela?
Regina Duarte: A ideia parece fascinante, mas existem muitas novelas que não fizeram tanto sucesso no passado e que mereceriam um bom remake.
NaTelinha: A mais cotada para interpretar Raquel na nova versão é Taís Araújo. O que acha dessa escalação?
Regina Duarte: Taís é uma atriz excelente. Ela sempre dará vida a qualquer personagem, e Raquel é um “prato cheio”.
NaTelinha: Por décadas, a senhora foi um dos principais nomes do elenco da Globo. Assiste às novelas atuais? O que acha das produções recentes da TV?
Regina Duarte: Não tenho acompanhado as novelas de hoje em dia. Acredito que deve estar difícil para os autores segurar a audiência. O público atual vem se viciando em maratonar séries.
NaTelinha: A senhora não esteve entre os entrevistados no tributo a Manoel Carlos, lançado pelo Globoplay neste ano, e sua ausência gerou polêmica. Um texto compartilhado por sua filha Gabriela falava em "cancelamento". Sente que foi "cancelada" pela Globo?
Regina Duarte: Não me preocupei por não ter sido chamada. O Maneco sabe o quanto sou sua fã “de carteirinha”. Quanto ao cancelamento, isso já vinha acontecendo, de certa forma, desde 2002, quando declarei “ter medo” do Lula para presidir o Brasil.
Desde então, mesmo ganhando salário generoso de protagonista, nos 18 anos seguintes fui convidada para fazer só três novelas inteiras: Páginas da Vida (2006), O Astro (2011) e Tempo de Amar (2017).
Claro que, neste período, houve também convites para participações especiais como em: Três Irmãs (2008), a deliciosa Waldete com W; Sete Vidas (2015), a bissexual Ester; Império (2014), a Maria Joaquina, contrabandista de pedras preciosas brasileiras; e A Lei do Amor (2016), a Suzana, que morre num acidente de carro poucos capítulos depois da estreia.
Adendos: A atriz cita Waldete como “participação especial”, mas a personagem, apesar de secundária, permaneceu em Três Irmãs do início ao fim. Já Ester chegou em Sete Vidas no segundo mês da novela e também seguiu até o desfecho da trama.
NaTelinha: A defesa de Jair Bolsonaro lhe gerou uma indisposição com grande parte da classe artística. Foi possível manter laços nesse cenário?
Regina Duarte: Sim. Os laços já existentes antes de 2018 permaneceram, com raríssimas exceções, graças a Deus.
NaTelinha: A senhora é bastante ativa nas redes sociais e usa seu perfil para dar opiniões sobre assuntos diversos e, às vezes, polêmicos. Qual a importância desse espaço no seu dia a dia?
Regina Duarte: No meu dia a dia, exerço com prazer no Instagram o que considero importante como atriz e brasileira. Participo dos acontecimentos do país divulgando meu viés diante do que acontece. É um meio de comunicação com meus compatriotas e fãs.
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