Publicado em 25/02/2019 às 10:10:10
Uma das grandes estrelas do Carnaval de Salvador, o cantor Márcio Victor, líder da banda Psirico, vem para o seu Carnaval mais corrido dos últimos anos. Além disso, será, na sua visão, o mais despretensioso de sua carreira até aqui.
A aposta da banda é uma música simples, sem mensagens mais elaboradas. "Rei Leão" faz referencia para o clássico filme da Disney, que terá uma nova versão live-action lançada neste ano. Basicamente, é Simba curtindo o badalado carnaval baiano.
A escolha por uma música mais alegre, com coreografia fácil e refrão que gruda na cabeça foi do próprio Márcio. Em entrevista exclusiva ao NaTelinha, em seu estúdio de ensaio, em Salvador (BA), Márcio diz que quer levar alegria para um país cada vez mais sem fé como o Brasil."Acho que um país desesperado, um povo desesperado, toma o lugar da esperança... E o país da gente está sem fé... Quando você perde, quem substitui é o desespero", afirmou o cantor.
Sobre a música "Rei Leão"
Rei Leão tem uma mensagem doce por causa do filme, que fala do amor pelos animais, a criançada de identifica. Mas aí Simba resolve vir para o Carnaval, se pinta de timbaleiro e vamos embora! (risos).
O país da gente está vivendo um momento muito triste e tenso, eu acho que Deus me usou para trazer alegria e independente do título de 'música do carnaval', ela está surpreendo a gente, pois em números depois do "Lepo Lepo" ela é a mais rápida de acesso de views, no YouTtube... três dias de música lançada, Roberto Firmino, jogador do Liverpool, estava fazendo a coreografia em um jogo.
Imprimir isso na Bahia, nesse ano onde várias músicas estão tocando muito, foi muito difícil para me colocar o projeto 'Só Toca Psi', que teve 10 músicas e só lançamos 6, dessas veio Rei Leão. A música de trabalho da gente era "Subindo e Descendo", mas aí o povo foi começando a cantar e mudamos.
Já fizemos isso alguns anos, com Lepo Lepo, Xenhenhém, dentre outras. Quem manda no final é o público.
Como tem visto fazer um carnaval da alegria mesmo com a situação atual do País
Acho que um país desesperado, um povo desesperado, toma o lugar da esperança... E o país da gente está sem fé... Quando você perde, quem substitui é o desespero. Tem muita gente que não consegue segurar o tranco da vida, superar as dores, muita gente nova botando a corda no pescoço pra se matar por que não tem mais opção... e Deus me usou para levar alegria, pra levar paz, pra dizer para as pessoas que no Carnaval é o remédio para nos divertimos. Falar de assuntos que tragam de volta a esperança...
Gravamos uma música com Dog, novamente... Estamos chamando Igor Kannário e Edcity (cantores baianos populares na periferia de Salvador) para participar dela também, o nome é "Deus Te Ama". Tem tempo que não fazemos isso, mas nesse momento somos usados pelo divino para levar isso. A música ainda serve como uma bussola para as pessoas que estão sem luz e nesse momento cabe a nós, como artistas, participar de alguns debates... tá muito chato esse mimimi! A gente serve como alegre esperança... o Psirico foi feito para isso!
Uma história de muitos anos, consolidada, junto do povo.
Sobre a suposta crise do Carnaval de Salvador
Em um lugar onde tem badauê, cortejo Afro... Temos Maju, Iran, Afro cidade, várias coisas acontecendo na música baiana com artistas novos, mas voltamos àquela história: não temos espaço! Eu sou um dos poucos artistas, que abro o meu espaço, canto músicas dos menores para isso. Há pouco tempo mesmo, teve o menino da Lá Furia, temos que ter alguns cuidados com a letra (em referencia a polemica da música "Fábio Assunção") , claro, mas o Psirico vem com a abertura para os novos chegarem.
Às vezes o meu público não conhece, mas como sou muito pesquisador, uso meu trio para mostrar que a Bahia está se renovando, os mais velhos estão na onda do Feat, fiz com Ivete, Saulo e Durval... Trouxe as Ganhadeiras de Itapuã também.
A gente não fala só da aglomeração do povo, mas também das dores, fazemos músicas também pensando em outras vertentes e graças a Deus o público gosta das mensagens. A Bahia nunca teve em crise cultural: Somos o principal celeiro do Brasil, não existe estado com mais concentração de cultura, a não ser Pernambuco, que tem a cultura do maracatu e tudo mais... Quem falou esse negócio de crise, está maluco!
Melhores momentos do Carnaval na sua carreira, onde está desde 2004
Primeiro momento que ganhamos a música do Carnaval, foi muito louco! Eu ficava gritando isso o tempo todo! A questão da proibição, do preconceito que existia com o pagode, fez com que aquele grito, me deixasse louco... Mas o maior momento que nunca vou esquecer foi quando eu saí do Hospital e fui direto cantar, em 2015. Mas eu estava consciente, não sentir dor, não teve nada que arriscasse... Foi coisa de Deus, inesquecível! Marcou demais a minha vida e eu não sei de onde tirei forças para fazer isso. As pessoas preocupadas, Leo Santana que fez reforço comigo, também preocupado, perguntando se estava tudo bem.
O que me marcou realmente foi a comoção que aquilo fez nas crianças, nos mais velhos... Todos os lugares que passamos, tinha flores, escapulários dos santos... Aquilo foi demais! Eu sou guerreiro da nossa música, se eu não fosse cantar naquele momento, acho que minha carreira parava. Vivo para o Carnaval e para minha família.
Carnaval do Psirico em 2019
Esse ano vai ser um negócio de louco... Fiz até natação para ter fôlego, estou me preparando, fazendo exercício físico, para aguentar o tranco. Tudo o que aparecer, vou quebrar tudo. Esse ano vai ser o carnaval da minha vida... Mas ainda tem muita gente não acreditando em mim, no potencial do Psirico, mas vou provar que a raiz está lá! Nosso ensaio foi gostoso, lotou, mas a gente vai rodar o país inteiro com essa marca, já tem previsto muitas cidades do Nordeste.
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