De volta à Globo, Aguinaldo Silva fala de nova novela e admite ciúmes de Vale Tudo
Autor está escrevendo Três Graças, cuja estreia está prevista para 20 de outubro, às 21h

Publicado em 14/02/2025 às 17:27
Às voltas com uma nova novela na Globo - a trama, chamada Três Graças, tem previsão de estreia para 20 de outubro, às 21h -, Aguinaldo Silva, 81, deu detalhes do projeto e abriu o jogo sobre as suas expectativas para o remake de Vale Tudo, cuja o original ele escreveu com Gilberto Braga (1945-2021) e Leonor Bassères (1926-2004).
"Escrevi a sinopse [de Três Graças] na pandemia. Originalmente, era uma minissérie. Girava em torno do roubo de um cofre. Depois achei que daria uma novela. Chamei duas pessoas como coautores: Zé Dassilva e Virgílio Silva. Criamos a partir daí uma nova sinopse. Através de um agente, mandei para a Globo. Ficou lá um bom tempo sem que eu tivesse resposta. Depois de quase um ano, fizeram contato comigo, disseram que tinham gostado muito e perguntaram se eu poderia escrever o primeiro capítulo. Escrevi, eles também gostaram e pediram mais cinco. Por aí foi. Assinamos contrato e estamos os três a trabalhar", contou o escritor em entrevista à coluna Play, do jornal O Globo.
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"Eu era meio obcecado por essa história há muitos anos. Por causa de uma novela que ia escrever ou estava escrevendo, fui fazer pesquisa na Maternidade Leila Diniz, na Barra da Tijuca. Quando cheguei lá, havia uma fila de grávidas esperando atendimento. Percebi que a maioria não tinha 18 anos. Fiquei chocado. Pensei em um dia escrever sobre pessoas que engravidam muito cedo de homens que não assumem a responsabilidade. A ideia ficou guardada no meu cofre de futuras histórias. Até que saiu agora. A novela tem uma linguagem bastante popular", revelou Aguinaldo Silva.
"[Três Graças] vai passar numa comunidade fictícia que já usei em Duas Caras, a Portelinha, no subúrbio do Rio. Como em toda novela, temos o núcleo das pessoas mais carentes, as nossas heroínas. E o núcleo do qual elas dependem financeiramente, que as emprega. Há um certo embate entre as ambições de uns e as carências de outros", adiantou.
No papo, Aguinaldo negou que o folhetim já tenha nomes escalados para o elenco. "Tenho atores com quem gosto de trabalhar, mas não escrevo para eles. Depois é que penso: 'Isso seria bom para fulano ou beltrano'. Na escalação, há três fatores importantes: autor, diretor e emissora. Elenco tem que ser formado em função dessas três criaturas. Não sei de onde saiu uma história sobre convite ao José Mayer. Eu sei que ele não quer trabalhar. Não fiz convite algum. Nem para ele nem para Betty Faria. Estou preocupado em escrever. Houve época em que autores escalavam. Agora, muito justamente, é um trabalho de uma equipe", disse.
Aguinaldo Silva fala de volta à Globo e Vale Tudo
Aguinaldo Silva deixou claro que sua saída da Globo, em 2020, é uma questão superada. "As pessoas que comandavam o processo que resultou no meu afastamento, por uma dessas ironias do destino, três meses depois também foram afastadas. Sempre disse que não tinha mágoa da Globo. Pelo contrário, devo muito. E ela também me deve. Estamos empatados e seremos felizes para sempre", disparou.
O dramaturgo também reconheceu os erros de O Sétimo Guardião, sua última novela na emissora. "Eu assumo sem problemas que uma parte do que não deu certo foi responsabilidade minha. Várias coisas não funcionaram, havia um clima interno de bastidores que não era bom. Quando o clima não é bom, não adianta", declarou.
Já sobre a releitura de Vale Tudo, ele não escondeu os ciúmes. "É complicado falar porque sou completamente apaixonado por Vale Tudo. Foi um dos momentos mais mágicos da minha vida. Tudo dava certo. Não vou negar: como único autor vivo da novela, tenho certo ciúme. Mas estou com expectativas, quero ver, porque, claro, é outra época. Outros tempos, outros costumes. Evidentemente, não pode ser exatamente como foi naquele momento. Mas é uma grande história. Certamente a Manuela [Dias, autora do remake] vai fazer um trabalho incrível. Estou querendo ver. Com ciúmes, mas estou (risos). Ela não chegou a me procurar, e acho que fez bem. É a versão dela", avisou Aguinaldo.
"Confesso que não faria [remakes]. Você vê: Tieta, de 1989, está no ar agora. As pessoas estão amarradas na TV à tarde para assistir. A novela acontece naquele momento. É uma coisa mágica. Funciona ou não. Fico com medo de ver remakes por causa disso, porque aí já não é mais aquela novela, é outra. Tem outro elenco, outra direção, outro tom. Vou ser bem sincero: não sou fã de remakes. Mas eles são feitos e funcionam, né?", analisou.
"Quando dá certo, na primeira semana você percebe. Acho que, na fase áurea das novelas da Globo, havia uma conjunção de fatores que fazia com que elas funcionassem. Um fato muito importante que a gente não pode deixar de levar em conta é que as pessoas só tinham as novelas. Não havia TikTok e essas coisas todas paralelamente. Ela não é mais a senhora absoluta do destino. Hoje tem que concorrer com muita coisa. Dificilmente haverá um sucesso tão extraordinário como era rotina acontecer. Foi uma época mágica que não vai se repetir nunca mais", concluiu Aguinaldo Silva.