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Filha de dubladora acusa SBT de lucrar com venda de Chaves e cobra pagamento de direitos

Herdeira de Helena Samara, Fátima de Camilo se queixa da posição do SBT envolvendo o trabalho da mãe


Chaves
Dublagem de Chaves se tornou problema para o SBT - Foto: Reprodução/Dublapédia/Televisa/Montagem NaTelinha
Por João Paulo Dell Santo, com Fabrício Falcheti

Publicado em 13/08/2024 às 04:05,
atualizado em 13/08/2024 às 11:00

Fora da programação do SBT desde julho de 2020, Chaves ainda é um assunto constante na emissora e também fora dela. Filha da dubladora Helena Samara (1933-2007), que deu voz à personagem Dona Clotilde (Angelines Fernández), Fátima de Camilo tenta receber do canal de Silvio Santos os direitos autorais pelo trabalho da mãe.

Em 2014, após quase três anos de conversas, houve um acordo do SBT com os dubladores pelas exibições de Chaves e Chapolin feitas pela própria emissora. Boa parte dos representados nas negociações recebeu por seus trabalhos, menos Fátima, que não foi localizada mesmo sendo herdeira direta de Helena, e outros dois profissionais.

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Em 2020, um grupo de 22 dubladores resolveu procurar o SBT a fim de ajustar outros dois pontos: 1) a exibição de Chespirito e Chaves Animado pelo próprio canal; 2) a venda de todo o portfólio de Roberto Gómez Bolaños (1929-2014) - Chaves, Chapolin, Chespirito e Chaves Animado - por outras plataformas, como Multishow, Amazon Prime, Netflix, Cartoon Network, Boomerang e TBS.

Os profissionais alegam que o material, desde a versão Maga, iniciada em 1984, até a RioSound, finalizada em 2013, foi vendido ilegalmente à Televisa, que o revendeu para os players brasileiros sem a devida autorização.

Como nenhum herdeiro de Helena Samara participou do acordo de 2014, o SBT aceitou revisar o caso e, além de pagar pelos dois pontos mais recentes, acertaria o acumulado do acordo anterior. No caso das exibições feitas pela emissora de Silvio Santos, a própria seria responsável pelos valores. No caso das vendas feitas pela Televisa, a rede mexicana faria o pagamento à empresa dos Abravanel, que os repassaria aos dubladores.

A nova rodada de conversas corria bem, de forma que contemplava os envolvidos, mas, há cerca de dois meses, a advogada do grupo teria sido informada que o acordo seria invalidado, sem maiores explicações. A alegada meia volta do SBT surpreendeu os profissionais, uma vez que todos os pontos negociados haviam sido aceitos por parte do canal.

"Esse dinheiro é um direito nosso e que a emissora concordou, durante três anos de negociações, em pagar amigavelmente. Como resultado de tudo o que aconteceu, a advogada teve que deixar o caso, visto que ela só trabalha com acordos e passou para uma outra profissional, que deverá assumir a partir daqui, porém, no contencioso", explica Fátima de Camilo em entrevista exclusiva ao NaTelinha.

"É nosso direito e nós não abrimos mão. Durante trinta e seis anos, o SBT explorou, comercialmente, os produtos o quanto pôde, e a Televisa fez o mesmo durante onze anos. Os dubladores e/ou seus herdeiros possuem direitos inalienáveis e o SBT não pode ignorar isso", desabafa a filha de Helena Samara.

Por fim, ela ainda diz que a Televisa pagou por parte da venda, mas o SBT reteve o dinheiro. "Ainda há uma outra questão, a Televisa já havia enviado ao SBT, não tudo, mas uma parte do dinheiro que deveria ser repassada a nós. E nem esse valor nos foi pago", reclama.

Procurada pela reportagem, a assessoria de comunicação do canal se manifestou de forma sucinta sobre o assunto. "Não temos conhecimento [sobre essas queixas]. Os direitos de Chaves não são do SBT. Os direitos são automaticamente devolvidos [à Televisa] em razão do contrato de licenciamento", disse. "Esse é um assunto tratado entre as empresas. A cada 5 anos aparecem novos dubladores. Não temos comprovação da participação [desses profissionais]", completou.

Chaves é desejo latente do SBT

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O imbróglio envolvendo os dubladores da série Chaves deve render dores de cabeça ao SBT a médio prazo. Como a emissora de Silvio Santos tenta, insistentemente, reaver os direitos de exibição da produção, um acordo precisa sair do papel antes disso.

No último dia 31 de julho, Florinda Meza, a dona Florinda, deixou os fãs cheios de expectativas por conta de uma publicação no Instagram. A viúva de Roberto Gómez Bolaños deu a entender que a série mexicana pode voltar ao ar após quatro anos.

"Todos os personagens estão prontos, eu estou pronta... Por vocês, a magia pode acontecer", escreveu a atriz em uma série de fotos, para o delírio dos internautas Em março de 2023, Meza publicou um clique do Chapolin Colorado triste e perguntou: "E agora, quem poderá nos divertir? Eu quero que Chespirito volte logo às telinhas. E vocês?".

Na época, Carlos Villagrán, o Quico, concedeu uma entrevista ao programa Ventaneando, da TV Azteca, e explicou o que estaria acontecendo. "Eu creio que o motivo é o dinheiro. Acabou o contrato e os direitos do programa quem tem é Roberto Gómez Fernández, filho de Gómez Bolaños. Televisa tem os direitos das transmissões, então acho que não chegaram a um acordo", declarou.

Daniela Beyruti, vice-presidente do SBT e filha de Silvio Santos, já deixou claro mais de uma vez o desejo de voltar a exibir a série. No entanto, até o momento, o entrave nas negociações entre a Televisa e Roberto Gómez Fernández, filho de Roberto Bolaños, tem dificultado as conversas.

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