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Benjamin Back abre o jogo sobre volta ao SBT e analisa situação do É Tudo Nosso

Apresentador do É Tudo Nosso se diz competitivo por audiência, mas não deixa os números afetarem sua capacidade de raciocinar


Benjamin Back no É Tudo Nosso
Benjamin Back no É Tudo Nosso; apresentador realiza sonho - Foto: Divulgação/Lourival Ribeiro/SBT
Por Thiago Forato

Publicado em 29/06/2024 às 08:00,
atualizado em 29/06/2024 às 15:52

Benjamin Back está realizando um sonho. O apresentador do É Tudo Nosso - no ar desde março - cresceu assistindo e se dividindo entre os jogos do Corinthians e o Show de Calouros aos domingos na TV. Fã declarado de Silvio Santos, a quem considera o Pelé da televisão (ou o contrário...), viu sua realização cair pela ribanceira no ano passado com uma demissão inesperada do SBT. "Muito triste. Veio do nada. Simplesmente do nada", recorda ele numa longa entrevista ao NaTelinha em vídeo (veja no final da reportagem).

O SBT já sabia do seu interesse em apresentar um programa de auditório na casa antes da pandemia de Covid-19. Benja chegou a se reunir com Fernando Pelégio, ex-diretor artístico, e José Roberto Maciel, hoje CEO do Grupo Silvio Santos. À época, ele estava no auge liderando a audiência no extinto Fox Sports Rádio (2012-2020) nas tardes da TV por assinatura.

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Pouco tempo depois do encontro, recebeu um convite para integrar o casting do canal. A Copa Libertadores havia mudado de casa e a alta cúpula viu no apresentador o nome ideal para capitanear um programa esportivo. Nascia (ou renascia) o Arena SBT.

O tempo passou e em janeiro de 2023, o sonho estava prestes a se materializar: Pelégio o chamou para 'bolar' um programa de entretenimento. Um piloto foi gravado em março, mas não demorou muito para que Benja fosse demitido de maneira abrupta.

De volta ao SBT, Benja diz que teve carta branca para chamar quem quisesse e fazer um programa de auditório com o DNA da emissora. Competitivo por audiência, não deixa que os números façam com que ele perca a capacidade de raciocinar. Não é escravo do Ibope, mas acompanha e comemora seus bons resultados.

Confira a entrevista com Benjamin Back:

Benjamin Back abre o jogo sobre volta ao SBT e analisa situação do É Tudo Nosso

NaTelinha - Você pela primeira vez não apresenta um conteúdo que tenha esporte envolvido. Embora o É Tudo Nosso tenha estreado em março, não nasceu agora. Você gravou um piloto bem avaliado internamente. Como foi o começo do programa na sua primeira passagem no SBT?

Benjamin Back - Tudo começou quando o diretor artístico do SBT que era o Pelégio me chamou e falou: 'estamos querendo fazer alguns programas novos, vimos em você o potencial em fazer um programa...'

NaTelinha - Partiu dele então?

Benjamin Back - Sim! Sem ser de futebol... Eu sempre quis, tá?

NaTelinha - Mas você manifestou o desejo? Ele já sabia? Ou ele meio que atirou no escuro?

Benjamin Back - Há muitos anos onde eu sequer imaginei trabalhar no SBT, eu num almoço inclusive que tava o Pelégio e falei o seguinte... A gente estava num almoço no SBT antes da pandemia. O mundo era outro, tá?

NaTelinha - Então o que você foi fazer lá na emissora? Aproveitando pra discutir sobre seu futuro?

Benjamin Back - Tá bom, eu nunca comentei isso. Tá bom, eu falo... Até porque não tem nada excepcional. Era um simples almoço de... Juro pra você, tinha zero interesse de ninguém. Nem meu ou de quem me convidou. Estava no almoço eu, Maciel, Pelégio, e desse almoço... Era um almoço, sabe? 'Vem aí conversar, conhecer'. Palavra de honra! Não tinha absolutamente nada!

NaTelinha - Você no auge, no Fox Sports Rádio...

Benjamin Back - É! Estava no Fox Sports ainda... Tava morando no Rio de Janeiro, e era uma semana que eu tava, não lembro por qual semana em São Paulo. Não me lembro o motivo. Vamos almoçar, conhecer, sem absolutamente nada. A gente tava conversando coisas normais, não tinha nunca... Quer vir pro SBT? Estou dando minha palavra de honra. Não tinha nada. E numa hora tal, alguém perguntou: 'o que você planeja da sua vida?'. E eu peguei e falei: 'você me conhece, sou uma pessoa sincera e direta'. Isso custa caro. Peguei e falei: 'meu sonho um dia era trabalhar no SBT onde cheguei a trabalhar no começo da minha carreira'. Em 2003, fiz um mês de Copa Ouro, do lado do Amigão e Júnior Capacete que tá em São Paulo.

"Falei: 'olha, meu sonho é trabalhar no SBT'. Por quê? Porque sempre fui muito fã de Silvio Santos. Ele sempre foi o Pelé da televisão. Eu cresci domingo vendo Silvio Santos e aí o SBT sempre teve pra mim o quê? Tem algo que eu amo de paixão, é uma emissora extremamente popular. Ela é direcionada para o povão. Ela não é uma emissora elitizada. Então, isso pra mim foi um negócio que eu sempre quis. Ele é a cara do entretenimento na televisão. O SBT pra mim, programa de auditório, não tem pra ninguém. Ninguém sabe fazer programas de auditório, tanto da câmera pra lá quanto pra cá."

Nesse almoço, falei, meu sonho era trabalhar no SBT com um programa de auditório popular. Divertido e tal. Não é fazendo futebol? Não! Sempre quis programa de auditório. Nunca imaginei na minha vida ou ninguém imaginou que viria uma pandemia. E muito menos imaginei que o SBT compraria uma Libertadores da América. Nunca imaginei um monte de coisas. E aí, o que aconteceu? Num dia, o Maciel me ligou: 'olha, compramos a Libertadores'.

NaTelinha - Você ficou sabendo antes de todo mundo?

Benjamin Back - Não! Não me falou em primeira mão. Ele falou 'preciso por um programa no ar e um cara que vejo do perfil pra ter é você'. Não era num horário fácil. E eu peguei, na hora falei: 'tô dentro. Tô dentro'. É a minha porta de entrada no SBT e aceitei na hora porque vou realizar uma parte do meu sonho.

Aí, cara, começamos o Arena, precisou ir ao ar de uma forma muito rápida. Não teve piloto, não teve nada. Fui contratado numa quarta e estreou numa segunda, não era ao vivo, era gravado. Não deu tempo de desenvolver nada. Tomei muita porrada.

As porradas fazem parte.

NaTelinha - Porradas de quem?

Benjamin Back - Alguns críticos, que acham que você condenar um programa pela estreia... Não acho honesto. Você colocar palavras como "fracasso", "fiasco", "não vai durar três meses"... Quem apanha não esquece. Se a pessoa falasse assim, estreou um programa no SBT, o Arena, o programa começou fraco... Eu não ia falar nada, até porque era verdade. Como vou estrear um programa do dia pra noite? Em uma emissora que nunca teve o perfil de ter um programa de futebol. Acha que em um mês, dois meses, três meses consigo resolver? Claro que não.

Ainda mais em um programa que não é diário. O Fox Sports Rádio era mais fácil consertar porque amanhã tem programa. Viu que tem alguma coisa errado, na terça arruma, até quinta tá tudo certo. O que é semanal você melhora.

"As equipes do SBT, as pessoas que trabalham, tem uma vibe... Tem uma vibe... Sei lá se construíram em cima de algum lugar iluminado. É incrível, quando você entra com o carro. É uma energia tão positiva, tão legal. As maquiadoras, figurinistas, produção... Tudo bem, você não pode ter hoje, a TV vive momentos bem diferentes de 20, 30 anos atrás. Se pudesse ter uma equipe gigantesca, mas é em todos os lugares, você tem uma estrutura mais enxuta. Eu tinha uma equipe de produção que era uma coisa insana, cara. Todo mundo torcia pelo sucesso de todo mundo. Todo mundo se dedicava."

Você via um cara com problema pra resolver ajudar a resolver e dar certo. A equipe de produção é incrível. Até quando saí do esporte. Mantenham toda a equipe porque é incrível. E não acho que televisão ou qualquer coisa o sucesso se deve apenas ao apresentador.

NaTelinha - É coletivo...

Benjamin Back - É os câmeras que pegam um take legal, a produção que cria, seus companheiros de programas que fazem a diferença. A minha função... Nunca fui um cara egocêntrico. Não! Trouxe o Cicinho. Eu que liguei pra ele um dia, porque antes na época da Fox, falei 'você é bom pra caramba'. No dia que liguei pra ele, ficou maluco. E pra mim é muito legal ouvir que 'convite seu eu não posso falar não'. O Sheik um dia me ligou perguntando 'você seria um bom comentarista?'. Claro, você tem história, tem carisma, é irreverente. O Mano que eu levo pra todo lugar e o Maciel me deu carta branca desde o início.

NaTelinha - Escolhe com quem você quer trabalhar?

Benjamin Back - Escolhe com quem você quer trabalhar! Tive carta branca pra tudo.

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NaTelinha - O Arena SBT era um título já utilizado pelo SBT em um programa de 2014. Bem diferente daquele que você apresentou. Você teve carta branca pra escolher o nome?

Benjamin Back - O Maciel chegou pra mim e falou: temos o nome, Arena SBT. Deixa eu te falar: quando você chega num lugar, não é tudo que tem que mudar também. Não sou o dono da emissora, vice-presidente, entendeu? Eu acho o seguinte: vamos conversar, você pode isso, pode isso... Sou um funcionário. Tenho que entender como funciona a casa. E o papo comigo sempre foi transparente: o horário é difícil.

Disse que não tem problema nenhum. Vai passando um dia, chamei a a equipe toda de produção. Agora é o seguinte: estamos no SBT e precisamos fazer um programa de futebol que é a cara do SBT. O que é a cara? O colorido, o divertido, o alto astral, né? Com uma energia lá em cima. Gostaria de ter música, quadros.

NaTelinha - Plateia você tinha cogitado?

Benjamin Back - Não podia porque era pandemia. Era uma ideia minha de ter uma arquibancada mas não deu tempo. Quando passou a pandemia, teve aquele lance todo. E aí entrou a produção, com ideias, todas aquelas coisas e eu falava: presta atenção, fazia um programa que não mostrava os gols. O Arena era o último programa de esportes da rodada, já viu tudo na segunda, gol não vou mostrar. Vamos mostrar outras coisas.

E aí o programa pegou. Eu pegava o Arena depois do Ratinho, que vem do entretenimento. O Ratinho é um monstro. Precisava ter alguma coisa que ao meu ver se encaixava um pouco com o perfil do Ratinho. Então a concepção era essa. E eu sempre fiz o Arena como uma porta, um cartão de visitas dizendo que podia fazer outras coisas também. O SBT sempre me deu essa liberdade.

O programa era muito legal. Os convidados iam e falava 'que legal', os artistas, tudo...

NaTelinha - Em que momento chegaram em você dizendo que estaria na hora de ter um programa de entretenimento? Como foi o primeiro contato?

Benjamin Back - Eu fui mandado embora em 2023. Em janeiro, o Pelégio me chamou na sala dele e falou: 'vamos fazer uma mudança na programação, a gente vê potencial. Cria aí um programa! Você vai estar com o Tiago Galassi que fazia o Arena'. Bom pra caramba. E aí fiquei feliz porque tinha uma sinergia com ele bacana. Já sabe os defeitos e qualidades de cada um. Fiquei felizão.

Queria ter o Victor Sarro...

NaTelinha - Você também teve carta branca pra montar o elenco?

Benjamin Back - Eu não escolhi tudo, mas o Sarro era um nome que eu queria. Tinha o lance do Mano, eu, o Tiago, fomos começando a desenhar o programa. A ideia desde o começo era fazer diferente. Não é um programa, 'vamos copiar aquele'. Era fazer com uma fórmula meio caótica mesmo. E com a cara do SBT, com muita informação. Se olhar pra lá, perdeu alguma coisa. E fui desenhando o É Tudo Nosso. Fizemos o primeiro piloto. Na época quando a gente gravou... Em março do ano passado.

E todo mundo que viu, 'esse programa é demais'. Foi aí que saiu o É Tudo Nosso.

NaTelinha - Quantos pilotos você chegou a gravar? A avaliação interna era positiva. O que aconteceu nesse caminho da boa análise pra dispensa num primeiro momento?

Benjamin Back - Gravei um piloto. Um mês depois me chamaram e me mandaram embora.

NaTelinha - Um só? Muitos confundiram com o Programa Livre. Nada a ver, certo?

Benjamin Back - Não! Não é o Programa Livre. Quando às vezes alguém falava 'você tá fazendo o Programa Livre'... Totalmente diferente. Nunca foi, nunca!

NaTelinha - Como reagiu à demissão?

Benjamin Back - Muito triste. Veio do nada. Simplesmente do nada. Uma pessoa me liga: 'vem aqui'. Tá demitido. Entendi nada. Fiquei muito triste por alguns motivos. Era um sonho de trabalhar no SBT. Era meu sonho. Não era uma emissora qualquer. Fiquei triste porque o Arena era um programa que tava tendo um puta sucesso.

"O que posso carregar no meu currículo: o Benja fez um programa de futebol meia-noite no SBT às segundas que deu certo. O primeiro programa de futebol no SBT que deu certo fiz numa segunda meia-noite. Poxa vida, meu! O programa acontecendo, tão bacana e legal... Aumentou mais minha tristeza, que era ter um programa de auditório. Todo mundo que viu disse que o programa era demais. E fui demitido. Óbvio que fiquei triste pra caramba."

NaTelinha - Muito perto de realizar, né?

Benjamin Back - E pra mim que sempre foi diferente? Nunca briguei lá dentro. O ambiente era ruim? Pelo contrário.

NaTelinha - Foi puramente financeiro?

Benjamin Back - Eu não sei te falar.

NaTelinha - Não tem essa informação? Qual o motivo? Existe algo aberto? Ou tem e prefere não falar?

Benjamin Back - Desculpa, cara. Financeiro não acho que era, não.

NaTelinha - Não era financeiro?

Benjamin Back - Pra mim zero. Zero. Zero. Agora... Nunca tive qualquer tipo de mágoa ou decepção com o SBT. Muito pelo contrário.

NaTelinha - Prova disso que voltou...

Benjamin Back - Prova disso é que voltei. Às vezes não é a empresa, são as pessoas. Quando saí, muitas pessoas me perguntando se ia criticar, falar mal. Sempre tive o sonho de trabalhar no SBT. Trabalhei! Foi curto? Foi. Nunca trabalhei tão pouco tempo num lugar. Fiquei 18 anos no Estádio 97, 7 anos na Fox, 13 anos no Lance.

NaTelinha - Eu te conheci no Lance, numa entrevista com o Kajuru!

Benjamin Back - O Kajuru foi quando fiz 10 anos de Lance! Eu falava 'vou fazer quatro entrevistas por mês, quem vocês querem? 'Um dos mais pedidos era o Kajuru. Eu fiz por exemplo a primeira vez de Ratinho e Datena numa entrevista juntos. Fiz o Mano Brown quando ele não dava entrevista pra ninguém.

Fiquei triste por esses motivos, mas nunca vou criticar o SBT. Se eu tinha um sonho, realizei. E não acho que realizei mal. Por mais que tenha sido um período curto, só três anos, de novo: podem falar o que for. Fiz um programa dar certo meia-noite no SBT, eu fiz.

Ninguém quer ser demitido, mas feliz demais de ter trabalhado. Posso falar um dia 'trabalhei no SBT e foi muito legal'.

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NaTelinha - Só pra colocar uma pedra no assunto da sua demissão: você não faz ideia do que aconteceu? Não tem sequer uma desconfiança do que pode ter desencadeado isso?

Benjamin Back - Acho que tem coisas que se fala e coisas que não se falam. Não estou aqui pra acusar, arrumar confusão. De novo: toda empresa tem o seu modus operandi, os problemas, qualidade. Tem suas reestruturações, entendeu? Cada uma é cada uma. Fiquei 7 anos na Fox, teve a fusão com a Disney e não quis continuar. Todo mundo falou que eu era louco.

Meu caminho é outro. Então, vida que segue, cara... O que pra mim mais vale é que voltei.

NaTelinha - Quem tomou a decisão, errou... Sua volta validou que foi injusta?

Benjamin Back - Não é? Voltei num curto tempo, né? A mesma tristeza que tive no dia da minha demissão, voltei com a alegria triplicada.

NaTelinha - Não deve ter acreditado...

Benjamin Back - Acreditei!

NaTelinha - Por quê?

Benjamin Back - Minha demissão foi muito injusta. As coisas pra mim não são apenas dinheiro. Você pode fazer não pra um monte de coisa. Hoje posso falar não pra um monte de coisas. Eu visto muito a camisa. Eu tenho tesão no que eu faço. Quando tem dia de gravação, que tesão... Vou pro SBT... Cansativo? É. Mas é legal pra caramba.

Vou me divertir, fazer o que eu gosto, com quem eu gosto. No mesmo jeito que na CNN. Uma coisa totalmente inusitada no dia que me convidaram.

Sou um cara competitivo. Visto a camisa do lugar que eu trabalho. A partir do momento que vou pro SBT, vou fazer até o impossível: esgotei minhas forças, ideias, mas vou até o limite. Na CNN foi igual. Tenho carta branca? Tem. Faz o que tem que fazer.

No dia que eu perder o tesão nessas coisas, tenho que parar. Quando sai a audiência, nas duas últimas semanas a CNN ganhou da GloboNews com programa de futebol.

NaTelinha - O contrário também te exalta, quando o programa vai mal você fica proporcionalmente mexido?

Benjamin Back - Não deixo afetar o raciocínio. Do mesmo jeito que tem que saber ganhar, tem que saber perder. Aí sim é igual jogo de futebol. Adoraria ser igual o Manchester City no ano passado que ganhava tudo.

Tem dia que o programa não foi tão legal. Acontece. Não deixo me abater. Ferrou? Não! Vamos atrás de alguma coisa, hoje foi ruim? Semana que vem vai ser legal.

NaTelinha - Você acompanha o minuto a minuto?

Benjamin Back - Eu não fico no minuto a minuto, mas...

NaTelinha - Poderia?

Benjamin Back - Acho que, cara... Acho que vai me consumir demais, cara. Sabe?

NaTelinha - Sugar a energia?

Benjamin Back - Ficar sexta-feira à meia-noite. Se tá legal saio pra comemorar e se for ruim me jogo debaixo da cama? Não levo. Mas tem que saber ganhar e perder. O que me chateia às vezes, o que hoje é um negócio, são os caça-cliques. Às vezes você tem títulos de matérias e você vai ver a matéria, não tem nada a ver com o título. A maioria das pessoas são preguiçosas, não lê, só o título.

Fracasso... Fracasso é uma palavra forte.

NaTelinha - Estão banalizando a palavra fracasso?

Benjamin Back - Todas. Não só o fracasso. Você fica perplexo com o tipo de crítica. Adoraria que todos os meus programas tivessem a melhor audiência, mas às vezes não acontece. Tem que contextualizar muito.

Esses dias vi uma matéria aí que não era verdade, sabe? E falava: poxa, escreveu na maldade!

NaTelinha - Sobre você ou o programa?

Benjamin Back - O programa. Você vê que não era verdade.

NaTelinha - O que era?

Benjamin Back - Que o programa tá indo muito mal, não tem merchan e está havendo uma pesquisa do que gostam ou não do programa. Tem o departamento de pesquisa no SBT. É feito pra todo mundo, não só pra mim. O que tá legal, não está... É normal. Não tem merchan? Semana passada gravei quatro. Não é isso, gente.

NaTelinha - E você não fala pro cara e diz que não é verdade?

Benjamin Back - Não ligo pra jornalista. Vou ficar ligando? Já fez o barulho. Se me der um direito de resposta, é no rodapé. Mas teve um dia que liguei. Não vou citar o nome, mas escreveu um negócio que era uma atrocidade. Esse eu pedi o telefone pra ligar.

Falei: 'tudo bem? isso que você escreveu nunca existe. Nem sombra. Não sei de onde você tirou isso'. E ele falou: 'de SBT eu conheço muito'. Não tô duvidando, mas isso em especial eu estou lhe garantindo que não foi comigo. Não sou eu'.

O cara virou e disse: 'seu nome dá muito like aqui no site'.

NaTelinha - Ele falou isso?

Benjamin Back -Te juro por Deus. Mas não é verdade. Tô te garantindo. Não mudou nada.

NaTelinha - Publicou sabendo que não era verdade?

Benjamin Back - Não teve correção, não mudou nada eu falar...

NaTelinha - Foi grave?

Benjamin Back - Não era grave, mas era desagradável.

NaTelinha - O que era? Você pode nos situar?

Benjamin Back - Não posso, mas não tinha nada a ver comigo. Zero! E virou o Benja lá... O que eu vou fazer?

NaTelinha - E não desmentiu nas suas redes sociais?

Benjamin Back - Hoje tenho que entender que o mundo mudou. Você tem as redes sociais, você tem muita coisa, o que quer eu faça?

NaTelinha - Voltando um pouco antes do É Tudo Nosso estrear. Como foi a volta? O início da conversa? 'Lembra daquele programa que você gravou o piloto? A gente gostaria que você estreasse'. Como foi o contato?

Benjamin Back - Foi assim! Foi assim! Foi assim...

NaTelinha - Simples assim?

Benjamin Back - É! Falei: 'caraca, meu!'. Foi uma puta alegria, puta festa. Trabalhar no SBT é do cacete. Demais. Tá afim? Tô afim. Sem mágoa.

NaTelinha - Quem sentou na mesa e disse 'vamos acabar de formatar o programa?' Como vai ser? Quem é que pensou no formato? Como foi a tempestade de ideia (brainstorm)? E o título?

Benjamin Back - No piloto tem uma hora que eu falo 'é tudo nosso'.

NaTelinha - Nasceu espontaneamente?

Benjamin Back - Eu adorava esse nome porque era um jargão, né? Tá na língua do povo. É tudo nosso! sexta é tudo nosso! A Daniela Beyruti também gostava muito do nome. Então, foi isso. A volta foi do jeito que você falou. Depois sentamos eu, o Tiago, começar a desenvolver, trazer equipe. E foi...

NaTelinha - O dia de exibição, eu particularmente considero um problema, que é a sexta-feira. Vejo a sexta como um moedor de programas, de talentos. O Marcos Mion tinha um programa na Record chamado Legendários (2010-2017), a Record matou o programa quando colocou às sextas. O Tiago Abravanel no SBT também já teve o Famílias a Frente Frente e não ia bem. A Galisteu na Band também foi mal. É um dia difícil. Você já sabia desse lastro da sexta? Você concorda com isso? O dia de exibição norteava as conversas ou era o espaço que tinha na grade?

Benjamin Back - Segunda-feira 11h45 da noite, ao vivo, é um bom horário para um programa de futebol?

NaTelinha - Não! Não é bom.

Benjamin Back - Deu certo. Vem de novo o papo que tivemos no começo: sou funcionário do SBT, não sou dono. Vamos pra sexta à noite? Vamos pra sexta à noite. Eu, a princípio, eu sempre achei legal. Pô, sexta à noite. Não via muitos programas pra competir. Sempre achei legal.

Agora, o que você tá falando... Tá vindo com fatos. Fatos que aconteceram, cara. E é uma visão do cara que conhece muito, que trabalha com isso. E mostrou grandes apresentadores que tiveram problema na sexta-feira.

Tem que esperar o tempo dizer. Agora, o que seria um horário bom?

NaTelinha - Pra mim?

Benjamin Back - Sim.

NaTelinha - A segunda-feira é um dia bom, mas não 23h45. A quinta, mas tem a Praça, teria que remanejá-la... A quarta-feira tem uma lacuna aparentemente vaga. E trazer a linha de shows pra mais cedo porque vai ao ar muito tarde.

Benjamin Back - Olha, eu, quando me foi falado sexta-feira, eu achei legal. Porque o conceito desse programa, começou o fim de semana. Pra cima! O É Tudo é divertido, tem uma energia bacana. Começou o fim de semana, vamos nos divertir. Na minha concepção sempre foi isso.

NaTelinha - Sua concepção mudou?

Benjamin Back - Não. Ah, cara... Às vezes você fala: pode mudar algumas coisas? Poderia ser mais cedo?

NaTelinha - Poderia.

Benjamin Back - Tem o Ratinho. Eu não posso mexer na programação do SBT. Não tenho esse poder e nem gostaria. É na sexta? Vamos fazer tudo pra dar certo.

NaTelinha - Perguntando hipoteticamente, teve chance do programa ser ao vivo? É uma coisa que vocês pensam ou pensavam?

Benjamin Back - Numa sexta não tem como ser ao vivo. Como vou levar os artistas, bandas? Sexta à noite não leva. Difícil. Quer levar um humorista? Tá fazendo stand-up dele.

NaTelinha - Você concorre com o ganha pão dos caras... Mas e se fosse em outro dia? Tem espaço vago na quarta. Alô, SBT! Poderia fazer ao vivo?

"Não é fácil fazer esse programa ao vivo, hein? Vou te falar: eu me divirto, acho legal pra caramba, mas por exemplo, não é fácil de se fazer: é muita informação, muita coisa acontecendo, sabe? Os decibéis estão acima. Tem quase 200 pessoas numa plateia animada, gritando, artistas no palco, no chão, o cara fantasiado, os câmeras. É muita loucura, cara. Adoraria que o Tarantino assistisse. Tem hora que eu penso que tô no Um Drink no Inferno (1996). E 5 minutos depois, não tem nada a ver com o que aconteceu antes."

NaTelinha - Mas é gravado como se fosse ao vivo? Grava sem parar?

Benjamin Back - Grava sem parar.

NaTelinha - Então, imaginando... Não haveria dificuldade de se fazer algo que vocês já fazem.

Benjamin Back - E correr o risco de alguém falar umas bobagens ao vivo. Precisa tomar cuidado com isso. Pela lógica que você falou, talvez sim.

NaTelinha - O É Tudo Nosso tem algo que valorizo bastante. De alguns anos pra cá, vai todo mundo buscar formatos quadrados e engessados. Já te passou pela cabeça? Ir numa feira de TV e buscar um formato que seja legal pra apresentar?

Benjamin Back - Nunca tive isso. Sempre pensei em algo que gostaria de saber. talvez ir numa dessas feiras... É importante, importantíssimo. Trazer o formato de quadro, acho muito legal. E não sou contra comprar formato e fazer. A gente quis fazer algo autoral. A gente quis fazer algo que a gente enxergava e ter potencial. Ser diferente. Tudo que é diferente, Às vezes demora pras pessoas processarem.

Acaba o programa, não tem um artista, banda, sertanejo, MC, banda de rock, pagode. Benja: 'nunca fiz um programa de televisão igual esse'. A sensação é que estou num show meu. Não tem um que não falou. Alguns MCs que a gente leva... Tem idade de ser meu filho, esses garotos do funk, do trap, nunca foram em programa de televisão porque cresceram de outra plataforma.

Vários artistas que não vou citar nomes. Vou lá no camarim agradecer. Sinta-se à vontade e tal. Falo assim: você vai quando entrar lá, como se estivesse no show. Quando acaba, vem falar pra mim. Eles vêm: 'você tinha razão, nunca vi nada igual'. E artistas já com mais experiência também falaram pra mim isso. Pode ligar pro Tico Santa Cruz do Detonautas. Gabriel, o Pensador, o que achou? MC Ryan foi três vezes. Uma ele apareceu.

Ele tava lá gravando, estávamos na Batalha da Rima, se divertiu. E nós estamos trazendo coisas pra TV aberta que a TV aberta tem um certo preconceito e a gente tá rompendo isso. Fizemos a batalha da rima, pra quem não conhece, é um sucesso nas ruas, nas praças. Trouxemos sem qualquer concessão, mudança. Fizemos aqui agora a batalha o breaking também.

A gente tá trazendo um público que não tá acostumado, um público novo. Um público que tinha se afastado.

NaTelinha - Alguns que nunca ligaram a televisão...

Benjamin Back - Justamente. O trabalho que estamos fazendo lá é incrível. Estamos quebrando barreiras. Estamos fazendo um programa diferente.

NaTelinha - Não dá pra encaixotar num formato e vender na feira de TV, né?

Benjamin Back - Não sou o maior entendido de televisão do mundo, mas acho que não. Acontecem coisas... Muitas coisas eu não sei, a produção não me passa. Não querem que eu saiba. Então não sei.  Te digo que mais da metade das coisas não sei o que vai acontecer.

NaTelinha - E as externas? Era um plano aumentar o número? O programa está com mais matérias assim...

Benjamin Back - Você tem um programa que é semanal, demora pra ver o que é legal, o que não é legal...

NaTelinha - Com quantos programas gravados você estreou?

Benjamin Back - Um! Só um! As externas são legais demais. Tem que saber a hora, ir testando, o que o povo gosta. O Victor Sarro vai e é espetacular, o Thiago sem T... Tem muito a cara do SBT.

NaTelinha - O que é mais difícil: saber o que o povo gosta e quer ver ou ter certeza daquilo que ele não quer ver?

Benjamin Back - A segunda opção é mais difícil.

NaTelinha - Aquilo que ele não quer ver?

Benjamin Back - Cara, o que o povo gosta eu sei. Eu sei o que o povo gosta. Às vezes não é fácil você colocar em prática, materializar isso. Mas eu sei o que o povo gosta.

NaTelinha - O que não gosta é mais difícil de descobrir...

Benjamin Back - É difícil, cara...

NaTelinha - No programa você já fez experimentos que você detectou coisas não quer ver? Teve isso?

Benjamin Back - Não teve coisa assim. Às vezes tem coisa que eu falo. Isso eu não gosto. E às vezes tem uma coisa que eu acho que não é legal... No Arena uma vez teve um negócio que eu não queria fazer, não acho legal.

NaTelinha - O que era? Pode falar?

Benjamin Back - Não lembro, não é nada assim, seríssimo, às vezes um quadro que não queria fazer. Peguei, fiz e foi legal.

NaTelinha - Sobre resultado de audiência, você disse que não acompanha o minuto a minuto. Você já pega o relatório no dia seguinte com o minuto a minuto, só a média, quanto deu cada quadro? Como chega isso pra você?

Benjamin Back - Vejo consolidado, pico, share, média. O minuto a minuto são feitos nas reuniões pra ver o que é mais legal.

NaTelinha - A concorrência você acompanha? A Record está com episódio X no Quilos Mortais...

Benjamin Back - Não!

NaTelinha - Você não se liga nisso?

Benjamin Back - Não, minha preocupação nesse começo é o foco no É Tudo Nosso. É o produto, nosso produto, como vai estar, como vai ser, se tá legal. É tudo nele.

NaTelinha - Como grande fã de Silvio Santos, você colocou alguém no seu casting que é sinônimo dele: Helen Ganzarolli. Tem você, o Mano, o Sarro, de repente tem a Ganzarolli... Como foi a ideia de colocá-la?

Benjamin Back - Quando surgiu o nome da Helen pra mim, não lembro quem foi... Achei sensacional!

NaTelinha - Mas não tinha pensado? Nem passou pela cabeça?

Benjamin Back - Nunca tinha pensado, sou sincero. Tem que estar aberto a ouvir as pessoas. E eu aprendi, meu amigo, em qualquer profissão que você está. Quando alguém propor algo: ouça. Quando alguém falou da Helen, falei: sensacional. É a cara do SBT.

Você tá vindo com um programa totalmente diferente, irreverente, trazendo nomes que não tem a cara do SBT e de repente está a Ganzarolli. E ela é um sucesso. É o carisma em pessoa. Ela é bonita, bem humorada, divertida, carismática, domina a luzinha vermelha... E cara, de novo, tem a cara do SBT. É inusitado? É. Eu na CNN era um negócio sem pé nem cabeça. Nem você imaginava, muito menos eu.

A Helen foi isso. E eu gosto do inusitado. Sabe aquela história do rolê aleatório? E o É Tudo Nosso tem muito rolê aleatória. Caiu como uma luva. O SBTista tá lá e de repente vê a Helen...

E ela domina. Manda super bem. Tem um quadro novo dela divertidíssimo. Quando me falaram o nome, topei na hora.

NaTelinha - E ela também, né?

Benjamin Back - Também. Não conhecia ela pessoalmente. Estamos trabalhando juntos, gente finíssima. Tanto fora como lá dentro.

NaTelinha - Tem alguém que você queria colocar no programa mas não conseguiu? Alguém que tentou garimpar e não deu certo?

Benjamin Back - Al Pacino!

NaTelinha - Aí seria bom, hein? Fora o Al Pacino?

Benjamin Back - Não tem, não tem. O que queríamos fazer, estamos fazendo. Toda semana ideias novas. Não posso reclamar não.

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NaTelinha - Queria que você falasse do seu patrão, Silvio Santos. Ele não aparece nos palcos há dois anos, mas você teve a sorte de gravar ao lado dele. Deve ter sido uma das suas inspirações. Como foi essa realização?

Benjamin Back - É inenarrável. Indescritível. Vou te falar um negócio: não só tive o prazer de gravar mas gravar na volta dele na pandemia. Tem duas coisas que vou gravar pro resto da minha vida. Gravei com o Silvio Santos, gravei um! Acabou, falei: Silvio, posso tirar uma foto? Tirei uma foto. E eu fui no Raul Gil tirar o chapéu.

NaTelinha - Icônico, né?

Benjamin Back - Totalmente icônico. São monstros da televisão brasileira que fizeram a TV ser o que é. Nunca imaginei estar lá. Era moleque vendo o Raul Gil tirar o chapéu. Domingo só parava pra ver o Corinthians e o Show de Calouros. Aí, vou te falar... Na hora que eu vi o Silvio Santos... Na hora do programa foi do cacete, mas quando acabou, ficou só eu e ele: sou muito seu fã. Tem problema tirar foto? Ele falou: lógico que não. Nesse momento tive a mesma sensação de quando tive o prazer de conhecer o Pelé.

Igual. São pessoas... Primeiro acho que não são pessoas...

NaTelinha - E são?

Benjamin Back - Te juro que não sei te falar. Podem ser pessoas... Tem algumas coisas igual nós, mas eles são diferentes. Não dá. Conheci o Pelé no escritório de um amigo meu. Fica aí que o Pelé tá chegando. Ele chegou com boina tipo do Milton Nascimento, sabe? Ele achava que andava na rua e ninguém reconhecia. Sentamos numa sala, o Pelé, Pepito, o assessor... Caiu a ficha: 'Pelé, me desculpa, não acredito que tô aqui há meia hora conversando com você. Posso tirar uma foto?' E aí falei: é o Pelé! É uma entidade.

Com o Silvio foi igualzinho. Só tivesse essa sensação com duas pessoas na vida: Pelé e Silvio Santos. Talvez teria com a terceira que é o Al Pacino. É o maior de todos da história do cinema. Se eu visse o Al Pacino, acho que teria a mesma sensação.

NaTelinha - Na gravação vendo o Silvio, o que passava pela sua cabeça? Tentava prestar atenção no gesto, no que ele fazia? Ou deu um branco completo?

Benjamin Back - Não deu branco porque sei que o Silvio leva a sério o programa. O programa é brincadeira? É. Mas leve a sério a brincadeira. Entenda o jogo. Jogue o jogo. O jogo do programa.

Quando eu tava parado, não era eu que tinha que interagir... Ficava olhando e falando 'caraca, não é possível, é o Silvio Santos'. E você começa a ver, analisar o cara, como anda, como ele fala com o público. Tá louco, o Silvio é um fenômeno. Não tem pra ninguém. Esquece!

NaTelinha - Você acha que a TV precisa dar uma oxigenada? Se pegarmos o domingo há 20 anos atrás, tínhamos Faustão, Silvio, Gugu. Eles não estão mais lá. Como é sua visão de TV aberta? Como ela pode lidar com a inclusão de novos nomes? A gente precisa de mais nomes... Cada vez menos pessoas ligam a televisão hoje. Há crianças que não sabem quem é Silvio Santos. Como você esse movimento?

Benjamin Back - Olha, você tem essa missão igual você falou... Trazer uma molecada que parou de assistir televisão. Acompanham tudo nos streamings, celulares... Mas independente disso, quando vejo indo para outro lado e você vai me entender.

Quando falo de YouTube, mas precisa falar com esse público. Não é só a molecada de 10, 15 anos que assiste YouTube. Tem que ter conteúdo pra todo mundo, igual a televisão.

Eu tento, e falo por mim, é tentar mesclar. Não tenho que fazer só programa pra público de 14 anos. Tem as de 40, 45, 50 anos, que assistem. E se divertem. Então, onde eu me encaixo nisso? Cada vez mais tento ter um apelo popular. E meus objetivos são fazer as pessoas se divertirem. Não quero vender ideia, não quero papo cabeça. Não quero nada disso. Quero quando um cara olha pro Benja, 'vou me divertir, ganhar prêmio, vou interagir'. E tenho uma preocupação e não é demagogia, é com o povo. De poder dar um pouquinho de diversão onde estão tirando tudo.

Estão escanteando o povo das coisas. É a minha visão. O futebol tem que pagar pay-per-view, ir ao estádio tem que ser sócio, camisa 700 reais. Televisão tem que ter Netflix, Amazon, Paramount... O povo não tem dinheiro.

NaTelinha - E reclamavam da TV a cabo que era caro...

Benjamin Back - Quando entro no SBT, passo a cancelar com o carro, já é automaticamente. Estou chegando pra dar alegria pro povo, entendeu? Às vezes quando tem caravana e entro no ônibus às vezes. Dou berros, fico filmando. Molecada começa a rir. Tiro foto, grito, zoo... E as pessoas mandam mensagem no Instagram, no direct, 'como me diverti, posso ir de novo?'. Quando o artista fala... Que legal, né? É uma amostragem. As pessoas gostam. Isso pra mim não tem dinheiro que pague.

"Semana passada tinha uma gravação, me deu vontade de chorar. O cara cantando, um monte de gente, e veio uma menina e falou: 'me dá um abraço? gosto tanto de você'. A pessoa não pediu um prêmio, boné, camiseta, dinheiro... Me dá um abraço? Caraca, velho! Primeira vez na vida, sem ser família... Nossa! Aquilo pra mim foi tão forte... Às vezes você vê uma pessoa mais simples e abrir um sorriso pra você. É o SBT também. Ninguém mais tem."

As pessoas que vão lá são honestas, é muito povo. É muito popular. Missão de dar alegria ao povo e fico feliz de participar disso.

NaTelinha - E você consome TV aberta? O que você assiste?

Benjamin Back - Consumo. Vou te falar: adoro assistir o Ratinho. E participar também. É sensacional. É um cara povão. Sou muito fã do Celso Portiolli. Quantas vezes fui no Passa ou Repassa? Baita apresentador, adoro. Vejo futebol. Adorei a volta do César Filho para o SBT. Sempre tô vendo. Adoro ver TV aberta.

NaTelinha - E na concorrência?

Benjamin Back - Na Globo tem o futebol. Hoje não vejo mais novela. A última foi Avenida Brasil (2012). Pra você ter ideia, o melhor programa esportivo que vi na vida foi o Clube dos Esportistas do saudoso Silvio Luiz que era da Record. Quando tô comendo pizza à noite domingo em casa gosto de ver o Mesa Redonda na Gazeta... Adoro o programa da Patrícia Abravanel!

NaTelinha - Que ainda é o Programa Silvio Santos...

Benjamin Back - E é muito legal o DNA. Adoro programa com quadros, música. Quem sabe fazer é o SBT. Quando falam que a TV aberta morreu... Não vai morrer nunca, principalmente num país como o nosso com 220 milhões de habitantes. Tá mais viva do que nunca.

NaTelinha - Falando de É Tudo Nosso, quando o Rodriguinho vai participar do programa?

Benjamin Back - Vai ter que ir porque não aguento mais ver ele de sunga. O filho dele já foi e pedimos.

NaTelinha - Aquilo era programa raiz. O que o Gugu fazia no SBT talvez hoje ele sairia no camburão...

Benjamin Back - Tem isso também. Hoje, 80% das coisas, não dá mais pra fazer hoje. hoje você tem uma patrulha muito grande. Tem que tomar cuidado.

NaTelinha - E você se preocupa com isso? Você sofre patrulha de você mesmo? Se algo vai sofrer hate...

Benjamin Back - Hate não, mas em relação a você ter bom senso e pensar o que vai falar e como vai brincar. Sou de uma geração que peguei um monte de coisas que 90% não posso mais brincar ou fazer.

Hoje, esse tipo de comentário e até de uma brincadeira, pra quem faz é uma brincadeira, mas quem ouve se sente magoado. Tenho que respeitar isso. O que falo é o seguinte: sou um cara raiz, da brincadeira, zoeira, mas tenho que ter bom senso.

O que eu falo sempre: o mundo mudou. Muitas coisas mudaram pra pior, mas muitas pra melhor. O que há 20 anos era uma brincadeira inofensiva, hoje pode ser... É uma ofensa pra quem ouve a brincadeira. Tomo muito cuidado. Por isso talvez não sei se o É Tudo Nosso ao vivo traria alguns problemas, entendeu?

A gente sabe o peso que tem um comentário mal colocado, o que isso pode causar. Temos que respeitar isso. Me auto patrulho? Sim.

Assista à entrevista com Benjamin Back em vídeo:

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