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Politicamente correta, "Elis" poderia ter texto amoral nas mãos de Gilberto Braga

Filme transformado em minissérie foi ao ar nesta última semana na Globo


Andreia Horta como Elis Regina
Andreia Horta fez Elis Regina

Exibido entre terça (08) e sexta-feira (11) na Globo, “Elis” teve seu filme transformado em minissérie com cenas inéditas e não alcançou grandes índices de audiência, variando entre 17 e 19 pontos. Contudo, Gilberto Braga havia entregue uma sinopse sobre a vida da cantora para a emissora, que acabou engavetando o projeto.

Responsável por grandes sucessos como “Vale Tudo”, “Escrava Isaura”, “Dancin'Days” e “Celebridade”, o autor lamentou o fato de seu roteiro não ter sido produzido pela Vênus Platinada, tanto que resolveu fazer críticas ao filme que depois se transformou em minissérie.

Produzido em 2016, "Elis" recebeu análises negativas e foi chamado pelo crítico da Folha, Inácio Araújo, de "Conservador, 'Elis' deixa clara a opção por agradar ao público".

A palavra "conservador" passa longe do vocabulário de Gilberto Braga. Conhecido por tratar de temas espinhosos e apresentar personagens completamente amorais, o roteirista provavelmente seguiria seu universo politicamente incorreto e entregaria uma obra mais ousada.

Politicamente correta, \"Elis\" poderia ter texto amoral nas mãos de Gilberto Braga

Internautas passaram a questionar como seria uma minissérie de Elis Regina nas mãos do autor de “Vale Tudo”. É certo que os diálogos seguiriam as referências do cinema americano das décadas de 1950 e 1960, do qual é fã.

Por ser uma produção de época, Gilberto também apresentaria todo o seu conhecimento no universo musical e as tendências das gerações mais antigas, como fez em “Dancin'Days” e “Anos Rebeldes”.

Gilberto Braga e a ditadura militar

O novelista ganhou espaço na Globo na década de 1970. Seu primeiro grande sucesso foi “Escrava Isaura”. No ano seguinte, escreveu “Dancin'Days” e fez o Brasil parar, principalmente por ter uma trama ousada e repleta de referências dos tempos das discotecas.

Contudo, Gilberto Braga precisou enfrentar a censura da ditadura militar para colocar em suas tramas temas controversos. A trama dançante, por exemplo, enquadrou-se foi considerada uma obra de “desagregação familiar gerada pela separação de casais” e abordava a “situação do amor livre”, pois a protagonista era uma mãe solteira.

A censura jogou a novela para 22h, porém, como a emissora carioca realizou alterações, voltou para a faixa das 20h. Mesmo assim, Braga precisou tomar cuidados em seu texto enxergado como amoral para escapar dos militares.

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