No ar em "Jesus", Ana Barroso diz acreditar no poder de transformação do homem
Atriz emendou novela da Record TV depois de "O Outro Lado do Paraíso"
Publicado em 10/08/2018 às 06:00
Aos 55 anos, Ana Barroso tem um novo desafio pela frente. A atriz, sobrinha do compositor Ary Barroso (1903-1964) e prima da dramaturga Maria Clara Machado (1921-2001), está em “Jesus”, atual novela da Record TV.
Antes, seu papel mais recente foi em “O Outro Lado do Paraíso”, de Walcyr Carrasco. “Meu contrato na TV Globo acabou em uma sexta, e na segunda-feira eu estava assinando com a Record. É um privilégio e eu só tenho a agradecer!”, disse.
Na trama bíblica, a atriz dá vida à Sara, uma viúva cheia de fé e otimismo. “Uma mãezona... Mais uma no currículo”, comemora. O atual trabalho marca também seu retorno à emissora. Em 2017, Ana atuou em “A Terra Prometida”.
Em entrevista ao NaTelinha, a atriz fala sobre a carreira, sua relação com o público e dá detalhes a respeito da personagem que será curada por Jesus (Dudu Azevedo). “Já gravamos essa cena e foi muito emocionante, rolou uma conexão linda entre o elenco, terminamos abraçados e chorando”, revela.
Confira:
Você está no elenco de "Jesus", a nova novela da Record TV, que estreou no último dia 24. Como surgiu o convite para o papel?
Ana Barroso - Estava finalizando “O Outro Lado do Paraíso” quando minha agente foi procurada pela Record, que já tinha um personagem à minha espera em “Jesus”. Topei na hora! Já tinha trabalhado na emissora em “A Terra Prometida” e fiquei feliz em retomar essa parceria. Pela primeira vez, eu estou trabalhando com o Edgar Miranda, diretor geral da novela, que é “uma fera”, e com a Paula Richard, responsável por esse texto tão rico e emocionante.
Na trama, você dá vida à viúva Sara, uma mulher forte, dona de uma fé inabalável. Fale mais sobre sua personagem.
Ana Barroso - Sara é viúva, sogra do apóstolo Simão Pedro vivido pelo Petrônio Gontijo. Uma senhora sábia, generosa, cheia de fé e otimismo. Ela cuida de Pedro e do irmão André (Maurício Ribeiro), e ajuda a criar a neta Gabriela, vivida pela atriz Maitê Padilha. Recebe Jesus e Maria (Cláudia Mauro) em sua casa em Cafarnaum, cuida de tudo e de todos. Quando se encontra gravemente doente, é curada por Jesus em um dos milagres contados na novela.
Foto: Carlos Sales |
Você acredita em milagres? Como anda a sua fé?
Ana Barroso - Acredito no homem, no seu poder de mudança, de transformação. Tá tudo muito difícil, estamos vivendo um retrocesso terrível em todos os sentidos. A gente brinca no teatro que no final as coisas dão certo por causa do “Departamento de Milagres”, que acaba funcionando. Mas se não é a gente ali, na batalha, não funciona nada. E para batalhar a gente precisa ter fé. Sou uma otimista, as coisas vão melhorar, é uma questão de tempo e nós vamos operar esse milagre. A história de Jesus é linda! Independente de qualquer religião, ele foi um homem que estava do lado do bem, do amor e da tolerância. Conversamos sobre isso na preparação da novela. Jesus cura quem quer ser curado. É precisa ter vontade e muito amor para receber esse impulso e se curar, se tornar uma pessoa melhor para si e para os outros.
Antes do convite para a novela da Record TV, sua aparição mais recente foi como a Isabel em "O Outro Lado Do Paraíso", na TV Globo. Como foi emendar um trabalho no outro?
Ana Barroso - Achei que teria um tempo, uns meses para me dedicar só ao teatro, mas nessa profissão, no Brasil, não dá para planejar, prever o que vai acontecer. A gente tem que pegar a onda e surfar [risos]. Ator não tem férias, se pintar trabalho tem que pegar. No final, deu tudo certo. Tive um tempo de preparação, de entendimento. Sou velha na profissão, mas novata na TV. Ainda tenho que fazer muitas novelas para entender essa linguagem. Me sinto fazendo um "intensivão" nesses últimos três anos com quatro novelas.
Tanto em "O Outro Lado do Paraíso" quanto na minissérie "Verdades Secretas" (2015), você interpretou papéis de mães com filhas problemáticas e que acabaram seguindo caminhos tortuosos por influência das mães. Em "Jesus", sua personagem é quem irá criar a neta Gabriela (Maitê Padilha). A jovem também vai lhe dar trabalho ou não lembra em nada suas duas últimas filhas da ficção?
Ana Barroso - Não lembra em nada! É outra pegada [risos]. Gabriela é um doce! Pura, generosa, mas ao mesmo tempo com personalidade. Seu pai, Simão Pedro, dá muito mais trabalho, pois é um teimoso, cabeça-dura. É uma família simpática e amorosa que vai interagir com a família de Jesus, os pescadores de Cafarnaum, os apóstolos, uma turma do bem. Bem, isso é o que temos até agora. Muita coisa ainda pode mudar.
"Verdades Secretas" foi sua estreia na TV. Até então, você construiu uma carreira sólida no teatro, começando a frequentar este universo ainda pequena no Tablado. Acha importante para um ator iniciar a carreira pelo teatro?
Ana Barroso - Sem dúvida, o palco tem um cheiro, uma aura diferente, além de ser uma experiência que vai além da atuação. Um ator de teatro vive uma experiência de encontro, de trabalho coletivo, de processo de criação muito mais abrangente e profunda. O que não quer dizer que um ator que nunca tenha pisado em um palco não possa alcançar uma verdade genuína em cena. Existe uma geração nova de atores que nasceram na TV, no audiovisual e são sensacionais. De qualquer maneira, o teatro é uma escola de vida. Eu acho que todos deviam passar pelos palcos pelo menos uma vez na vida.
Você consegue conciliar o trabalho na TV com o teatro ou prefere disponibilizar seu tempo e dedicação a um projeto de cada vez?
Ana Barroso - A TV exige uma dedicação difícil de conciliar com qualquer outro projeto. Comecei “Jesus” envolvida com duas temporadas teatrais que já estavam agendadas e confesso que foi bem complicado. Tive que ensaiar um “stand-in" e fiquei estressadíssima, porque sou meio biônica, acho que tenho que dar conta de tudo, e ainda tem a família, o filho, a mãe para cuidar... De repente, você tem que se tocar que não dá, não pode. Agora, eu estou só com a novela, tranquila, curtindo a Sara.
Em um país como o Brasil a televisão alcança um número elevado de espectadores. Consequentemente, para um ator isso pode significar uma repercussão maior não só do seu trabalho como, também, da sua imagem. Para finalizar, como você lida com a fama, com o reconhecimento nas ruas e redes sociais, por exemplo?
Ana Barroso - Não lido! Continua tudo igual [risos]. Sou muito “low profile” nesse sentido, não tenho tempo para ficar nas redes e sou péssima internauta. Até pouco tempo eu nem sabia postar no Instagram, a galera jovem vai me ensinando e, agora, eu já consigo me virar e gosto quando tenho algum retorno, um comentário sobre o trabalho, recebo com o maior carinho. Até agora eu fiz personagens secundários em novelas que tiveram grande sucesso, como a mãe da Grazi, em “Verdades Secretas”. A televisão realmente te dá uma visibilidade grande, mas também do jeito que aparece, desaparece. Acho que o trabalho constante, a persistência, o estudo, a ética na profissão é que garantem o reconhecimento artístico. Esse me interessa!