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"Não é técnica, é emocional", diz Walcyr Carrasco sobre condução de novelas

Autor comenta também sobre conservadorismo no país e relembra o diretor Walter Avancini: ''meu pilar''


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Globo/Cesar Alves

Walcyr Carrasco volta à TV nesta segunda (23) com “O Outro Lado do Paraíso”, nova novela das 21h da Globo. O autor, um dos mais produtivos da emissora, não hesita em abrir concessões durante a condução de suas tramas: “É um processo flexível, intenso. Às vezes decido mudar rumos enquanto assisto a novela”, contou em entrevista à coluna. “Não é uma questão técnica, é emocional”, explica.

A história da novela, protagonizada por Bianca Bin, Sérgio Guizé e Rafael Cardoso, é baseada na “lei do retorno”, no famoso popular que prega o “aqui se faz, aqui se paga”. Walcyr acredita piamente na ideia: “Tudo que fazemos de positivo ou negativo na vida tem um retorno”. A onda conservadora que toma conta do país é considerada “perigosa” pelo autor: “É preciso tomar cuidado. (Essa onda) pode levar o governo a movimentos totalitários”, opinou.

Em sua quarta parceria com o diretor Mauro Mendonça Filho, é só elogios. “Adoro trabalhar com ele, é uma integração total”, comentou. Três dos seus últimos quatro trabalhos - “Gabriela” (2012), “Amor à Vida” (2013), “Verdades Secretas” (2015) e “Êta Mundo Bom” (2016) - tiveram as mãos de Maurinho, como é conhecido.

Vejo a vida com mais paz, mais tranquilidade

Walcyr Carrasco

“O Outro Lado do Paraíso” originalmente deveria aparecer só em 2018, mas o cancelamento da novela “O Homem Errado”, que deveria substituir “A Força do Querer”, interrompeu as férias do autor, que finalizou em agosto de 2016 “Êta Mundo Bom”. Mas isso não foi nenhum caso de outro mundo: “Sinceramente, essa questão (da novela ser antecipada) nunca me preocupou”.

Walter Avancini, Xica da Silva e A Padroeira

“Xica da Silva”, uma das novelas mais marcantes do escritor, recentemente completou 20 anos de seu término. Protagonizada por Taís Araújo, então estreante na TV, o autor confessa que não tinha muita proximidade com a atriz: “a relação era distante, mas adorei o trabalho dela”.

Era meu pilar

Walcyr Carrasco sobre Walter Avancini

A trama escrita para a finada Manchete “mudou sua vida”, principalmente pela parceria com o diretor Walter Avancini. “Ele mudou minha vida, minha compreensão de como escrever. Minha vida se divide entre antes e depois de Walter Avancini”. Walcyr repetiu a parceria com Avancini ao chegar à Globo, em 2000, com “O Cravo e a Rosa”, e depois na novela “A Padroeira”, atualmente reprisada pela  TV Aparecida, em celebração aos 300 anos de encontro da santa.

\"Não é técnica, é emocional\", diz Walcyr sobre condução de novelas

Avancini faleceu durante a trama, em setembro de 2001. “(Ele) era meu pilar, foi um grande sofrimento. E me desestruturei muito (durante a novela) por isso”, lamentou, apontando esse fato como o motivo dos problemas de bastidor e audiência que enfrentou durante a obra. “Mas a novela se recuperou e se tornou um sucesso”, afirma.

 Cotidiano

Amante de frutos do mar, o autor contou de sua rotina: “acordo, faço fisioterapia, passeio, vejo a novela e trabalho”. Walcyr opta por trabalhar à noite. Guarda alguns arrependimentos, como todo ser humano, mas não consegue enumerá-los e prefere não comentar.

De “Xica da Silva”, em 1997, para “O Outro Lado do Paraíso”, na atualidade, faz uma autoanálise: “Acho que estou melhor (hoje). Vejo a vida com mais paz, mais tranquilidade”. “O que é para ser, será”, finaliza.

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