Daniela Mercury sobre treta entre Ivete Sangalo e Claudia Leitte: "Tribunal da internet"
Cantora, que é amiga da ex-Babado Novo, deu a sua opinião sobre a polêmica

Publicado em 16/01/2025 às 19:40
O recente rompimento entre Claudia Leitte e Ivete Sangalo segue dando o que falar na imprensa baiana. Amiga das agora rivais, Daniela Mercury rompeu o silêncio sobre a polêmica que desencadeou na treta, quando a ex-Babado Novo mudou a letra da música Caranguejo, substituindo o verso "Saudando a rainha Iemanjá" por "Eu canto meu Rei Yeshua", termo que significa Jesus em hebraico.
A atitude de Claudinha irritou nomes históricos do Axé Music e seguidores das religiões de matriz africana, que viram o ato como preconceituoso. A fim de colocar panos quentes no assunto, a intérprete de O Canto da Cidade criticou o que considera um "tribunal da internet".
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"Eu não gosto de polêmicas ou de linchamentos públicos, nem de colocar ninguém nesse tribunal da internet, que discute as coisas com muita superficialidade. É um assunto importante ter tolerância religiosa ou lutar pela tolerância religiosa num país democrático, e acho que é importante que a sociedade discuta o que acha, o que pensa, com respeito, porque a gente tem liberdade de se expressar, mas é importante também pensar que isso é algo bastante delicado diante de toda uma história de exclusão, de invisibilidade, da invasão dos terreiros", afirmou Daniela Mercury em entrevista ao site PSNotícias.
A cantora fez questão de destacar a amizade com Claudia Leitte e saiu em defesa da loira. Para a Rainha do Axé, é preciso diferenciar a arte de interpretar as canções e a "mensagem religiosa".
"Eu sou amiga de Claudia, acho que cada um tem que responder por si, explicar porque ela sente a necessidade de fazer isso. Ela tem o direito de falar do jeito dela, como ela pensa. Eu tenho uma sensação muito clara de que quando a gente está em cima do palco a gente está fazendo arte, a gente não está levando nenhuma mensagem necessariamente religiosa, que os orixás fazem parte da nossa cultura, como a gente canta o hino do Senhor do Bonfim", comentou.
"Arte não é religião, arte é arte. Quando a gente vai para cantar, a gente está cantando a cultura da nossa cidade. Infelizmente, nem todo mundo pode ter a tranquilidade de reforçar questões culturais que podem ser associadas à religião. Isso é uma questão delicada, subjetiva e pessoal também", opinou Mercury.
Iemanjá provocou ruptura entre Claudia Leitte e Ivete Sangalo
A treta entre Claudia Leitte e Ivete Sangalo começou quando o secretário de Cultura e Turismo de Salvador, Pedro Tourinho, passou um sermão histórico na loira diante de sua postura supostamente preconceituosa envolvendo um dos orixás mais cultuados pelas religiões afros, Iemanjá.
Nos comentários do post de Tourinho, nomes como Ivete, Alinne Rosa e Tereza Cristina apoiaram o posicionamento do secretário e deixaram emojis de "palmas" para o gestor, se contrapondo a Leitte.
"Sempre há tempo para refletir, entender, mudar e reparar, mesmo após os 40 anos. O papel da cultura negra no Axé Music, o protagonismo dos cantores brancos, com os negros na composição e na 'cozinha', são fatos que não podem ser contornados. Não é para se fazer caça às bruxas, mas sim fazer justiça e colocar tudo no seu devido lugar", destacou Pedro.
"Homenagens ao Axé Music em 2025 têm de ser também afirmativas, trazendo os tambores para frente, os compositores para o alto. Têm de remunerar também de forma equivalente todas as cores. Têm de trazer a informação da origem daquela batida, falar de Dodô tanto quanto de Osmar. Celebrar aquele momento, trazendo luz a tudo e todos", disse.
No desabafo, o secretário alfinetou Claudia e lembrou do fato de ela ter se tornado evangélica. "Quando um artista se diz parte desse movimento, saúda o povo negro e sua cultura, reverencia sua percussão e musicalidade, faz sucesso e ganha muito dinheiro com isso, mas, de repente, escolhe reescrever a história e retirar o nome de Orixás das músicas, não se engane: o nome disso é racismo, e é o surreal e explícito reforço do que houve de errado naquele tempo", detonou.
"Se é para celebrar os 40 anos do Axé Music, que seja para celebrar com respeito, fortalecendo seu fundamento, ajustando desequilíbrios, valorizando sua verdade, avançar caminhando pela frente. Não podemos admitir desrespeito, apropriação e retrocesso, novamente", pediu Tourinho.
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