Cacá Werneck se interna após morte do pai e fala sobre seu amor por Monique Evans: "triplicou"
DJ se internou sozinha para tratar depressão após a morte do pai
Publicado em 26/11/2018 às 06:51
Cacá Werneck passou um mês internada em uma clínica psiquiátrica após a morte do seu pai. O corpo foi encontrado 15 dias depois. A namorada de Monique Evans não revelou detalhes do caso, que a fez entrar em uma profunda crise de depressão.
Cacá percebeu que não estava bem e resolveu ir de bicicleta até a clínica se internar. "Tenho recebido muitas mensagens, graças a Deus, recebi não só o amor da minha família mas o amor do Brasil todo, isso tem me feito cada vez mais forte", disse, em entrevista reveladora ao NaTelinha.
"Tô me sentindo super forte, super bem. Mas ainda tenho uma certa ansiedade, um certo receio de ter contato com a rua. Mas graças a Deus, Deus tinha um propósito na minha vida e hoje eu tenho a consciência de que quem não sofre, não evolui, não se torna um ser humano melhor", começou.
A DJ se declarou a Monique Evans: "E hoje eu me sinto uma Cacá renovada e, se isso era possível, o meu amor e o amor da Monique, triplicou, nosso amor, nosso companheirismo é uma coisa tão grandiosa sabe, tão divina, nesse tempo Deus fez com que a gente se amasse ainda mais, isso pra mim foi um grande presente. Ela é o meu amor, é a pessoa com quem eu divido 24h há quase 5 anos. Eu agradeço muito a Deus pela família que eu tenho, pelo amor que eu tenho e pela segunda família que eu ganhei que é a família dela, que me acolheu de braços abertos e eu só tenho recebido muito amor de todo mundo".
Confira a conversa na íntegra:
Como foi parar e falar: Meu Deus, eu estou enfrentando depressão e eu preciso de ajuda?
Cacá Werneck - Há dois anos eu já vinha passando por isso, mas superando, dia após dia, por conta do amor que minha família e a Monique me dão. Eu perdi meu pai de uma forma muito trágica. Ele não me criou, éramos muito afastados por conta de muitos problemas que ele tinha e assim, a depressão, tem pessoas que nascem com ela e pessoas que adquirem com o decorrer da vida. Às vezes eu acho que eu nasci com ela, mas ela foi se agravando e talvez essa identificação com a Monique, eu a conheci também dentro da clínica, essa sensibilidade de sentir o que ela estava sentindo porque na verdade eu também sentia. Eu também participei da Fazenda, foi uma coisa que me tirou o chão, minha depressão começou muito forte a partir dali.
A partir do momento que eu contar... É uma coisa assim, surreal. O que eu posso te adiantar é meu pai foi encontrado morto depois de 15 dias. Ele morava sozinho, ele era solteiro, sou filha única, eu descobri muitas coisas sobre ele, infelizmente nós não tínhamos muita aproximação por conta de alguns acontecimentos, minha mãe tinha medo.
Cacá Werneck
As pessoas tem muito preconceito quando se fala em clínica psiquiátrica. Desde o momento que eu fui visitar o grande amor da minha vida lá dentro, eu percebi que eu jamais pensava como muitas pessoas pensam. A sociedade tem muito preconceito, acha que quem vai pra clínica são pessoas malucas, muitas pessoas deixam de se cuidar aqui fora porque lá é um lugar horrível e que só tem pessoas como nós dizemos, ‘fora da casinha’, são pessoas que não tem mais jeito nem com remédio, nem com ajuda de médicos como eu to tendo, tô sendo acompanhada por um psiquiatra muito bom que minha mãe pagou por fora do tratamento da clínica, ele ia me visitar mais vezes e eu tava tendo um cuidado especial, porque lá dentro você tem médicos, mas você fica a mercê de muitas coisas. Bom, lá eu passei por um local chamado triagem, que é um local onde as pessoas estão muito, muito debilitadas de cabeça, mas todo mundo tem que passar por ali, para que eles possam te avaliar e você ir para um lugar melhor lá dentro.
Eu percebi que eu tinha tudo pra ser feliz – moro num lugar maravilhoso que é a zona sul do Rio de Janeiro, eu tenho uma família maravilhosa, eu moro perto da praia, malho na melhor academia eu vi que a morte do meu pai me desestabilizou totalmente. E foi agravando. Eu comecei a perder a vontade de trabalhar, de escutar as minhas músicas, eu tava perdendo o amor nas coisas que eu mais amava. Só queria ficar dormindo, comecei a tomar remédio pra dormir, pro tempo passar... e eu acabei vendo que eu estava virando uma bomba relógio, eu tava vendo que eu poderia acabar perdendo tudo e me perdendo também.
Primeiro você precisa se encontrar e entender que você precisa de ajuda. Igual a um usuário de drogas: existem muitos que reconhecem que estão passando por um problema e outros que passam e não dão o braço a torcer. Eu me internei por livre e espontânea vontade. Saí de casa 1h da manhã, deixei a Monique deitada e saí de bicicleta. O hospital era próximo da minha casa e eu resolvi me internar. Amarrei minha bicicleta no poste e resolvi pedir ajuda. Nesse dia eu tinha tomado muito remédio pra dormir, não consegui dormir e percebi que isso tava virando rotina na minha vida. E eu tava fazendo a pessoa que eu amo sofrer, me vendo sofrer. E ela também tem depressão e eu precisava ser forte pra cuidar dela, pra cuidar de mim, cuidar da minha família, então eu me aceitei e pedi ajuda.
Eu aprendi que lá dentro, quem não sofre não evolui. Deus tinha e tem um propósito muito grande na minha vida. (...) Eu fui pra lá consciente de tudo, mas muito abalada. Foi uma junção de coisas. E depois que meu pai faleceu, eu tava tomando café na cozinha e um primo meu que eu não via há mais de 20 anos me ligou e me deu aquela bomba na cabeça. E de lá pra cá eu só fui me acabando, perdendo a vontade de comer, perdendo a vontade de viver. Fiquei muito magrinha, continuei trabalhando com muita garra, mas eu percebia que eu escutava as minhas músicas e não sentia mais aquele arrepio que me dava antes e eu falei: nossa, tem alguma coisa errada. Então eu aceitei, fui pro hospital sozinha (...) e foi a melhor coisa que eu fiz na vida sabe? É como eu digo: eu matei um monstro e passei de fase. Eu passei uma fase muito difícil lá dentro, porque é como se fosse uma prisão né?! Com pessoas que já não estão mais aqui conscientes. (...) Lá não bate sol, é um corredor com alguns quartos e pessoas de todo tipo. Encontrei lá pessoas que já me viram tocar, encontrei e fiz duas grandes amigas, a gente aprende muito com o problema dos outros e vê que você pode superar.
Eu fiquei quase um mês lá dentro. Saí uma pessoa super forte, super madura. Acho que agora eu me tornei uma mulher de verdade – vou fazer 35 anos – passei a ver a vida de forma diferente e larguei tudo o que eu fazia de ruim. Hoje eu sou uma pessoa “limpa”, em todos os sentidos.
Tô fazendo uma faxina na minha vida, eu dei todas as roupas do meu armário para as pessoas carentes, eu e a Monique mandamos a empregada embora e estamos cuidando da nossa casa pra dar uma renovada em tudo. Ela tá fazendo a comida e eu arrumo a casa e isso faz muito bem pra gente porque a gente cuida uma da outra com muito amor. Uma coisa muito linda, assim sabe?
Infelizmente muitas pessoas julgam nosso amor, não acreditam, mas só a gente sabe e a gente não precisa provar nada pra ninguém, Deus tá ali em cima vendo tudo. Ela foi o tempo todo me visitar com a minha mãe. E que coisa do destino né?! Há 4 anos eu tirei ela de lá de dentro e dei muita força pra ela. Hoje é ela que me tirou de lá de dentro e tem me dado muita força, tem sido minhas duas pernas e meus dois braços.
E lá dentro eu tive muita dificuldade com a comida, era algo que eu já vinha tendo, por isso perdi 10 kg, eu vestia 38 e hoje eu visto 34. Não tô muito bem fisicamente, mas de cabeça eu tô totalmente forte, preciso fazer uma alimentação especial, recuperar alguns quilos, continuar meu tratamento com psiquiatra assim como a Monique tem o dela, (...) tô tomando dois remédios. E lá na clínica você fica sem celular, você fica sem o contato do mundo aqui fora, você fica acompanhada por médicos, por câmeras, é quase um reality show, mas não vale 2 milhões, vale a sua vida, vale a sua força. Eu tive um quarto só pra mim, eu pude refletir muito, você fica sem contato nenhum com tudo aqui de fora e eu entrei lá consciente de que o Brasil todo ficaria sabendo e eu não tenho nenhum problema com isso, muito pelo contrário, agora eu acho que agora eu posso encorajar muitas pessoas que precisam de ajuda. Fazer muitas pessoas aqui fora entender que a clinica psiquiátrica não é lugar só pra malucos.
Eu uni muito a minha família e a família da Monique, mais do que já eram unidos. Eu consegui melhorar muitas pessoas aqui fora que largaram as drogas, as bebidas e foram se tratar. A sociedade precisa parar com esse julgamento e as pessoas que precisam de ajuda aqui fora precisam parar de ter medo de entrar lá porque a partir do momento que você entra lá você se torna tão guerreiro, tão forte, que você fica com medo de sair de lá de dentro, é normal, o mesmo medo que eu tive quando saí da fazendo, medo de encarar a sociedade, porque a coisa mais difícil é você lidar com o ser humano. As pessoas estão muito ruins, o mundo está muito ruim e lá dentro você passa por situações difíceis, mas você fica longe dessa podridão aqui fora. (...) Eu não tenho muitas coisas boas pra falar do meu pai e nem restou uma recordação. Eu pergunto pra Deus porque teve que ser uma morte tão cruel. Então assim, eu fiquei com recordações ruins do passado e recordações do presente, de como tudo aconteceu com ele.
Você falou muito do seu pai. O que houve com ele?
Cacá Werneck - Isso é muito complicado falar. Pretendo contar sim, mas não sei onde. É muito forte. Eu ainda não quero que as pessoas fiquem com esse filme que eu fiquei na cabeça. Porque a partir do momento que eu contar... É uma coisa assim, surreal. O que eu posso te adiantar é meu pai foi encontrado morto depois de 15 dias. Ele morava sozinho, ele era solteiro, sou filha única, eu descobri muitas coisas sobre ele, infelizmente nós não tínhamos muita aproximação por conta de alguns acontecimentos, minha mãe tinha medo. Ao mesmo tempo que ele era uma pessoa muito boa, ele tinha seus momentos que eram muito complicados pra gente entender, mas no final de tudo eu acabei entendendo e agravou ainda mais tudo o que eu pensei e tudo o que eu sofri.
Na verdade até hoje eu não consigo entender porque até hoje a causa da morte do meu pai deu indeterminada. O que eu posso te dizer é que é uma história muito pesada e eu vou precisar estar muito preparada para contar isso pro Brasil.
Meu pai morava ao lado da família dele e mesmo assim demoraram muito pra encontrar meu pai. A gente fica com a cabeça imaginando um milhão de coisas: como foi, como deixou de ser... e os termos dos médicos que não saem da minha cabeça. Eu consegui revelar algumas coisas pra mim, outras não.
Qual o lugar que a Monique ocupa nessa recuperação e na sua vida?
Cacá Werneck - É um amor tão grande, que é difícil até expressar. A Monique é o maior presente que Deus me deu na vida. É o relacionamento mais forte que eu já tive em todos os sentidos: cumplicidade, companheirismo. A Monique é agora, a pessoa que eu mais amo na vida. Um dos motivos de estar viva agora e falando com você é pelo amor que eu sinto por ela, pela vontade de cuidar dela, pela vontade de estar com ela pela vida toda.
As pessoas são insensíveis. As vezes falam: 'Ah Cacá, a Monique vai envelhecer primeiro do que você. Você vai cuidar dela, mas quem vai cuidar de você?' Não importa. Ela tem o dobro da minha idade (62 e 34) mas o nosso amor é tão especial, ela é uma pessoa tão amada por mim e é tão recíproco em todos os sentidos, nós sentimos as mesmas coisas, na mesma sintonia, na mesma força, na mesma intensidade. Se um dia o meu amor precisar de mim pra qualquer coisa, eu quero cuidar dela pro resto da minha vida. Eu não me imagino sem ela, eu nunca olhei pra outra mulher, eu nunca desejei outra mulher, eu tenho muito orgulho de ter ela na minha vida, uma mulher não só linda por fora, mas muito mais linda por dentro. O coração dela, a humildade... é algo que eu nunca vivi com outra mulher.
E as pessoas olham muito pra beleza exterior. Mas além dela ser linda, o que me conquistou na Monique foi a humildade dela. Nós temos muita gratidão uma pela outra. Nossa família foi um encontro de várias almas. Eu ganhei uma família linda, eles me aceitaram desde o inicio quando ela me assumiu. Eu falei pra ela que a maior prova de amor não foi ela ter me assumido pro Brasil, foi ter me assumido pra família... pra netinha dela que na época devia ter 4 anos, ela me ama, ela é apaixonada por mim. Ela supre tudo e todos pra mim. E eu sei que eu também tenho esse lugar na vida dela. Tenho certeza que Deus colocou uma no caminho da outra e a gente entende uma a outra, a gente lê o pensamento uma da outra. A Monique é a mulher da minha vida. Ela é tudo o que eu tenho. E eu espero que um dia a gente se case e consiga realizar todos os nossos sonhos.
Como você se vê após a internação?
Cacá Werneck - Eu transformei a dor em força. E quando a gente aprende isso e depois consegue, depois não tem nada que deixe a gente fraca. Não tem nada que me faça cometer os mesmos erros que eu tava cometendo antes, e aquela depressão que estava me rodeando, já está longe de mim.
Agora eu tô começando uma vida nova, com outra cabeça, com muita força, com muita vontade de viver. Eu dei um grande passo quando me internei. Ali eu tava me moldando, eu tava me limpando, de toda sujeira e toda seqüela que estava dentro de mim. É claro que falta um longo caminho, mas eu me sinto uma pessoa vitoriosa e forte pra cuidar do amor da minha vida. Ela também precisa muito de mim, e viver com a Monique é o melhor presente que Deus me deu. Por isso eu tenho que ter muita vontade de viver e é o que eu tenho agora, muita vontade de viver. Deus tinha esse propósito, Ele estava comigo lá dentro, está comigo aqui fora e é com ele que eu vou seguir pro resto da minha vida.
A clínica foi o maior aprendizado que eu tive até aqui, igual a esse eu acredito que não vai ter mais. Esse foi o máximo. Foi a experiência mais incrível, mai surreal, que eu mais tive que ter força pra superar. E por isso hoje eu me sinto tão bem, porque Deus tocou na minha alma e me trouxe renovada.
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