Publicado em 14/12/2020 às 05:01:01
A carreira da repórter Fernanda Arantes pode se resumir em uma palavra: viagem. A mineira de 28 anos cobriu futebol nas afiliadas da Globo em Cuiabá e São Carlos (interior de São Paulo), porém há um mês realizou um de seus maiores sonhos na profissão e foi contratada para trabalhar em São Paulo, cobrindo a Copa Libertadores da América no SBT.
Fernanda se instalou na capital paulista da mesma forma que a rede de Silvio Santos abrigou o torneio continental: com muita vontade e um pouco de improviso. A mudança definitiva para o novo imóvel aconteceu neste fim de semana, levando consigo a inseparável cachorrinha e o ukulele que toca nas horas vagas. A jornalista compõe o time de profissionais de um departamento de esportes ainda em construção, mas com muita disposição para atrair o torcedor à nova casa da Libertadores.
A repórter, que já assina reportagens para os telejornais da emissora, estreará ao vivo nesta terça-feira (15). Está escalada para a transmissão de Palmeiras x Libertad (PAR), no Allianz Parque, valendo uma vaga para as semifinais da Libertadores. Após o sonho realizado de trabalhar em São Paulo, Fernanda assume um dos trabalhos mais desafiadores da carreira. Na Globo, ela cobriu campeonatos estaduais e a Copa São Paulo de Futebol Júnior, onde se destacou com entrevistas e até memes.
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"Cobri três Copinhas pelo SporTV, e é uma competição muito intensa, com jogadores sobre os quais não se encontram informações com facilidade. Além de estudar muito cada time, sabia que era a minha oportunidade de aparecer no cenário nacional e mostrar quem era a repórter e a pessoa Fernanda. Acho que os jogadores, pela minha proximidade, se sentiam à vontade. Lembro de um que estava tão nervoso que eu tocava no braço dele só para ele sentir que estava tudo bem, e se acalmava. Você tem que ser muito humano e lembrar que antes do atleta está a pessoa que terá a primeira exposição da vida", explica Fernanda, em entrevista exclusiva ao NaTelinha.
O estilo irreverente atraiu fãs no Instagram ("Quando aparecia em um jogo na Copinha, ganhava 1.000 seguidores nas redes sociais") e olhares atentos de outros canais. Fernanda estava confortável na EPTV, onde trabalhava havia dois anos, quando recebeu uma proposta do SBT. Ela diz que, no começo, não acreditou, mas aceitou trocar de emissora. E confessa: chorou a caminho de São Paulo.
"Estava muito feliz na EPTV, mas o convite do SBT foi inesperado. Eles me procuraram pela internet mesmo. Em um primeiro momento, questionei: 'É sério?'. Conversei melhor com o diretor e com o Téo José, um querido, e aí entendi que era sério. Foi uma proposta irrecusável por dois motivos: era a oportunidade que sempre desejei de chegar à capital paulista e mostrar meu trabalho a nível nacional, e começar um projeto do início com uma equipe extremamente motivada, disposta a fazer dar certo, é muito interessante. Não tive como falar não. Na Globo, todos entenderam que era uma oportunidade de crescimento", conta a jornalista.
"Cheguei a São Paulo chorando, estava um pouco assustada. Finalmente estava onde eu queria. Até a ficha cair, desembarquei na rodoviária chorando. Não imaginava que o SBT era tudo isso. É gigantesco! As portas são enormes! Parecia cena de filme, entrei e vi o museu do Silvio! Revivi a minha infância olhando para a televisão. Fiquei muito impressionada e admirada. Mas quando me chamaram para começar a trabalhar virei a chavinha rapidamente. Todos os dias volto satisfeita com o que fazemos", avalia.
Deixar Curvelo (a 170 quilômetros de Belo Horizonte) para conquistar o Brasil também trouxe momentos difíceis para Fernanda Arantes. Como repórter da TV Centro América, afiliada da Globo em Mato Grosso, deparou-se com a solidão e a necessidade de mostrar que era competente sob os olhares tortos dos machistas.
"Em cinco anos, morei em quatro cidades diferentes, e deixei minha vida pessoal um pouco de lado. Quando cheguei a Cuiabá, não tinha onde ficar e fui acolhida pela funcionária do RH. Muitas vezes foi doloroso estar em uma cidade onde não conhecia ninguém. Foi uma trajetória de muita coragem, mas também de medo. Senti solidão, enfrentei a minha própria cobrança. Foi um período foi muito difícil psicologicamente", relembra.
A jornalista comemora o crescimento da parcela feminina na cobertura de futebol, e que este espaço não retrocederá. Primeira mulher da nova equipe do SBT, Fernanda participa do manifesto Deixa Ela Trabalhar, criado em 2018 por jornalistas esportivas para lutar contra o machismo e o assédio dentro e fora do ambiente de trabalho.
"Escutei até de diretores de clubes que estava na TV porque sou um rostinho bonito. Respondi: 'Simplesmente estudei quatro anos e meio com parte da formação em Portugal para nada, né?'. Sofri muito preconceito. Em São Paulo, vejo um caminho construído pelas outras repórteres muito mais tranquilo, com muito mais respeito, mais tranquilidade, sem a necessidade de se provar o tempo todo. Ver que as coisas melhoraram me dá felicidade e esperança. Não somos mais pauta, 'a mulher repórter'. É um fato. As pessoas entenderam", celebra.
O avanço das mulheres no jornalismo esportivo rendeu frutos para Fernanda. Na EPTV, foi a primeira mulher a narrar uma partida, a final feminina da Taça das Favelas de Campinas, em dezembro de 2019, para a internet. Também narrou o amistoso da Seleção Brasileira contra o México, em Araraquara (SP), para a rádio CBN. Em março, a repórter chegou a realizar testes na Globo, que na última semana anunciou a contratação de sua primeira narradora, Renata Silveira.
"Foram esses jogos que me levaram a ficar uma semana na Globo fazendo testes, me aperfeiçoando. É um plano que, por enquanto, eu guardei. Agora estou totalmente concentrada no projeto de implementação de esporte no SBT. No futuro, penso sim em investir nessa habilidade que comecei a desenvolver na Globo. Já falei com o Téo José, ele sabe (risos). Gostamos muito de conversar sobre isso, sobre futebol feminino também. Ele é um profissional e um ser humano incrível. Ele é mesmo essa pessoa atenciosa que mostra nas narrações. Foi uma das pessoas que viu meu material e gostou do perfil alegre, bem-humorado, de bem com a vida", diz a jornalista.
Fernanda ainda cita um terceiro motivo para ter aceitado a oferta do SBT: aproximar-se da família. Além de poder ser vista em rede nacional, conseguiu encurtar a distância para Minas Gerais e já planeja rever os pais de avião, quando a pandemia terminar.
"Eu me sinto privilegiada por ter pais que me permitem sonhar e correr atrás dos meus objetivos. Nas outras afiliadas, era complicado porque eu conseguia voltar para casa de seis em seis meses, o coração até doía. Com a pandemia, estamos nos preservando, mas fico muito satisfeita porque pela primeira vez vou trabalhar em uma cidade em que posso ir com mais facilidade para Minas. Já passei 15 horas na estrada até Curvelo. Tenho planos de vê-los mais vezes, isso também pesou muito na minha decisão", afirma.
"Estar em rede é o meu maior presente, porque sempre fiz coberturas locais e umas três vezes ao ano emplacava algo a nível nacional. Agora no SBT Brasil e nas transmissões ao vivo, há a possibilidade de a minha avó me assistir em Diamantina, de toda a minha família poder me ver. Não tem preço, é maravilhoso", comemora.
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