"E isso eu aprendi muito cedo. No teatro, eu não teria feito 90% das coisas se eu não fosse atrás dos textos. Acho que isso acaba influenciando muito. Eu espero que eu faça cada vez mais personagens populares, eu prefiro muito".
Publicado em 01/07/2024 às 06:00:00
No ar como a Blandina de No Rancho Fundo, Luisa Arraes deu uma pausa nas gravações na última semana para conversar com a imprensa, nos Estúdios Globo, com a presença do NaTelinha. Questionada sobre interpretar personagens cult no início de sua carreira e nos últimos anos ter pego papéis mais populares, a atriz se diz surpresa.
"Eu tô horrorizada que vocês me achavam mais cult. Eu nunca pensei nisso. Eu vou levar para a minha análise. [risos] Eu não me via assim, não! Porque eu sempre fazia muito teatro e... Idade? Não sei! Talvez eu não faça muito botox e, agora, me coloquem pra ser menos rica. Brincadeira!", divertiu-se.
"Sabe o que é que está acontecendo? O boom do Nordeste! Quando eu comecei a trabalhar não tinha. Aí, veio Justiça (2016), Segundo Sol (2023), Cine Holliúdy (2019). Há dez anos, eu faço personagem nordestinos, mas não porque eu sou de família pernambucana, sou pernambucana. É porque, agora, o Nordeste está em alta. Então, tem mais história e eu acho mais populares também”, acrescenta.
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Luisa nega que atores escolhem sempre os seu papéis e torce para fazer personagens populares cada vez mais. "Ricos nunca mais!", brinca a atriz. "Eu faria sempre personagens populares, mas a vida de atriz é um pouco você produz as coisas, um pouco você tem convites. Atriz não escolhe nada, só se você produz", explica.
"E isso eu aprendi muito cedo. No teatro, eu não teria feito 90% das coisas se eu não fosse atrás dos textos. Acho que isso acaba influenciando muito. Eu espero que eu faça cada vez mais personagens populares, eu prefiro muito".
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Na novela das seis da Globo, Blandina é uma interesseira que tenta aplicar o golpe do baú em Zé Beltino (Igor Fortunato). Enquanto nas ruas a torcida vai para a personagem se apaixonar de verdade pelo matuto, Luisa não só nega que a vilã esteja se dobrando aos encantos do rapaz como, ainda, torce para que ela não mude.
"Zero arrependida! Imagina, ela enganou vocês também. [risos]. Todo mundo quer que a Blandina fique boa, né? Ela vai se apaixonar? Ela vai ficar boa? Ela vai se arrepender? Por enquanto, não! Ela é uma aprendiz de Deodora [Debora Bloch]. Ela não tem perspectiva de se apaixonar pelo Zé Beltino, não", revela.
Caminhando para subir ao altar com o filho de Zefa Leonel (Andrea Beltrão), Blandina pode ter seus planos ameaçados com a chegada da amiga, Dracena (Nina Tomsic), que se descobre interessada no rapaz.
Luisa Arraes shippa esse casal, e diz que Blandina é até capaz de deixar a amiga ficar com Zé Beltino, mas só depois que ela conseguir o que deseja. "Eles são fofos!", admite.
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"A prioridade na vida da Blandina não é homem nenhum. É a mãe e a amiga. Ela quer dar uma vida boa pra mãe e pra amiga dela", avalia. A atriz aproveita e dá spoiler sobre uma conversa entre elas duas que ainda não foi ao ar.
"Uma hora, ela até fala para a amiga dela: 'Dracena, se você quiser ficar com o meu noivo, você fica, mas não agora, na hora certa'. A amizade dela é maior que tudo. Se ela quer ficar com o marido dela, ela vai falar: 'Calma! Porque o meu plano ainda não acabou'", relata.
Sobre a companheira de cena, Luisa confessa que adora a troca com Nina Tomsic que, para ela, é um fenômeno. "Acho o relacionamento mais legal que a Blandina tem. Porque com os homens ela engana, ela brinca, ela se diverte e tal, mas com ela eu acho que é o amor verdadeiro", opina.
"Com a Dracena ela pode ser quem ela é de verdade, e pode se preocupar com a mãe também. Então, quando tem a família da Blandina junto eu gosto muito, porque dá pra variar bem. Ela briga com elas, sofre, ela pode ser um pouco mais livremente esse furacão que ela é".
Luisa Arraes
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Filha do cineasta Guel Arraes e da atriz Virgínia Cavendish, Luisa Arraes confessa que sentiu o peso do DNA no início da carreira, mas faz questão de explicar que a cobrança partia dela, não dos seus pais. "Todo mundo sabe a dor e delícia de ser quem é", dispara.
"Quando eu comecei a trabalhar, eu sentia muita cobrança em mim. Eu não me divertia trabalhando. Eu achava que eu tinha que provar que eu poderia estar ali, mas isso mudou. Eu já trabalho há 15 anos, né?".
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"Filha de dois artistas muito obcecados, eu aprendi a ser obcecada também com o trabalho, mas, hoje, eu consigo me divertir, eu já não tenho mais essa pressão de mim mesma. O pior é quando vem da gente", desabafa.
Além de No Rancho Fundo, folhetim da rede Globo, Luisa Arraes está em cartaz com o longa "O Grande Sertão", primeiro trabalho oficial da atriz de 30 anos com o pai, que assina a direção.
Oficial porque na época em que O Auto da Compadecida (2000) foi lançado, ela tinha 4 anos e fez figuração por acaso. "Depois, eu soube que entrei de figuração, no fundo de uma cena. Pra me achar tem que dar uma pausa e um super zoom", brinca.
A produção terá uma sequência 24 anos depois do lançamento do primeiro filme. Com estreia marcada para dezembro deste ano, Luisa Arraes repete sua participação. "Como não pode mexer em time que está ganhando, nesse eu também faço figuração", diz, sorrindo.
Ainda, sobre a novela das seis, Luisa Arraes conta que a repercussão nas ruas tem sido incrível. A ponto de ela ser reconhecida e questionada por tratar mal o Zé Beltino.
Para a atriz, o sucesso da Blandina está na sua humanidade. "Ela não é psicopata, maquiavélica. É uma atormentada, cheia de falhas e, eu acho que isso é o que mais a aproxima do público. A Blandina é muito humana e como todo humano tem falhas. Eu amo essa personagem! Eu poderia fazê-la 100 anos", conclui.
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