“Era uma participação muito pequena, mas que tinha uma importância dentro da trama. Resolvi fazer, também para estar em contato com as pessoas e todos poderem ver que continuo trabalhando.”
Sura BerditchevskyPublicado em 03/01/2023 às 04:44:00
A curiosidade por variados ramos das artes cênicas fez com que Sura Berditchevsky não se limitasse à TV. Mesmo após despontar em Dancin’ Days (1978) e emendar outras novelas na Globo, ela seguiu com uma carreira como atriz, diretora e professora de teatro e também na literatura. Na semana passada, com uma participação especial em Travessia, a atriz de 69 anos retornou ao horário nobre, que a revelou há 45 anos.
“Mesmo tendo sido uma participação pequena, fiquei muito feliz com a repercussão”, diz Sura Berditchevsky em entrevista exclusiva ao NaTelinha. Em Travessia, a atriz apareceu como uma cigana que lê a mão de Brisa (Lucy Alves) e indica à protagonista que alguém de sua família está bem próximo à vida da personagem.
“Era uma participação muito pequena, mas que tinha uma importância dentro da trama. Resolvi fazer, também para estar em contato com as pessoas e todos poderem ver que continuo trabalhando.”
Sura Berditchevsky
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A artista tem feito trabalhos na Globo esporadicamente. Um dos mais recentes foi como preparadora do elenco jovem de Um Lugar ao Sol (2021), extensão de um ofício que ela desenvolve desde os anos 1970. Ela integrou o primeiro corpo de professores da escola O Tablado, a convite de Maria Clara Machado (1921-2001), sua “grande mestra”, apenas três anos após ter ingressado no curso como aluna.
“Por um período grande, meu trabalho como autora, diretora e professora de teatro foi ficando muito mais em evidência que meu trabalho como atriz”, avalia Sura. Além das aulas, ela escreveu livros infantis, ministrou palestras pelo Brasil e ofereceu suporte para a televisão e o cinema. Uma dessas experiências foi na novela Era uma Vez… (1998), em que também atuou como atriz.
Sura Berditchevsky torce para que a cigana volte à cena em Travessia. “Até agora, não me falaram nada, mas seria muito bem-vindo. Assim, dá para desenvolver mais aspectos [da personagem]”, comenta. A participação na novela fez com que ela repetisse a parceria com a autora Glória Perez depois de Barriga de Aluguel (1990).
“Tenho tido muita vontade de fazer novela, série, uma obra com mais continuidade. Estou sentindo falta. Apesar de todo mundo falar que é muito cansativo, e é, é também um exercício intenso, contínuo e muito legal no sentido de construção.”
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Ela conta que ficou surpresa com a repercussão de sua cena em Travessia. “Não tenho 300 mil seguidores (risos), ainda engatinho no Instagram, mas as pessoas me cobram muito para voltar a atuar. As gerações mais novas têm uma referência minha como diretora e professora de teatro, mas existe uma referência grande do meu trabalho como atriz na televisão. Tenho uma torcida grande para voltar a atuar na TV.”
Entre os anos 1970 e 1980, Sura fez novelas como Marron Glacê (1979), Plumas e Paetês (1980) e Selva de Pedra (1986). Deixar a atuação em frente às câmeras não foi exatamente uma opção, como ela explica. “Eu vivo do meu trabalho. Nunca fiz outra coisa da vida, vivo essencialmente das artes cênicas. A minha vida toda sempre foi assim.”
“Fui diversificando porque sou uma pessoa muito curiosa. Mesmo no auge do sucesso, com a novela das oito bombando, eu era muito nova e queria descobrir coisas. A ideia de permanecer só fazendo novela não respondia à minha inquietude e à minha curiosidade com as artes e com a vida”, explica a atriz.
A artista fala sobre seus projetos para 2023. “Estamos em uma retomada e em uma expectativa sobre esse novo ciclo, porque foi um achatamento, um atrofiamento cultural enorme no teatro, nas leis de incentivo. Foi uma tortura. Foi perverso o que o governo passado fez com os artistas. É uma mazela deixada, com consequências muito graves. Agora é que vamos começar a respirar para realizar esses trabalhos.”
O cenário, segundo Sura, foi agravado pela pandemia da Covid-19. Mesmo nesse período, ela conseguiu tocar projetos teatrais e ainda esteve no elenco de Gênesis (2021), na Record. Também gravou uma participação na série Fim, adaptação do livro homônimo de Fernanda Torres que será lançada neste ano pelo Globoplay, com direção de Andrucha Waddington e Daniela Thomas.
“Tenho uma admiração profunda pela Fernandinha, pelo talento, inteligência e a integridade, dela e de toda a família. Além de tudo, ela foi minha aluna quando tinha 13 anos. Então tem um afeto que ronda por aí, ela faz parte da minha vida, da minha história. Era uma série que eu tinha que fazer, não importa que personagem seja.”
Ela detalha sobre a série: “Foi uma participação pequena, mas não fico medindo pelo tamanho ou pelo número de falas. Nem poderia ser uma boa professora se eu fosse por esse caminho”. Ela também participou do Especial de Natal do Porta dos Fundos, já disponível no Paramount+, e estará no júri, pelo sexto ano, do Prêmio Prio do Humor, promovido por Fábio Porchat.
“Tudo que eu faço, faço apaixonadamente. Amo minha profissão e me envolvo muito. Sou sempre movida pelos meus desejos. Desde antes da pandemia, meu desejo passou a ser voltar a atuar mais intensamente. Essa é minha energia e meu foco agora: priorizar o meu trabalho como atriz.”
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