Publicado em 19/06/2024 às 04:44:00,
atualizado em 19/06/2024 às 23:20:47
Juan Queiroz faz sua estreia em novelas como o Pitoco de Renascer. O mineiro de 24 anos há tempos almejava um espaço na TV. Com uma carreira desde menino, ele enfrentava uma frustração comum nessa área: a recusa em testes. “Pensei em desistir da atuação”, conta, em entrevista exclusiva ao NaTelinha.
O ator começou no teatro aos 10 anos de idade. Depois, vieram filmes e uma série regional. Na Globo, fez teste para Malhação e para duas novelas, mas não passou. Cadastrado no banco de talentos da emissora, foi chamado para mais uma audição e, enfim, conquistou sua vaga em Renascer.
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“Acho que é parte da trajetória do ator pensar em parar de atuar, porque você se vê constantemente batendo numa porta que não abre. Há momentos em que você pensa que aquilo não é para você”, comenta Juan Queiroz.
A perseverança foi o antídoto contra as frustrações. “Antes mesmo de me identificar como pessoa no mundo, eu me identificava como alguém que fazia arte”, diz ele, que vibra com a repercussão de suas cenas – seja da briga com Du (José Duboc) ou a do contato afetuoso com Morena (Ana Cecília Costa), as sequências mais comentadas até aqui.
O ator torce para que Pitoco tenha um final feliz com Teca (Lívia Silva), assim como aconteceu na primeira versão da novela, exibida em 1993. Ele também diz o que pensa sobre reencarnação e vulnerabilidade social, temas evocados por seu personagem na trama das 21h, e revela mais projetos da carreira.
NaTelinha: Você já tem experiência no cinema e no teatro. Como tem sido essa estreia em novelas?
Juan Queiroz: Tenho conversado com amigos que são atores e ainda não tiveram a oportunidade de estar em uma novela. É muito interessante poder acompanhar a reação do público enquanto você constroi o personagem, porque os personagens estão em construção, sendo atravessado por outros personagens, por várias situações. Assim como nós. Mesmo após determinado momento da nossa vida, nossa personalidade continua sendo moldada.
Gosto muito de perceber a recepção do público e consigo brincar dentro desse arco dramático do Pitoco, dentro do que a obra me permite. Fazer com que seja outras versões dele mesmo. Vou traçando meus planos a partir disso e do que eu vejo no roteiro de possibilidade de amadurecimento do personagem, de mudança de visão e de posicionamento. Essa continuidade é o que mais me pega.
NaTelinha: Quais respostas do público sobre o Pitoco de Renascer tem chegado até você?
Juan Queiroz: Geralmente, de que ele é o mais legal do trio (risos). Fico feliz, porque é uma coisa que eu li na proposta do personagem e pensei sobre ele desde o início: de que ele tem um potencial empático muito forte.
As pessoas dizem que o Pitoco é fofo, que ele está se posicionando da maneira correta, que tem uma alegria de viver. São respostas muito positivas, em comentários nas redes sociais, em mensagens que eu recebo e também de pessoas que me encontram nas ruas.
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NaTelinha: Você já vinha fazendo testes na Globo há algum tempo. Como lidava com essa frustração da recusa? Pensou em desistir da TV em algum momento?
Juan Queiroz: Pensei em desistir da atuação em muitos momentos! (risos) Acho que é parte da trajetória do ator pensar em parar de atuar, porque você se vê constantemente batendo numa porta que não abre. Há momentos em que você pensa que aquilo não é para você. Nessas horas, falhamos um pouco na esperança, na fé, mas eu não consigo e não quero deixar de ser ator. Antes mesmo de me identificar como pessoa no mundo, eu me identificava como alguém que fazia arte.
Então, chegou um momento em que eu entendi que isso é parte do trabalho. O teste já é trabalho, sabe? Você vai lá e apresenta as suas qualidades, as suas ferramentas, o que você faz, e cabe à equipe perceber se quer ou não trabalhar com você a partir do que você propõe. Não quer dizer que você é bom ou ruim. Quer dizer que aquele personagem não é pra você, e está tudo bem. O perfil não diz respeito só à aparência física, mas também à forma como você dá o texto, como você interpreta uma linha de texto.
NaTelinha: Pitoco fala da realidade de muitos jovens pelo Brasil. Você buscou alguma referência na vida real na construção do personagem?
Juan Queiroz: Não só em uma pessoa. Gosto muito de ouvir, de conversar com as pessoas no dia a dia, é uma característica minha. Gosto de pensar que essa construção do personagem não se inicia no momento que eu pego o roteiro. Experiências que eu tive ao longo da minha vida vão me servir nessa hora. E eu passei por muitos semelhantes ao Pituco, nessas situações de vulnerabilidade. É por isso mesmo que eu quis trabalhar as camadas desse personagem. Ele não é só alguém violento, agressivo, responsivo; ele está inserido em situações, como todas as pessoas.
Minhas inspirações vieram no campo do real, com essas conversas, e também em obras ficcionais. Assisti ao filme Pixote, a Lei do Mais Fraco (1980) e pensei muito nessas relações de força. Assisti também ao Pitoco do Oberdan [Júnior, que interpretou o personagem na primeira versão da novela] e ao documentário Estamira (2006), que serve para entendimento de muitas camadas da nossa sociedade. A construção do Pitoco passou por muitos lugares, sempre muito alimentado pelo que o Bruno [Luperi, autor do remake] escreveu e pelo que está na obra do Benedito [Ruy Barbosa, criador da novela original].
NaTelinha: Pitoco e Teca tiveram um final feliz na primeira versão. Acredita que também será esse o destino dos personagens no remake?
Juan Queiroz: Espero que sim. Na verdade, não sei. A Teca está na dela, e o Pitoco está ali… Mas eu queria muito um final feliz para esse garoto, ver ele sendo amado e correspondido. Ele é muito apaixonado não só pela Teca, mas pela vida. Tem um brilho no olhar, uma pureza. Seria muito bom ver esse afeto correspondido, então tenho fé, tenho esperança (risos).
NaTelinha: As cenas têm indicado que Pitoco pode ser a reencarnação do filho de Morena. Você acredita em reencarnação? Como lida com esse tema?
Juan Queiroz: Acredito, sim. Acredito no todo, que Deus é representado através de todas essas manifestações. Também acredito que a vida não acaba aqui, que há alguma coisa além e que nós voltamos para sermos provados, testados novamente, para que nossas experiências retornem e para que os outros também aprendam conosco.
Acho muito bonito essa conversa, porque, na relação entre Pitoco e Morena, estamos falando de amor. E um amor que justamente não se encerrou com a morte física. Manteve-se ali, até que se viu materializado em um novo corpo, em uma nova aparência, em uma situação diferente. Acho tudo isso lindo!
NaTelinha: Com o fim de Renascer, você pretende seguir com trabalhos na TV? É um objetivo seu como ator?
Juan Queiroz: Quero muito. Eu me apaixonei por esse trabalho. Gostei muito da feitura, do dia a dia, da constância no set de filmagens, das relações que se constroem, das parcerias em cena, dos acordos com os colegas atores. Tem sido uma trajetória muito bonita, e espero continuar.
NaTelinha: Ainda em 2024, você estará com dois filmes nos cinemas. Qual sua expectativa em relação a eles?
Juan Queiroz: Estou com a expectativa muito alta! Já tive a oportunidade de assistir Passagrana. E que filme incrível! Não é porque eu estou nele. Tem um ritmo, uma pegada, uma jogada muito inteligente, com plots muito bons. O Ravel [Andrade] mandou muito bem na direção. É como se o filme dissesse: “Se diverte e relaxa, porque vai ser uma aventura”.
Meu Amigo Pinguim [My Penguin Friend, sobre a entre um pinguim e um pescador brasileiro, filme dirigido por David Schurmann], eu não consegui assistir ainda. É uma história muito bonita. O David é um diretor muito carinhoso tanto com a equipe quanto com o elenco, além de ser muito experiente. Tenho muita fé na projeção que história pode tomar. Estou num hype muito grande para esses dois filmes.
Assista à abertura de Renascer:
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