Relato forte

Patrícia Poeta expõe experiência traumática durante parto do filho: "Não tinha sobrado nada de mim"

Apresentadora do Encontro revelou pela primeira vez que foi vítima de violência obstétrica

Patrícia Poeta fez relato forte sobre parto do único filho - Foto: Reprodução/Globo
Por João Paulo Dell Santo

Publicado em 04/06/2024 às 20:50:00

Aos 47 anos e à frente do Encontro desde 2022, Patrícia Poeta abriu o coração e revelou um trauma que a marcou profundamente. A apresentadora da Globo contou que foi vítima de violência obstétrica em 2002, nos Estados Unidos, quando deu à luz a seu único filho, Felipe Poeta, hoje com 21 anos.

"Você não percebe a violência até ter entendimento. Muitas vezes, só acha que foi um 'parto ruim'. Mas, com o passar do tempo e as informações, como o relato de outras mulheres, percebi realmente o que aconteceu", declarou Patrícia Poeta em entrevista ao Universa.

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Com 41 semanas de gravidez, a jornalista revelou que passou por uma série de acontecimentos tensos ao realizar um exame de rotina no hospital. "Lembro de falar para a minha família, que tinha ido me visitar, que tomaria café na volta, já que tinham virado rotineiros aqueles exames. Não levei nada, mala de bebê ou qualquer coisa para o nascimento do Pipo [Felipe Poeta]", lembrou.

"Dali em diante várias experiências seriam vividas. Uma delas, a mais marcante e mais linda da minha vida: foi o nascimento do Felipe, meu bem mais precioso e amado. A outra seria a experiência de ter dois partos para um único filho, como eu digo", completou Poeta. 

"Coisa que não tinha chance de acontecer. Nessas horas, de cinco em cinco minutos, a dor, com o parto induzido e sem anestesia, era extrema. E, apesar de passar por tudo aquilo e pedir por medicação, nada me foi dado", confidenciou a famosa, que na época era casada com Amauri Soares, hoje chefão da Globo.

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Ainda em seu relato surpreendente, Patrícia Poeta criticou a conduta de todo o parto. "Pois o médico e as enfermeiras mantiveram a decisão de seguir assim até chegar ao ponto da saúde e a vida do Felipe estarem em risco. Um absurdo", desabafou. 

No dia seguinte, a apresentadora do Encontro foi levada para o centro cirúrgico para iniciar um novo parto. "Dessa vez, cesariana. Nessa hora, a sensação que tinha era de que não existia mais. Não tinha sobrado nada de mim. Sensação de não ter mais forças. Era como se tivesse passado por uma tortura. Meu coração estava mais acelerado do que nunca. Tinha medo, muito medo de tudo que já vivido nas últimas horas e do que poderia acontecer", recordou. 

"Tenho um trauma tão grande que até hoje não consigo ver filmes, documentários de parto. Criei uma espécie de bloqueio", admitiu Poeta. "Confesso que não gostaria de fazer parte dessa estatística, mas é algo real. Não dá para ignorar. É cruel você ter a percepção de que nossas decisões, muitas vezes, não são respeitadas nem na hora do parto", lamentou. 

"E penso: 'E se algo tivesse dado errado?'. Me questiono por que não fiz diferente, por que não me fiz mais forte para ser ouvida, e aí caí em outro erro: o de se culpar por algo que não é de sua sua responsabilidade", afirmou. "É importante para que os hospitais e maternidades preparem profissionais, partos e ambientes mais empáticos tanto para gestante quanto para a família", concluiu Patrícia. 



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