Publicado em 12/10/2020 às 07:29:00
Várias personagens marcaram a carreira da atriz Cláudia Abreu, que completa 50 anos nesta segunda-feira (12). Alguns papéis, como as vilãs Laura de Celebridade (2003) e Chayene de Cheias de Charme (2012), ou ainda a revolucionária Heloísa da minissérie Anos Rebeldes (1992), não apenas conquistaram a audiência como deixaram sua marca na história da televisão brasileira.
O início da trajetória da artista em novelas foi permeado por jovens heroínas românticas. Na maturidade, a atriz conheceu o sucesso na pele de megeras memoráveis, por vezes ancoradas na comédia. Neste mês, Cláudia Abreu estreia em um projeto diferenciado: a série sobrenatural Desalma, que chega em 22 de outubro no Globoplay. Confira, a seguir, 10 personagens marcantes nos 50 anos de Cláudia Abreu:
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A estreia em novelas foi em Hipertensão, de Ivani Ribeiro, na pele da simplória Luzia. A personagem morre misteriosamente nos primeiros capítulos da história. Só no desfecho descobre-se a identidade do assassino: Donana (Geórgia Gomide), mulher poderosa na fictícia Rio Belo que não aceitou o envolvimento do filho com a moça.
À época, Cláudia Abreu gravou flashbacks da novela ao mesmo tempo em que já atuava em O Outro (1987), às 21h, como Zezinha, filha de um dos protagonistas vividos por Francisco Cuoco. No ano seguinte, ela já estaria em outra produção: Fera Radical (1988), como Ana Paula, jovem apaixonada pelo tio Fernando (José Mayer).
A atriz empregou uma dose de romance a Que Rei Sou Eu?, sátira política criada por Cassiano Gabus Mendes para as 19h. Herdeira do trono de Avilan, a Princesa Juliette não se conformava com a injustiça social no reino. A história aludia à Revolução Francesa ao mesmo tempo em que tinha a cara do Brasil, com temas como corrupção e pobreza.
Juliette, que sonhava com grande amor, se apaixona por Pichot (Tato Gabus), farsante que se faz passar por seu meio-irmão. Algumas de suas melhores cenas foram ao lado de Dercy Gonçalves. Em participação especial, a veterana interpretando a avó da princesa, a quem deu "conselhos" como perder logo a virgindade.
O bom desempenho como Juliette alçou a atriz ao posto de protagonista. Ao lado de Cássia Kis, estrelou Barriga de Aluguel, de Glória Perez, às 18h. O drama de Clara, que aceita gestar o filho de um casal, mas se nega a entregá-lo após o nascimento, comoveu e dividiu opiniões pelo Brasil.
Para acirrar o conflito, a jovem ainda se envolve com Zeca (Victor Fasano), o pai biológico da criança. No último capítulo, ao fim de uma história marcada por brigas intermináveis e batalhas judiciais, Ana (papel de Cássia Kis) e Clara decidem entrar em um acordo independentemente da decisão da Justiça.
Após o sucesso de Barriga de Aluguel, o retorno à telinha foi em grande estilo. Na minissérie Anos Rebeldes, de Gilberto Braga, Cláudia Abreu viveu Heloísa, uma patricinha que se envolve na luta armada durante a ditadura militar. Por conta da personagem, foi eleita a melhor atriz de TV em 1992 pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte).
Heloísa foi um retrato da juventude da década de 1960, que reinvindicou e superou padrões de comportamento e sexo. O conflito principal era com o pai, Fábio (José Wilker), empresário conservador e simpático aos militares. Por conta de seu engajamento político, a jovem foi perseguida, torturada e acabou morta pelos órgãos de repressão durante uma tentativa de fuga. A cena, exibida no último capítulo de Anos Rebeldes, marcou a história da TV.
A produção foi exibida em outro momento histórico para o Brasil: o movimento dos Caras Pintadas, que iam às ruas para pedir o impeachment do então presidente Fernando Collor. A música Alegria, Alegria, de Caetano Veloso, tema de abertura da série, era entoada em muitos dos protestos.
Vieram outras heroínas, como a Alice de Pátria Minha (1994), além de trabalhos que enveredavam para o humor, como em A Comédia da Vida Privada (1995-1996), além de A Vida como Ela É... (1996), inspirada na obra de Nelson Rodrigues. Outro papel denso e de destaque foi a Luiza, protagonista da minissérie Guerra de Canudos, dirigida por Sérgio Rezende e lançada como longa-metragem no mesmo ano.
Ambientada no fim do século XIX, a trama narrava o movimento religioso liderado por Antônio Conselheiro (1830-1897), vivido por José Wilker. Luiza se recusa a acompanhar a família na peregrinação e se torna prostituta. A série registrou o conflito envolvendo o exército brasileiro e os seguidores religiosos, que matou mais de 25 mil pessoas.
A escrava branca Olívia, de Força de um Desejo, marcou o retorno da atriz às novelas e a parceria com Gilberto Braga, co-autor junto a Alcides Nogueira. A personagem usava de uma série de artifícios e golpes para esconder sua origem e se dar bem em cima dos poderosos da Vila de Santana.
A história também era ambientada no fim do século XIX, em meio ao movimento abolicionista no Brasil. Olívia se apaixona pelo médico Mariano (Marcelo Serrado), mas precisa resistir às investidas do vilão Higino Ventura (Paulo Betti), que se apaixona por ela e passa a persegui-la.
A vilã Laura Prudente da Costa fez de tudo para destruir Maria Clara Diniz (Malu Mader) e se tornou um dos maiores sucessos na carreira de Cláudia Abreu na TV. O enredo de Gilberto Braga (em uma nova dobradinha com Cacau) era inspirado no clássico do cinema A Malvada (1950). Além de vários prêmios que rendeu à atriz, a "cachorra", como era chamada pelo amante Marcos (Márcio Garcia), dominou a atenção do público entre 2003 e 2004.
Vários foram os momentos marcantes da personagem, mas o mais lembrado, até hoje, é a surra que a arrivista levou de Maria Clara no banheiro de uma festa. O capítulo, exibido em 26 de abril de 2004, rendeu o recorde de audiência à novela até então: média de 58 pontos na Grande São Paulo, segundo o Ibope.
O retorno ao horário nobre, um ano após o fim de Celebridade, pouco lembrava sua personagem anterior. Vitória era uma mulher batalhadora e honesta que foi morar na Grécia com o marido Pedro (Henri Castelli). Sua origem humilde causava a ira da avó do rapaz, a prepotente Bia Falcão (Fernanda Montenegro). Ao final da história, em referência às tragédias gregas, descobria-se que as arquirrivais eram mãe e filha.
Em 2007, Gilberto Braga quis unir Laura e Vitória em uma única novela. O autor pensou em Cláudia Abreu para o papel das gêmeas Paula e Taís, mocinha e vilã de Paraíso Tropical, mas a atriz não pôde aceitar o convite porque engravidou quando as gravações estavam prestes a começar.
Cacau flertou com a comédia como a vaidosa Dora de Três Irmãs (2008), uma “perua do bem”, como definia o autor Antônio Calmon. A atriz tinha acabado de dar à luz à segunda filha quando aceitou o convite para o papel. Por estar amamentando, pediu ao escritor que não a colocasse fazendo maldades e ele prontamente aceitou.
A novela não conseguiu fisgar o público, mas trouxe Cláudia Abreu em uma personagem leve, diferentemente de seus trabalhos na TV até então. Na trama, Dora tem uma relação de companheirismo com as irmãs Alma (Giovanna Antonelli) e Suzana (Carolina Dieckmann) e se apaixona pelo surfista Bento (Marcos Palmeira).
A verve mais histriônica para o humor foi mostrada na pele da excêntrica cantora Chayene, vilã maquiavélica que infernizava a vida das Empreguetes em Cheias de Charme, de Filipe Miguez e Izabel de Oliveira. Além da pegada cômica e caricatural, inédita em sua carreira, a artista de tecnobrega fez sua intérprete soltar a voz.
Nos anos seguintes, Cláudia Abreu retomou a parceria com a dupla de autores em Geração Brasil (2014), na pele da americana Pamela Parker-Marra. Em A Lei do Amor (2016), trama marcada pelo insucesso, como a própria atriz já reconheceu, ela voltou ao papel de heroína romântica como Helô, posto que a consagrou no início da carreira.
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