Publicado em 30/03/2020 às 15:33:50
Nesta segunda-feira (30), Malga Di Paula, viúva de Chico Anysio, divulgou uma carta aberta ao filho do humorista, Bruno Mazzeo. Nela, a empresária revela que tomou essa atitude após ele ter a bloqueado no WhatsApp, além de não atender as suas ligações e nem e-mails enviados.
Aumentando ainda mais a polêmica familiar, Malga está acusando Bruno e outros filhos de Chico Anysio de não prestarem contas dos objetos e parte do patrimônio intelectual do comediante, morto em 2012. Segundo ela, isso está dificultando que Lug de Paula, conhecido como o Seu Boneco da Escolinha, que ficou de fora do testamento, fizesse parte dessa partilha.
“Eu passei a defender que o material entregue a vocês deverá ser apresentado para a redistribuição, contemplando assim o seu irmão mais velho. Esta é uma questão moral”, disse ela.
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Em outro momento do texto, Malga afirma que as dívidas do apartamento em que viveu com o ex-marido até a sua morte, localizado na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio de Janeiro, foram feitas quando Mazzeo assumiu a posição de inventariante. “Não havia dívida alguma enquanto esteve sob minha gestão”, ressaltou ela.
Ela ainda acrescentou que foi retirada da função de administrar a partilha dos bens, em um momento em que estava com uma grave depressão.
“Sobre o comportamento desidioso que vocês e seus representantes insistem em repetir, não me abala, estou habituada a comentários preconceituosos, já que é muito comum a descriminação aos portadores de transtorno depressivo maior (depressão), doença que seu pai também era portador”, escreveu.
A viúva ainda se defendeu do que Bruno argumentou sobre os interesses dela serem somente financeiros, e afirma que doaria tudo a uma instituição: "Você fala em sua nota que minhas intenções são puramente pecuniárias (financeiras), mas afinal, qual é mesmo a intenção de cada um de vocês? Se elas não são pecuniárias (financeiras), será nobre de sua parte abrir logo mão de tudo em prol de uma instituição de caridade".
O Professor Raimundo da nova versão da Escolinha emitiu o seu lado da história na última semana, onde, em entrevista ao colunista Ancelmo Gois, do jornal O Globo, disse que toda a questão é moral.
''Caro Bruno, finalmente encontrei uma forma de nos comunicarmos (pela imprensa), uma vez que você me bloqueou em seu WhatsApp, não responde meus e-mails e não me atende ao telefone. Para esclarecimento -- Por que eu deixei de ser inventariante e não recorri? Primeiro: eu não recorri pois não tinha interesse algum em continuar na função, principalmente por estar há um longo tempo com minha saúde debilitada devido a intermitentes crises de depressão, conforme laudo anexado ao processo. Segundo: Enquanto inventariante, as funções podem não ter acontecido regularmente por conta do meu estado de saúde e pela falta de orientação adequada. Todavia, eu não tenho problema algum em falar sobre isso, já que a humildade, segundo meus princípios, é um dos valores que mais prezo, da mesma forma que Chico Anysio, meu falecido marido, também prezava. Sobre o comportamento desidioso (preguiçoso) que vocês e seus representantes insistem em repetir, não me abala, estou habituada a comentários preconceituosos, já que é muito comum a discriminação aos portadores de transtorno depressivo maior (depressão), doença que seu pai também era portador.
Quanto à anulação do testamento, após o pedido de Luiz Guilherme, eu, orientada pela minha Advogada à época, fui a primeira pessoa a concordar com ele, entendendo que a lei não permitia a exclusão de um herdeiro legítimo. Somente depois de minha manifestação, você e seus irmãos compareceram ao processo para concordar com o pedido de Luiz Guilherme. Em novembro de 2017, contratei novos advogados e recebi a orientação de que o testamento não poderia ser anulado antes que você e seus irmãos prestassem conta de objetos e parte do patrimônio intelectual que eu, respeitando os desejos de seu pai, lhes entreguei em 2015. É intrigante que até hoje vocês nunca tenham se manifestado a respeito deste patrimônio, que se encontra sob sua guarda, o que me leva a crer que os desejos de seu pai são respeitados somente a seu favor, mas quando dizem respeito a mim, sua vontade é desprezada. Então, Bruno, eu não passei a defender a tese de que o testamento que alija um filho não deserdado é válido, como você diz. Eu passei a defender que o material entregue a vocês deverá ser apresentado para a redistribuição, contemplando, assim, o seu irmão mais velho. Esta é uma questão moral.
Caro Bruno, eu não preciso parecer ética, conforme você fala em sua nota, eu sou ética e foi por isso que seu pai me escolheu para ser sua companheira em um dos momentos mais difíceis de sua vida. Ele sentiu que, acometido por uma doença terrível, poderia contar com a minha dedicação e todo o meu amor por 14 anos, até a sua morte. Você fala em sua nota que minhas intenções são puramente pecuniárias (financeiras), mas afinal, qual é mesmo a intenção de cada um de vocês? Se elas não são pecuniárias (financeiras), será nobre de sua parte abrir logo mão de tudo em prol de uma instituição de caridade. Sobre o apartamento, de minha propriedade, adquirido com uma doação de seu pai feita em vida, me recuso a acreditar que todos vocês, 'que ganharam seu próprio apartamento', estejam desrespeitando o desejo de seu pai, tentando retirar de mim a casa que eu compartilhei com ele e foi nosso lar nos últimos anos de sua vida.
Notas
1 – Importante lembrar que todas as ex-mulheres de seu pai, suas mães também ganharam seus próprios imóveis;
2 – Seria honroso de sua parte esclarecer que as dívidas de Condomínio e IPTU do apartamento da Península foram acumuladas durante a sua gestão como inventariante já que, não havia dívida alguma enquanto esteve sob minha gestão.
3 – Louvável também seria se vocês advertissem a Senhora 'decadente colunista' do Rio de Janeiro por ter feito uma publicação afirmando que eu teria me apropriado de valores referentes a direitos autorais de seu pai. Esta também é uma questão moral, Bruno. Importante fazermos o seguinte raciocínio: Caso considerássemos que apenas 50% do apartamento fosse meu, teriam vocês a coragem de contrariar a vontade de seu pai e tomar para si os outros 50% apenas porque o testamento foi anulado? Novamente uma questão moral.
Para concluir, quero deixar claro que, ao dirigir-se a mim pelo meu nome de batismo (Malgarete), com a única intenção de me subestimar não funcionou. Tenho orgulho de meu nome. Também não me subestimam os sarcásticos comentários frequentemente dirigidos a mim nas petições apresentadas pelos seus advogados durante estes 8 anos. De toda forma, caro Bruno, peço licença para lembrar a você que apesar do meu desabafo, durante todos estes anos sempre fui ponte entre seu pai e vocês. Por inúmeras vezes fomentei a concórdia entre todos. A nossa porta estava sempre aberta a todos vocês, para chegar e saírem quando quisessem. O quanto seu pai pôde, o quanto de forças teve, procurou dar tudo a todos (a cada núcleo). Meu sonho seria imaginar que em homenagem à memória dele e a tudo que vivemos, ele ainda possa assistir, de onde estiver, que nós nos compomos, nos respeitamos e cumprimos a vontade dele.
Malga Di Paula
Malgarete Dall Agnol de Oliveira Paula''.
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