Não é brincadeira

Por que bullying comentado por Paula no "BBB19" é caso sério

"Eu gosto de fazer bullying, sabe? Mas não é de maldade", diz a sister
Por Naian Lucas

Publicado em 05/02/2019 às 06:45:57

Participante da 19ª edição do “Big Brother Brasil”, Paula tem, meio que involuntariamente, levantado um debate que tomou conta do Brasil nos últimos anos: a prática do bullying.

Isso porque a sister tem feito uma série de comentários que chamam a atenção do público e que levantou muitos debates na internet. “Eu gosto de fazer bullying, sabe? Mas não é de maldade”, afirmou em um momento descontraído do reality.

Em outra parte do programa, Paula chegou a dizer: “É só brincadeira, eu gosto de brincar”. Mas será que a prática de bullying pode ser considerada uma brincadeira? Não é o que dizem especialistas e quem já viveu na pele o drama de sofrer com as perseguições de colegas.

“Quanto mais cedo a criança é exposta, piores são os impactos. É da infância que tiramos o aprendizado. Concepções do mundo surgem aí, quando se aprende como é o mundo, como são as pessoas”, comentou a psiquiatra Júlia Torres, diretora médica de uma clínica de Psicodiagnóstica.

Nos EUA, três universidades se juntaram para realizar uma pesquisa sobre o bullying no ano de 2011. Mais de 600 crianças foram acompanhadas por cinco anos e os resultados indicaram os problemas causados pela prática.

“A resposta ao estresse nas relações sociais desempenha um importante papel no desenvolvimento de problemas mentais, como depressão. As crianças saem-se melhor quando podem controlar suas reações, como sentimentos, pensamentos e ações, e se endereçam ativamente aos problemas”, explicou Wendy Troop-Gordon, chefe da pesquisa e professora da Universidade da Dakota do Norte.

Diferente do que pensa Paula, estudos indicam que bullying é grave e pode matar. Foi o que aconteceu com Karina, adolescente de 15 anos que morava em Campo Grande. Um mês depois de ter suas fotos íntimas divulgadas, ela não suportou o bullying sofrido e cometeu suicídio se enforcando no quintal de casa.

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Mesmo fim teve Dielly Santos. Moradora de Icoaraci, um distrito de Belém, no Pará, cometeu suicídio após não suportar o bullying cometido por parte de colegas de escola.

Em outros países, o bullying causa tragédias ainda maiores. Como foi o caso de um escola em Santa Fé, no Texas. Vítima da prática, um adolescente de 17 anos invadiu o colégio e provocou um tiroteio deixando dez mortos.

Em 2016, a ONU liberou os resultados de uma pesquisa que indicou que metade das 100 mil crianças e adolescentes de 18 países afirmaram já ter sofrido algum tipo de bullying e intimidação.

O Senado Federal aprovou em 2016 uma Lei que exige que o Estado e as Escolas tomem providências contra a prática, podendo, inclusive ser considerado culpado caso não solucione a questão. Para isso, a lei criou o Programa de Combate à Intimidação Sistemática.

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